A proposta fala por si e dispensaria mais comentários. Na verdade, o que ela desvenda é toda uma concepção de vida, de sociedade e de país em que o dinheiro - sempre ele - é a grande força motora.E, tudo vistio, a mim só me apetece acrescentar que, tendo passado décadas a ouvir a direita proclamar o seu apego ao mérito individual, agora apanho com esta e tenho de concluir que afinal essa velha milonga era pura demagogia.
31 julho 2019
29 julho 2019
Pedimos desculpa por qualquer coisinha
Uma má notícia para
todos os que acham que
«eles são todos iguais»,
que «os deputados» são
todos uns calões e que os
«políticos» são todos
uns falsos
todos os que acham que
«eles são todos iguais»,
que «os deputados» são
todos uns calões e que os
«políticos» são todos
uns falsos
306
projectos de lei apresentados
67
apreciações parlamentares
458
projectos de resolução
3479
perguntas e requerimentos
1400
audições públicas
1350
visitas e reuniões em todo o país
Este é o balanço
quantitativo do trabalho
de 15-deputados-15 do PCP
na última legislatura
quantitativo do trabalho
de 15-deputados-15 do PCP
na última legislatura
28 julho 2019
27 julho 2019
Porque hoje é sábado ( )
Nubya Garcia
A sugestão musical deste sábado vai para
a saxofonista britânica Nubya Garcia
26 julho 2019
Já percebi que há eleições
ou seja, de certeza que não fará sozinho
o que não quis fazer acompanhado
Quem sabe, sabe
O exemplar ponto final
na zuluogia de J. M. Tavares
na zuluogia de J. M. Tavares
E, de repente, a imaginária literatura dos zulus
— coisa tão inexistente como as narrativas
míticas na cultura erudita da Europa
iluminista — reaparece como um zombie,
subtraído por João Miguel Tavares ao eterno
descanso a que tinha direito, para servir de
prova de que há culturas superiores e inferiores. “Não
é por acaso que não foi um zulu a escrever Romeu e
Julieta”, disse ele, na sua primeira invocação do povo
zulu, à qual se seguiu uma réplica: “De facto, a
literatura zulu é inferior à literatura britânica”.
Esta invocação da literatura zulu tem um autor e
uma história antiga que João Miguel Tavares omitiu,
reduzindo um longo e sério debate a um apêndice
anedótico com traços de caricatura grosseira. A
história é esta: em 1988, numa entrevista ao New York
Times, o escritor americano Saul Bellow disse ou terá
dito (há algumas incertezas quanto à fidelidade da
citação): “Who is the Tolstoy of the Zulus? The Proust of
the Papuans? I’d be glad to read them”. A frase gerou
uma enorme controvérsia, foi discutida ao mais alto
nível do pensamento sobre o multiculturalismo e
tornou-se, para o seu autor, uma vexata quaestio a que
ele quis pôr termo, em Março de 1994, num artigo
publicado no New York Times. Aí, evocava a sua
formação universitária em Antropologia, para depois
tentar esclarecer o “mal-entendido que ocorreu
durante a entrevista”. Segundo ele, as suas palavras,
“sem dúvida pedantes”, na citação publicada, foram
proferidas num contexto em que estava a fazer uma
distinção entre sociedades pré-literárias (isto é, não
baseadas numa cultura escrita) e sociedades literárias.
E acrescentava: “As sociedades pré-literárias têm, sem
dúvida, o seu próprio tipo de sabedoria, e os papuas
têm provavelmente uma melhor compreensão dos
seus mitos do que muitos americanos têm da sua
própria cultura”.
A refutação mais importante da afirmação de Saul
Bellow foi feita em 1994, pelo filósofo canadiano
Charles Taylor, num livro sobre o multiculturalismo.
Taylor mostrou como essa frase advém da lógica do
“não reconhecimento” que inflige uma ofensa e causa
uma forma de opressão. Segundo Taylor , o exemplo
— coisa tão inexistente como as narrativas
míticas na cultura erudita da Europa
iluminista — reaparece como um zombie,
subtraído por João Miguel Tavares ao eterno
descanso a que tinha direito, para servir de
prova de que há culturas superiores e inferiores. “Não
é por acaso que não foi um zulu a escrever Romeu e
Julieta”, disse ele, na sua primeira invocação do povo
zulu, à qual se seguiu uma réplica: “De facto, a
literatura zulu é inferior à literatura britânica”.
Esta invocação da literatura zulu tem um autor e
uma história antiga que João Miguel Tavares omitiu,
reduzindo um longo e sério debate a um apêndice
anedótico com traços de caricatura grosseira. A
história é esta: em 1988, numa entrevista ao New York
Times, o escritor americano Saul Bellow disse ou terá
dito (há algumas incertezas quanto à fidelidade da
citação): “Who is the Tolstoy of the Zulus? The Proust of
the Papuans? I’d be glad to read them”. A frase gerou
uma enorme controvérsia, foi discutida ao mais alto
nível do pensamento sobre o multiculturalismo e
tornou-se, para o seu autor, uma vexata quaestio a que
ele quis pôr termo, em Março de 1994, num artigo
publicado no New York Times. Aí, evocava a sua
formação universitária em Antropologia, para depois
tentar esclarecer o “mal-entendido que ocorreu
durante a entrevista”. Segundo ele, as suas palavras,
“sem dúvida pedantes”, na citação publicada, foram
proferidas num contexto em que estava a fazer uma
distinção entre sociedades pré-literárias (isto é, não
baseadas numa cultura escrita) e sociedades literárias.
E acrescentava: “As sociedades pré-literárias têm, sem
dúvida, o seu próprio tipo de sabedoria, e os papuas
têm provavelmente uma melhor compreensão dos
seus mitos do que muitos americanos têm da sua
própria cultura”.
A refutação mais importante da afirmação de Saul
Bellow foi feita em 1994, pelo filósofo canadiano
Charles Taylor, num livro sobre o multiculturalismo.
Taylor mostrou como essa frase advém da lógica do
“não reconhecimento” que inflige uma ofensa e causa
uma forma de opressão. Segundo Taylor , o exemplo
do “Tostoi dos zulus” é arrogante e inadequado
porque avalia o mérito de uma outra cultura pelos
nossos padrões de excelência e, por conseguinte, é
incapaz daquilo a que Taylor chama “processo
dialógico” e “respeito genuíno”. O pressuposto da
famosa afirmação de Saul Bellow é o de que os zulus
não mostraram ainda nenhuma contribuição cultural
digna de ser reconhecida (não se vislumbra que deles
tenha saído até ao momento um Tolstoi) e que só
sairão desta situação de menoridade quando
produzirem monumentos culturais comparáveis ao
nosso cânone. Então — fica dito com solenidade — nós
cá estaremos para os reconhecer e ler com satisfação o
Tolstoi deles (na versão de Saul Bellow, mas corrigida
pelo próprio) ou o Shakespeare deles (na versão
incorrigida de João Miguel Tavares). Trata-se, como
sublinhou Charles Taylor, de uma manifestação de
“arrogância racial” e de imposição de um sistema de
avaliação que pretende que todas as culturas são
comensuráveis, como se todas falassem a mesma
linguagem. João Miguel Tavares segue exactamente
este raciocínio, mas para parecer indulgente com os
zulus e afastar a ideia de que substituiu o pensamento
pelo preconceito acrescenta que também a literatura
portuguesa é inferior à inglesa. Esta operação é
falaciosa porque a literatura portuguesa e a literatura
inglesa podem ser incluídas no mesmo Atlas literário,
podem até ser objecto de uma “literatura comparada”,
mas a “literatura zulu” não é comparável, até porque
não existe enquanto “literatura” (muito embora
possam existir escritores zulus).
Omitindo a longa história do “Tolstoi dos zulus”,
reeditando a anedota fazendo de conta que se pode
ignorar o sério debate a que ela deu lugar em várias
frentes, João Miguel Tavares não se limitou a
apropriar-se ilegitimamente (e sem cumprir os
protocolos da citação) de uma frase, ressuscitando o
registo anedótico a que ela se prestou e do qual o
próprio autor, Saul Bellow, a quis resgatar alguns anos
depois. Muito pior do que isso: a sua omissão tem
como pressuposto a ignorância dos leitores e a
ambição de que tudo seja discutido numa esfera de
ignorância.
porque avalia o mérito de uma outra cultura pelos
nossos padrões de excelência e, por conseguinte, é
incapaz daquilo a que Taylor chama “processo
dialógico” e “respeito genuíno”. O pressuposto da
famosa afirmação de Saul Bellow é o de que os zulus
não mostraram ainda nenhuma contribuição cultural
digna de ser reconhecida (não se vislumbra que deles
tenha saído até ao momento um Tolstoi) e que só
sairão desta situação de menoridade quando
produzirem monumentos culturais comparáveis ao
nosso cânone. Então — fica dito com solenidade — nós
cá estaremos para os reconhecer e ler com satisfação o
Tolstoi deles (na versão de Saul Bellow, mas corrigida
pelo próprio) ou o Shakespeare deles (na versão
incorrigida de João Miguel Tavares). Trata-se, como
sublinhou Charles Taylor, de uma manifestação de
“arrogância racial” e de imposição de um sistema de
avaliação que pretende que todas as culturas são
comensuráveis, como se todas falassem a mesma
linguagem. João Miguel Tavares segue exactamente
este raciocínio, mas para parecer indulgente com os
zulus e afastar a ideia de que substituiu o pensamento
pelo preconceito acrescenta que também a literatura
portuguesa é inferior à inglesa. Esta operação é
falaciosa porque a literatura portuguesa e a literatura
inglesa podem ser incluídas no mesmo Atlas literário,
podem até ser objecto de uma “literatura comparada”,
mas a “literatura zulu” não é comparável, até porque
não existe enquanto “literatura” (muito embora
possam existir escritores zulus).
Omitindo a longa história do “Tolstoi dos zulus”,
reeditando a anedota fazendo de conta que se pode
ignorar o sério debate a que ela deu lugar em várias
frentes, João Miguel Tavares não se limitou a
apropriar-se ilegitimamente (e sem cumprir os
protocolos da citação) de uma frase, ressuscitando o
registo anedótico a que ela se prestou e do qual o
próprio autor, Saul Bellow, a quis resgatar alguns anos
depois. Muito pior do que isso: a sua omissão tem
como pressuposto a ignorância dos leitores e a
ambição de que tudo seja discutido numa esfera de
ignorância.
Lembrar isto em toda a parte
Sobre a deliberação da ERC -
PCP tinha e tem razão:
TVI mentiu e caluniou
25 Julho 2019
«A Deliberação da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC)
hoje conhecida sobre a operação que visou a honorabilidade do
Secretário-geral do PCP, confirma o óbvio – a campanha persecutória que a
TVI desenvolveu ao longo de dois meses baseou-se, como o PCP sempre
denunciou, em mentiras, calúnia e difamação.
O que a ERC agora confirma é o que desde o início esteve patente. Nos
termos usados pela ERC: verificou-se o «incumprimento cabal» por parte
da TVI «dos deveres de precisão, clareza, completude, neutralidade e
distanciamento no tratamento desta matéria, o que originou a construção
de uma reportagem marcadamente sensacionalista, sendo factores que
fragilizam o rigor informativo por contribuírem para uma apreensão
desajustada dos acontecimentos por parte dos telespectadores».
São os próprios serviços da ERC que registaram ser «notório o
enviesamento e a falta de isenção da TVI», o «desequilíbrio» e a
«descontextualização», bem como a «emissão de conclusões sem
identificação de fontes de informação».» (...)
Regista-se também que a ERC tenha dado conhecimento dos factos à
Comissão da Carteira Profissional de Jornalista ainda que, como sempre
se sublinhou, o que releva desta operação da TVI não são os actos
ditados por óbvios desvios comportamentais reveladores em si da
desqualificação profissional de quem deu rosto às peças, mas sim a opção
editorial de quem, no comando da TVI, permitiu que a operação de
difamação tenha beneficiado de mais de três horas de emissão e a “honra”
de abertura de quatro edições do “Jornal das 8". (...)
25 julho 2019
Uma longa e triste história
A tradição de
campos de... nos EUA
campos de... nos EUA
« (...)C’est maintenant le tour des migrants ; et malgré les protestations
féroces de ceux qui commettent ou justifient le crime d’arracher des
bébés et des enfants des bras de leurs parents et de les emprisonner
dans des cases gelées, ce que les responsables de l’administration Trump
ont décrit avec euphémisme comme des « camps de vacances », il ne fait
aucun doute que des camps de concentration sont encore une fois
opérationnels sur le sol étasunien. La tentative de l’administration
Trump de dépeindre l’emprisonnement des enfants comme quelque chose de
beaucoup plus heureux rappelle immédiatement les films de propagande de
la Seconde Guerre mondiale montrant les prisonniers d’origine japonaise
heureux de vivre... derrière des barbelés.
L’acteur George Takei,
qui a été interné avec sa famille pendant la guerre, était tout sauf
content. « Je sais ce que sont les camps de concentration », a-t-il
tweeté au milieu de la controverse actuelle. « J’étais interné dans deux
d’entre eux. Aux États-Unis. Et oui, nous opérons à nouveau de tels
camps ». Takei a noté une grande différence entre hier et aujourd’hui :
« Au moins pendant l’internement des Étasuniens d’origine japonaise,
nous et les autres enfants n’avons pas été privés de nos parents »,
a-t-il écrit, ajoutant que « ‘tout au moins pendant l’internement’, sont
des mots que je pensais ne jamais plus avoir à prononcer ».
Brett Wilkins
23 julho 2019
A questão dos opióides nos EUA
Quando a indústria
farmacêutica mata
The Post’s analysis found:
farmacêutica mata
The Post’s analysis found:
• America’s largest drug companies distributed 76 billion oxycodone and hydrocodone pain pills
across the country between 2006 and 2012 as the nation’s deadliest drug
epidemic spun out of control. Just six companies distributed 75 percent
of the pills during this period.
• The volume of the pills handled by the companies climbed as the epidemic surged, increasing
51 percent from 8.4 billion in 2006 to 12.6 billion in 2012. The states
that received the highest concentrations of pills per person per year
were: West Virginia, Kentucky and South Carolina.
• Opioid death rates soared in the communities that were flooded with pain pills.
The national death rate from opioids was 4.6 deaths per 100,000
residents. But the counties that had the most pills distributed per
person experienced more than three times that rate on average.
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