13 julho 2016

Sanções

Para Rui Tavares,
não se tem passado nada !

Criticando a quantidade de vezes que na imprensa portuguesa já se escreveu que foram confirmadas as sanções a Portugal,Rui Tavares pergunta hoje no Público : «Quais sanções ?Aquelas que foram decididas na semana passada? Quais ? As da semana antes dessa. As do mês passado. E as do mês antes desse».

Logo de seguida, tão rápido como o Lucky Luke, ensina-nos (será ironia mal enjorcada ?) que «é muito fácil» saber o que decidiu o Ecofin. «Até podemos citar na íntegra: a decisão propriamente dita tem apenas dois artigos: Artigo 1º: Portugal não tomou medidas eficazes em resposta à recomendação do Conselho de 2013; Artigo 2º: Desta decisão informa-se a República Portuguesa ».
E, mais à frente dá o arriscadíssimo passo de dizer que na decisão do Ecofin «não há nenhuma referência a sanções».

Ora acontece que, talvez por azelhice minha, não consigo encontrar o que Rui Tavares cita mas, em feliz contrapartida, publico sim o comunicado (ou o seu resumo) que está na página oficial do Ecofin e que reza assim (comparem com o que diz Tavares):



Por fim, e para além de tantas outras coisas, parece deduzir-de desta crónica de Rui Tavares que foi exageradíssima a reacção de desagrado do governo português e de vários quadrantes políticos face à decisão do Ecofin que bem podia ter posto um pedra em cima do assunto mas preferiu, depois de uma centena de violações do défice das «regras», atirar-se a Portugal e à Espanha.

E, cheios de boa vontade, cumpre-nos por fim dar o generoso passo de concluir que foi  só por falta de espaço que Rui Tavares não se referiu às múltiplas declarações e atitudes de personalidades do «aparelho» europeu que mostram claramente que o que os faz correr é o propósito de ajustar contas com a solução política encontrada no pós 4 de Outubro e a política de rectificações desde então empreendida.

12 julho 2016

Não à política de vingança

As vozes da razão e do
bom senso que Bruxelas
não quer ouvir


Le choix de l'austérité envers et contre tous

"C'EST UN PROBLÈME LORSQUE L'UE FAIT DU DÉFICIT LA VALEUR SUPRÊME"
"Je suis effaré que dans un moment aussi particulier, avec le Brexit et la montée des mouvement europhobes, la seule réponse de l'Union européenne, au lieu de mettre en oeuvre plus de solidarité soit plus d'austérité",dénonce auprès de Marianne Yannick Jadot, député européenn EELV. Et de dénoncer ce "dogmatisme des 3%, alors même que depuis cinq ans, nous voyons bien que ces politiques d'austérité ne marchent pas. C'est un problème lorsque l'UE fait de la maîtrise des déficits la valeur suprême, élevée au-dessus de la démocratie et de la solidarité". 

Une annonce qui tombe bien mal. Après le Brexit,  - l'ancien président de la Commission européenne ayant choisi de s'offrir une retraite dorée chez les banquiers de Goldman Sachs - et les récentes révélations sur les pratiques d'évasions fiscales dans l'Union européenne, "le sentiment de rejet à l'égard de l'idée même d'Europe ne risque pas de s'estomper", regrette encore Jadot. Une variable qui, lorsqu'on ne scrute que des tableaux comptables, ne saute pas aux yeux. Sauf lorsque les peuples européens sont appelés à s'exprimer dans les urnes. Mais à ce moment-là, il est déjà trop tard.»

Na hora da verdade...

... os apoios a Portugal
 deram em «consenso»
contra Portugal


«(...) Mas, os ministros não foram sensíveis à argumentação de Mário Centeno. A decisão foi adotada por um consenso político entre os ministros, sem ter sido colocada a votação.
O Ecofin confirma que Portugal e Espanha "não vão reduzir os défices abaixo de 3% do PIB (...) dentro do prazo recomendado". Com esta decisão do Ecofin, desencadeia-se o processo de sanções, no âmbito do procedimento dos défices excessivos.
A Comissão tem agora 20 dias para recomendar uma nova decisão ao Conselho, nomeadamente a aplicação de uma multa aos dois países que pode atingir os 0,2 por cento do PIB. No caso de Portugal pode ultrapassar os 350 milhões de euros.
Mas, a partir de hoje, os dois governos têm dez dias para contestar a decisão e apresentarem argumentos, de modo a reduzir os valores da multa, que pode mesmo ser a chamada multa zero.Quando Bruxelas apresentar nova decisão e formalizar as sanções, os fundos estruturais relativos ao próximo ano são automaticamente congelados. O governo espera, porém, que seja possível travar o congelamento de fundos, antes da medida ter aplicação prática.(...)

Em 2003 foi assim :


11 julho 2016

Critérios

Simpáticos os islandeses...

... e tão discretos nuestros
hermanos de El País



Em França

O barulho ensurdecedor
das violas a ser metidas nos sacos



Antes era assim:
Trois rencontres, aucune victoire, et pourtant qualifiés. Les Portugais font figure de miraculés après ce premier tour où la Seleçao n'a réussi à s'imposer dans aucun de ses trois matchs, qui semblaient pourtant largement à sa portée (Islande, Autriche et Hongrie). Les Portugais se sont même fait peur pendant de longues minutes avant que Ronaldo ne sauve son pays à deux reprises pour égaliser à 3-3.
L'Islande aurait pu connaître le même destin, mais la sélection nordique a remporté son seul match du premier tour dans les arrêts de jeu de sa dernière rencontre face à l'Autriche, sur un contre, alors que les Autrichiens étaient tous montés pour espérer arracher une victoire et la qualification dans les dernières secondes. La Hongrie termine donc première, l'Islande deuxième et le Portugal troisième.

Miraculés, les Portugais peuvent donc remercier l'UEFA et la nouvelle formule de l'Euro. Grâce au passage à 24 équipes, ce ne sont plus uniquement les premiers et deuxièmes de chaque groupe qui sont qualifiés pour la phase à élimination directe. En plus des douze équipes directement qualifiées parce qu'elles ont terminé aux deux premières places, les quatre meilleurs troisièmes filent eux aussi en huitièmes de finale. Et il se trouve que, dans cette configuration, une équipe qui termine son premier tour avec trois petits points, mais une différence de but respectable (comme le Portugal avec une différence de buts nulle) se retrouve mieux placée que d'autres qui ont remporté un match mais qui ont concédé plus de buts qu'elles n'en ont inscrits (comme la Turquie et l'Albanie).
Aqui em slate.fr



09 julho 2016

Ainda o fritar em lume brando das sanções

Juncker quer que Portugal
volte ao «caminho certo» que
deu origem ao défice de 2015



Não é a primeira vez que responsáveis da UE (muitas vezes acolitados por Passos, Maria Luís e Durão Barroso dão o incrível passo de dizer que a aplicação de sanções pelo défice de 2015 depende do seu juízo sobre as orientações presentes e futuras do actual governo. É caso para dizer que, para esta gentinha, vale tudo até tirar olhos.

Porque hoje é sábado ( )

Soledad Pastorutti


A sugestão musical deste sábado vai para
a cantora argentina
Soledad Pastorutti.


08 julho 2016

O novo tacho de Durão Burroso

Goldman Sachs ou
não se deixem intoxicar

É certo que a Wikipédia diz isto...Seus negócios são principalmente prestados a clientes institucionais. Como banco de investimento, Goldman Sachs atua como consultor de governos, grandes empresas e algumas das famílias mais ricas do mundo. Também oferece consultoria sobre fusões e aquisições de empresas, serviços de subscrição financeira e outros produtos financeiros. É também um revendedor primário de títulos do Tesouro dos Estados Unidos - isto é, compra os títulos da dívida pública diretamente do governo americano, para negociá-los posteriormente no mercado financeiro).





Entre seus antigos empregados estão três Secretários do Tesouro dos Estados Unidos, incluindo Henry Paulson, que serviu durante o mandato de Bill Clinton e de George W. BushFischer Black, autor da fórmula de Black-Scholes, cujo trabalho recebeu o Nobel de economiaRomano Prodi, duas vezes Primeiro-ministro da Itália ePresidente da Comissão Europeia, e o atual presidente do Banco Central EuropeuMario Draghi.[4] [5] Em 2010contava com 35.700 colaboradores em mais de 20 países.

Goldman Sachs na crise financeira de 2008[editar | editar código-fonte]

Goldman Sachs tem sido objeto de muita controvérsia e acusações de fraudes ou práticas inadequadas, especialmente desde o início da crise financeira global dosanos 2000 e 2010.[6] Em 2008, no início da crise, esteve na iminência de ir à bancarrota. Em 21 de setembro do mesmo ano, o grupo recebeu autorização do FEDpara deixar de ser somente um banco de investimento e converter-se em banco comercial.[7] No dia seguinte, o Goldman Sachs e outro grande banco de investimento, Morgan Stanley, confirmaram que havia chegado ao fim a era dos grandes bancos de investimento de Wall Street.[8]
Em 2008, o Goldman Sachs recebeu US$ 10 bilhões do TARP, programa de compra de ativos e ações de instituições financeiras em dificuldades, instituído pelogoverno Bush em 3 de outubro de 2008. No dia 12 de outubro, o Goldman declarou que arrecadaria cinco bilhões mediante a venda de novas ações ordinárias aos investidores. O banco também declarou um lucro líquido trimestral de US$ 1,81 bilhão. [9]
Em 16 de abril de 2010 a Securities and Exchange Commission (SEC, a comissão de valores mobiliários dos Estados Unidos) acusou o Goldman Sachs de fraudepelas hipotecas subprime. Segundo a SEC, estariam no centro da fraude Fabrice Tourre,[10] vice-presidente do Goldman, e John Paulson,[11] gestor principal dofundo de cobertura (hedge fund) Paulson&Co.[12] [13]

Goldman Sachs e a crise da dívida pública da Grécia[editar | editar código-fonte]

Goldman Sachs foi considerado como um dos principais atores na ocultação do déficit da dívida pública grega.[14] [15] [16] [17]
Goldman Sachs esteve envolvido na origem da crise financeira da Grécia, pois ajudou a esconder o déficit das contas do governo conservador de Kostas KaramanlisMario Draghi, presidente do Banco Central Europeu, era vice-presidente do Goldman Sachs para Europa, com funções executivas, durante o período em que se realizou a ocultação do déficit.[18] [19] Em junho de 2011, Draghi foi questionado pela Comissão econômica do Parlamento Europeu a respeito de suas atividades no Goldman Sachs e do ocultamento da situação da Grécia.[20]
Goldman Sachs é chamado "a hidra", "A Firma" ou "Governo Sachs"[6] por sua habilidade em infiltrar-se nas mais altas instâncias dos estados. Políticos chave dos Estados Unidos e da Europa trabalharam anteriormente para o banco. É o caso, não apenas do presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, mas também de Mario MontiPeter Sutherland (ex-diretor geral da Organização Mundial do Comércio), Petros Christodoulou (gerente geral da Agência de Administração da Dívida Pública grega, em 2010, e, em junho de 2012, eleito vice-presidente do Banco Nacional da Grécia[21] [22] [23] ), o português Antonio Borges, ex-vice-presidente da Goldman Sachs Internacional (unidade que dirigiu os swaps gregos entre 2000 e 2008), que assumiu a direção do FMI para a Europa, em outubro de 2010; Karel van Miert e Otmar Issing, entre outros. "Colocar Draghi à frente do BCE é como deixar a raposa cuidando do galinheiro", explicou o economista Simon Johnson, professor da MIT Sloan School of Management.[24]
Nos Estados Unidos, o ex-diretor do Goldman Sachs, Robert Rubin, dirigiu o Conselho Econômico Nacional criado por Bill Clinton (1993-1995), antes de se tornar seu Secretário do Tesouro (1995-1999). Sob a presidência de George W. Bush, dois outros ex-proprietários do banco Goldman tiveram papel político importante em diferentes áreas do governo e dentro dos dois principais partidos. Henry Paulson foi, de 2006 a 2009, Secretário do Tesouro (e principal arquiteto do bailout do sistema bancário americano), enquanto Jon Corzine foi eleito senador (democrata) por Nova Jersey em 2000 e governador daquele estado, entre 2006 e 2010.Stephen Friedman, antigo CEO do banco, estava usando três chapéus no momento da crise financeira: era administrador do Goldman Sachs, chefe do President's Intelligence Advisory Board, órgão consultivo do presidente para assuntos de inteligência, e presidente do Federal Reserve de Nova York, órgão que fiscaliza o Goldman Sachs.[6]

... mas, acreditem trata-se de uma campanha de pura intoxicação pois na verdade a Goldman Sachs é apenas uma organização caritativa de âmbito mundial destinada a combater a fome no Terceiro Mundo e que presta vultuosos apoios a crianças e mulheres em pobreza extrema.

07 julho 2016

Uma enésima confirmação

Os media não têm memória


editorial do Público de hoje

13 anos depois, talvez esta seja uma prosa interessante. Só é pena que o Público não nos ofereça alguns dos editoriais que publicou na época da invasão do Iraque pelos EUA.

E, em 20 de Março de 2003, este vosso criado
 escrevia no Avante !:




  • Vítor Dias
    Membro da Comissão Política



Três evidências

Embora tudo isso possa ser muito pouco importante se, no momento em que estas linhas conhecerem a luz do dia, já milhares de toneladas de bombas semearem a morte e a destruição no Iraque, compreenda-se que insistamos em algumas evidências - porventura acessórias mas com significado - que se desvendaram nos últimos meses em torno da preparação desta agressão.
A primeira evidência é, desde logo, a de que se, por acaso ou bambúrrio, a Administração norte-americana, em vez de apontar baterias políticas e militares contra o Iraque, tivesse definido um qualquer outro alvo prioritário ou tivesse dado outra definição do «eixo do mal», todos os prosélitos em Portugal e no mundo da cruzada contra o Iraque não teriam escrito nem dito uma palavra nos últimos meses sobre os «perigos» que o Iraque representava, como não disseram nos anos que precederam imediatamente o 11 de Setembro de 2001.
De facto, ninguém acredita que se a Administração Bush tivesse escolhido outro «mau» para a fita, no que toca a Portugal, de Vasco Graça Moura a Luís Delgado, de Vasco Rato a José Manuel Fernandes [então director do Público], do pessoal quase todo do «Independente» a Henrique Monteiro, andassem todos a falar dos vastíssimos arsenais de armas químicas e biológicas de que o Iraque supostamente dispõe (mas que centenas de inspectores em centenas de visitas não descobrem) ou das supostas ligações do Iraque ao terrorismo internacional (que nenhuns generosos milhões de dólares ainda ajudaram a «provar»).
E, assim sendo, tem-se necessariamente de concluir que, aqui e lá fora, a maior parte dos defensores, em termos de opinião publicada, da bondade, legitimidade e carácter imperioso da agressão norte-americana ao Iraque o fazem não por um juízo soberano e livre sobre o estado do mundo e os seus perigos mas porque há que seguir a agenda, as opções, os interesses e as ordens do inquilino da Casa Branca e do sistema que protagoniza.
A segunda evidência, obviamente tributária da primeira, é o peculiar entendimento que os defensores da guerra, ao longo dos últimos meses, demonstraram ter seja do direito internacional (quase tratado como velharia sem préstimo) seja das organizações internacionais e designadamente da natureza e papel da ONU.
Para já não falar daqueles que repetidas vezes falsificaram o verdadeiro texto da Resolução 1441, basta dizer que, sem corarem de vergonha, não foram poucos os que, sempre como os EUA sustentavam, se esfalfaram a proclamar que aquela Resolução contemplava a «automaticidade do recurso à força» (com dispensa de qualquer nova apreciação ou Resolução do Conselho de Segurança).
E isto apesar de ser evidente que o texto não autorizava tal concepção e de se saber, pelos próprios documentos oficiais da ONU, que essa concepção foi «rejeitada pela maior parte das delegações» no debate que o Conselho de Segurança realizou em 16 e 17 de Outubro de 2002, a pedido da África da Sul que, em nome do Movimento dos Não-Alinhados, tinha manifestado o temor de que uma nova Resolução impusesse «deliberadamente ao Iraque modalidades de cooperação impossíveis de aceitar ou de satisfazer» e tivesse em vista «caucionar, de facto, o recurso à força».
E foi também por deliberada submissão a estas doentias concepções que foi possível ver, semana após semana, tantos comentadores alinhados pela guerra a sentenciarem, sem se desmancharem, que a referência da Resolução 1441 às «graves consequências» a que o Iraque se exporia em caso de incumprimento daquela Resolução significava, sem margem para dúvidas, a atribuição aos EUA de um mandato para desencadearem a guerra contra o Iraque.
A terceira evidência é que os EUA nunca agiram de boa-fé nas Nações Unidas e sempre a olharam como o útil e conveniente tabelião para dizer amen à sua estratégia e às suas opções e que os EUA se arrogam o direito de se armarem em exclusivos juizes e intérpretes autênticos das Resoluções da ONU e do seu cumprimento, e que os EUA estavam tão empenhados nas inspecções pelo lado das fabulosas possibilidades de recolha de informações e de espionagem quanto dispostos a desprezar de forma acintosa todos os testemunhos, relatórios e opiniões dos inspectores que não coincidissem com os seus pontos de vista.