14 maio 2016

13 maio 2016

Para memória futura



Respeitando todas as opiniões diferentes e saudando abertamente a lei hoje aprovada sobre a Procriação Medicamente Assistida, mesmo que me venham dizer capciosamente que estou a usar argumentos «à D. Manuel Clemente», não posso deixar de expressar a minha frontal e indignada oposição à aprovação também hoje da «gestação de substituição».

Considero um mero voto pio que se escreva na lei que esta gestação não poderá ser remunerada porque se sabe que não há nenhuma forma de controlar isso e que não haverá uma maioria de mulheres que, apenas por solidariedade, criarão durante nove meses na sua barriga uma futura criança cujos pais biológicos são outros.

Estranho que tantos tenham fechado os olhos aos dolorosos conflitos e traumas que se conhecem da experiência internacional que, durante a gestação e no final,, tantas vezes se desencadeiam entre gestantes e pais biológicos.

Estranho que tantos (até feministas) não vejam nisto uma porta aberta para casos de indecente mercantilização e coisificação do corpo da mulher.


E, embora respeite e compreenda o anseio de maternidade e paternidade e os sofrimenrtos que a infertilidade causa, tenho pena que casais não consigam sentir a grandeza humana da adopção de tantas crianças que a esperam.

Até posso estar errado mas que ninguém duvide da sinceridade deste grito de alma que vai contra a corrente da opinião publicada.

Um grande e comprometido artista americano

Recordando 
William Gropper
(1897 – 1977)

 aqui



mural


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12 maio 2016

Mudam muito mas há coisas em que não mudam...





Eu podia «matar» este assunto relembrando apenas a expressão de sectarismo e de nenhuma abertura que, durante alguns anos, representou para o Bloco de Esquerda a sua autodefinição do «correr por fora». E também podia limitar-me a propôr a visita a este vídeo, referente à Convenção do BE de 2012, e sobretudo à declaração que nele Fernando Rosas faz.

Mas como este assunto tem um historial mais antigo e complexo, a quem interessar, aqui deixo dois extractos de duas crónicas minhas, respectivamente de 1999 e 2005: 

8.10.1999

Legítima defesa
Artigo de Vitor Dias no «Semanário» 

Entendeu Fernando Rosas que não podia usar a sua última coluna de opinião no "Público" antes da votação de domingo sem reincidir em mais uma das deturpações sobre a orientação, acção e objectivos do PCP que, em assinalável medida, têm sido a grande terraplanagem operada pelo Bloco de Esquerda para melhor exibir a sua alegada diferença e valia.

Com efeito, só porque o "Expresso" titulou uma entrevista de Carlos Carvalhas com a afirmação de que "para mudar o PS é preciso termos força", logo Fernando Rosas se apressou a dar o precipitado passo de gigante que foi daí concluir que a tanto se resume o projecto e os objectivos do PCP, apesar de qualquer pessoa séria e interessada ter muitas maneiras de comprovar que o PCP está enfatizando outras, e bem mais cruciais, razões de voto na CDU.

E, como não se pode acreditar que um intelectual com as responsabilidades de Fernando Rosas já só leia títulos e estruture comentários e juízos políticos sobre outras forças com base em títulos de entrevistas, cresce então uma terrível suspeita. A de que ele sabe perfeitamente, mas resolveu escondê-lo dos leitores, que a citada afirmação de Carlos Carvalhas foi feita no contexto de uma pergunta que inquiria das razões porque o PCP não tinha desafiado o PS para "uma aliança de governo". E também sabe perfeitamente que, na entrevista de Carvalhas ao "Expresso", há passagens que, embora com as limitações de desenvolvimento inerentes ao tipo de entrevista, distanciam claramente o PCP de concepções de meros "arranjos de cúpula" ou de "alianças entre partidos", antes evocam o papel dos movimentos sociais, sublinhando mesmo a ideia de que "é possível, certamente com tempo, que o avanço do movimento social permita uma recomposição política, com efeitos no interior dos partidos".

Mas há mais: F. Rosas conhece perfeitamente a densa reflexão do PCP, consagrada no seu último Congresso (1996) e já exposta com suficiente clareza num colóquio em F. Rosas também participou em Coimbra, sobre a complexa questão da construção de uma alternativa de esquerda ao rotativismo e alternância entre PS e PSD. Só que não resiste ao lamentável truque de, por um lado, absorver importantes componentes dessa reflexão e depois fazer de conta que o PCP não a tem e que, em lugar dela, tem orientações resumíveis ao objectivo de ser "flor de esquerda na lapela" da governação socialista ou uma "espécie de corrector apendicular das leis e das políticas do Governo" PS.

Aliás, a orientação do Bloco de Esquerda em certos aspectos é bastante confusa (ou talvez não) : desvalorizam manifestamente o perigo e as consequências de uma maioria absoluta do PS, não falam muito contra o PS, tem apoiantes que, como é publico, tem boa parte do seu coração no PS, parecem sobretudo preocupados em disputar influência a quem foi - combativamente, no duro, sem favores dos "media", e tanto no terreno social como parlamentar - a oposição de esquerda ao Governo do PS, e depois, numas linhas impressas, dão-se ares de radicalismo decretando, para a eternidade, um nulo lugar do PS em futuras soluções de esquerda. (...)»

Artigo de Vítor Dias em
4.2.2005 no «Semanário»


«(...) A segunda observação tem que ver com um enésimo testemunho de que alguns responsáveis do Bloco de Esquerda parecem ter caído em pequeninos no caldeirão da arrogância e da sensibilidade tipo flor de estufa. Com efeito, beneficiando de um privilégio que naquelas páginas não é concedido a qualquer comunista, Fernando Rosas, em artigo no “Público” (2/2) onde coloca o BE no centro do mundo, veio lamentar “esta opção do PCP acerca de quem são os adversários nesta disputa eleitoral, privilegiando os ataques ao PS e agora ao BE”. Por detrás desta falácia não está apenas que, sem especial admiração, Fernando Rodas reduza o discurso real dos dirigentes do PCP aos títulos ou temas que, em regra, a imprensa escolhe e, segundo os quais, parece que só o PCP sempre “ataca” alguém. Está também e sobretudo a ideia de que o BE é uma entidade política vocacionada para um estatuto singular de impunidade e intocabilidade que lhe permite tudo sobre os outros e que aos outros nada permite sobre o BE. É assim que o BE pode espalhar, num folheto de propaganda, que foi ele que inscreveu na agenda política a despenalização do aborto e que foi com ele que começou a reforma fiscal, a resposta à violência doméstica contra as mulheres, a consideração dos toxicodependentes como doentes em vez de serem presos e também que se fez frente às direitas no poder, mas já o PCP não pode lembrar que, em todas essas causas ou batalhas, o PCP teve ou um papel pioneiro ou fundamental que só por intrínseca desonestidade política se pode querer apagar ou menosprezar. (...)»

Divulgo com todo o gosto

Anticomunismo bafiento
e um caso de delirium tremens



Além de tudo o mais que se poderia dizer, este gajo, ao escolher este título, só mostra ser é um ignorante de todo o tamanho.

Com efeito, mesmo no seu auge, a Reforma Agrária só atingiu um 1/3 da superficie agrícola da chamada Z.I.R.A. (Zona de Intervenção da Reforma Agrária), restando portanto 2/3 de outras formas de expoloração agrícola. A Reforma Agrária nunca pôs em causa a pluralidade de formas de exploração agrícola mas a sua destruição é que amputou essa pluralidade.