15 dezembro 2015

José Vítor Malheiros ou...

... as palavras e o seu contexto

Em artigo hoje no Público que examina o significado de José Pacheco Pereira se ter apressado a explicar que só aceitou o convite para Serralves por o seu cargo não ser remunerado, o prezado José Vítor Malheiros, escreve mias à frente o seguinte :«Tem aliás sido sintomático ver o PCP repetir à exaustão, à propósito do acordo com o PS ou da constituição do Conselho de Estado, que não está na política para conquistar cargos. Como se a conquista de determinados cargos políticos não estivesse no cerne do combate político, como se ela não fosse uma parte absolutamente legítima desse combate e não fosse essencial para a prossecução de determinadas políticas. A posição do PCP é respeitável e compreende-se que, ao fazê-lo, se dirige principalmente àqueles dos seus apoiantes menos afortunados que consideram que todos os políticos ganham fortunas. Mas o que acontece é que o PCP reforça assim, involuntariamente, a visão reaccionária popular segundo a qual a política é não a nobre dedicação ao bem comum que temos o direito de exigir que seja mas apenas uma carreira oportunista que pode ser mais rentável que todas as outras. E esta visão da política como algo desprezável e indigno alimenta a abstenção e mina a democracia.»

Se eu tivesse de fazer um comentário brevíssimo a estas linhas, eu escreveria apenas que «tanto barulho por nada!». Mas como J.V.Malheiros e os  leitores merecem mais, então explico que tal afirmação do PCP não pode ser separada do contexto político presente (no qual não poucos estranhavam a falta de ministros comunistas no governo como se isso fosse separável da natureza e limites dos acordos políticos alcançados).

Creio que, com um pouco mais de ponderação, teria sido possível ao estimado JVM compreender que com isso o que o PCP quis e quer dizer é que, para si, a natureza e orientação das políticas está sempre primeiro que a mera conquista de cargos.

E creio ser bom de ver que este é o real e autêntico sentido de tal declaração dos dirigentes do PCP, tanto mais quanto é sabido que o PCP, no quadro da CDU, tem numerosos militantes ou simpatizantes seus que exercem, há quase 40 anos, os cargos de Presidentes de Câmara ou vereadores municipais.

Quando dá jeito...

Suponho que nunca as opiniões 
de Krugman contra a austeridade
em Portugal tiveram semelhante
destaque na 1ª página do Público


A reportagem do Público não inclui nenhum argumento de Krugman em abono desta sua afirmação. Assim sendo, só espero que Krugman não esteja esquecido de que o muito baixo salário mínimo, o congelamento do seu valor durante 4 anos e o  impressionante crescimento nos últimos anos do número de trabalhadores que o auferem são também uma muita dolorosa componente da austeridade em Portugal.

14 dezembro 2015

Fim de dia com

Sharon Jones & The Dap Kings






e ainda  aqui e
aqui

Ainda as regionais francesas

A ter em conta

«Ni les appels au « Front républicain » - mythe qui sonne comme une maxime et qui fait intérioriser chez l’électeur la contrainte du choix -, ni la tentation d’une abstention qui tend à se banaliser n’auront donc eu raison des 1,3 million de Français qui ont voté blanc et nul lors du second tour des Régionales (4,9% des votants ; 736 000 votes blancs et 552 458 votes nuls).  (...)»

Un phénomène électoral autant structurel que conjoncturel

>> L’influence du Front Républicain en question

«Ce qui interpelle à la lecture des résultats est la prépondérance du vote blanc et nul dans les deux régions théâtres d’un duel Front national/Les Républicains. Il culmine respectivement à7,8% en PACA (5,41% de votes blancs, 2,42% de votes nuls) et à 7,3% en Nord-Pas-de-Calais Picardie (4,53% de votes blancs, 2,83% de votes nuls) : du jamais vu pour ces territoires depuis la naissance de ce type de scrutin en 1986 (en comparaison avec les zones régionales). Ceci explique la hausse générale du vote blanc et nul entre les deux tours : +43% ! (...)»

13 dezembro 2015

2ª volta das regionais francesas

Frente Nacional travada graças
a maior participação e à nova
(*)
«disciplina republicana»
mas o problema continua lá



Escrevo «nova disciplina republicana» porque a antiga e tradicional (muito ditada pelos sistemas eleitorais) consistia em desistências e apoios recíprocos nas 2ªas voltas entre o PS e o PCF para bater a direita. A que agora travou a FN é significativamente diferente (triste sinal dos tempos) pois envolveu em diversas regiões, a desistência do PS e dos partidos à sua esquerda a favor da direita liderada por Sarkozy (que não retribuiu).