Respeitando todas as opiniões diferentes e saudando abertamente a lei hoje aprovada sobre a Procriação Medicamente Assistida, mesmo que me venham dizer capciosamente que estou a usar argumentos «à D. Manuel Clemente», não posso deixar de expressar a minha frontal e indignada oposição à aprovação também hoje da «gestação de substituição».
Considero um mero voto pio que se escreva na lei que esta gestação não poderá ser remunerada porque se sabe que não há nenhuma forma de controlar isso e que não haverá uma maioria de mulheres que, apenas por solidariedade, criarão durante nove meses na sua barriga uma futura criança cujos pais biológicos são outros.
Estranho que tantos tenham fechado os olhos aos dolorosos conflitos e traumas que se conhecem da experiência internacional que, durante a gestação e no final,, tantas vezes se desencadeiam entre gestantes e pais biológicos.
Estranho que tantos (até feministas) não vejam nisto uma porta aberta para casos de indecente mercantilização e coisificação do corpo da mulher.
E, embora respeite e compreenda o anseio de maternidade e paternidade e os sofrimenrtos que a infertilidade causa, tenho pena que casais não consigam sentir a grandeza humana da adopção de tantas crianças que a esperam.
Até posso estar errado mas que ninguém duvide da sinceridade deste grito de alma que vai contra a corrente da opinião publicada.