01 outubro 2015
As muitas vias da quebra de rendimentos reais
Perguntem aos contribuintes do
IMI se este é mais um grande êxito que ficamos a dever ao governo PàF
IMI se este é mais um grande êxito que ficamos a dever ao governo PàF
na capa do JN
30 setembro 2015
Não há mesmo pachorra !
Quando uma crónica de 1997
responde a parvoíces actuais
responde a parvoíces actuais
Pululam como cogumelos nos media dezenas e dezenas de apreciações sobranceiras ou chocarreiras sobre a campanha eleitoral em curso, as mais das vezes ancoradas nos frames e extractos que os próprios media seleccionam, ninguém se dando ao trabalho de ir, por exemplo, ler alguns dos discursos integrais de Jerónimo de Sousa que estão disponíveis em www.cdu.pt.
Para dar só um exemplo, hoje no Público, Nuno Ribeiro sentencia que "Já lá vão os tempos em que os partidos procuravam no medo cénico de uma manifestação ruidosa ou na rendição de uma casa cheia a imagem de pujança que as eleições não confirmavam. Como se os eleitores se tivessem esfumado à boca das urnas. Aprenderam esta lição. Em Setembro de 2015, longe das didácticas sessões de esclarecimento de outrora, os comícios são repastos. Ou os almoços e jantares são acompanhados pelos discursos. Como aperitivo ou à digestão. E a tradicional carne assada foi substituída pelo portuguesíssimo arroz de pato." E, lampeiro, remata a terminar que « O sucesso de uma iniciativa partidária pode deixar de medir-se pela afluência e considerar o tamanho das febras, ou fêveras na versão nortenha. São, assim, os novos comícios.»
Tudo visto, eu podia arrumar esta crónica de Nuno Ribeiro na galeria das parvoíces, salientando apenas que estou farto de ver nas televisões reais comícios sem fêbras ou arroz de pato. Mas como o assunto merece mais, aqui ressuscito uma crónica minha que, embora sendo sobre as autárquicas de 1997, me parece manter roda a actualidade.
Mata e esfola
Para dar só um exemplo, hoje no Público, Nuno Ribeiro sentencia que "Já lá vão os tempos em que os partidos procuravam no medo cénico de uma manifestação ruidosa ou na rendição de uma casa cheia a imagem de pujança que as eleições não confirmavam. Como se os eleitores se tivessem esfumado à boca das urnas. Aprenderam esta lição. Em Setembro de 2015, longe das didácticas sessões de esclarecimento de outrora, os comícios são repastos. Ou os almoços e jantares são acompanhados pelos discursos. Como aperitivo ou à digestão. E a tradicional carne assada foi substituída pelo portuguesíssimo arroz de pato." E, lampeiro, remata a terminar que « O sucesso de uma iniciativa partidária pode deixar de medir-se pela afluência e considerar o tamanho das febras, ou fêveras na versão nortenha. São, assim, os novos comícios.»
Tudo visto, eu podia arrumar esta crónica de Nuno Ribeiro na galeria das parvoíces, salientando apenas que estou farto de ver nas televisões reais comícios sem fêbras ou arroz de pato. Mas como o assunto merece mais, aqui ressuscito uma crónica minha que, embora sendo sobre as autárquicas de 1997, me parece manter roda a actualidade.
Mata e esfola
Servindo como exemplos de toda uma vaga de comentários e opiniões, na passada segunda-feira, os editoriais do «Público» e do «DN» juntaram-se os dois à esquina, não a tocar a concertina, mas a arrasar a campanha autárquica.
Dentro da sequência mata e esfola, um sentenciava que «o espectáculo dado por candidatos, governantes e dirigentes da oposição nesta campanha eleitoral é pobre de ideias, rico de insultos e branqueador sobre o papel do poder local». E outro falava de «uma classe política que, neste ambiente pré-eleitoral, tem dado de si uma assustadora imagem de mediocridade» e opinava que «o grau de reflexão entre os partidos(...) sobre a forma como se vive nas áreas metropolitanas, nas cidades e vilas deste país, é um zero absoluto».
Dentro da sequência mata e esfola, um sentenciava que «o espectáculo dado por candidatos, governantes e dirigentes da oposição nesta campanha eleitoral é pobre de ideias, rico de insultos e branqueador sobre o papel do poder local». E outro falava de «uma classe política que, neste ambiente pré-eleitoral, tem dado de si uma assustadora imagem de mediocridade» e opinava que «o grau de reflexão entre os partidos(...) sobre a forma como se vive nas áreas metropolitanas, nas cidades e vilas deste país, é um zero absoluto».
Para além do velho truque das generalizações abusivas e do premeditado assassinato das diferenças, o que mais impressiona neste tipo de comentários são os três equívocos básicos que os sustentam e explicam.
Na verdade, como bem se calcula, os autores destes juízos tão severos e definitivos apenas sabem da campanha o que lêem nos jornais, ouvem nas rádios e vêem nas televisões.
Mas, primeiro equívoco, não têm a humildade de admitir e assumir que os «media» estão muito longe de ser um espelho da realidade e que, por isso, quando emitem as suas sentenças globais sobre a campanha, em rigor o que estão a comentar são tão só os aspectos da campanha e o escasso número de protagonistas eleitorais que os «media» decidiram seleccionar ou privilegiar.
O segundo equívoco decorre naturalmente do primeiro e corresponde a exilar e segregar do balanço global da campanha a acção generosa e civicamente relevante de milhares de candidatos que, longe dos holofotes das televisões e do interesse dos outros «media», estão prestando contas do trabalho desenvolvido, debatendo os reais problemas das populações e apresentando propostas fundamentadas e em muitos casos inovadoras para a gestão autárquica.
Finalmente, o terceiro equívoco é o de, nestes termos, não quererem perceber que o que também devia entrar nestes balanços globais da campanha, não era apenas o que for da estrita responsabilidade de «candidatos, governantes e dirigentes da oposição» (mas quais?) mas também o que é insofismável responsabilidade de meios de comunicação social que, em regra, acham que uma bofetada, dois incidentes, três insultos, quatro «frases assassinas» e cinco tiradas demagógicas interessam incomparavelmente mais do que quaisquer propostas programáticas e quaisquer reflexões sérias sobre os reais problemas das populações.
Entendamo-nos: não se trata de negar, proteger ou absolver aspectos de degradação da vida política que somos os primeiros a combater e de que somos os primeiros a querer marcar uma distância e uma diferença que a generalidade dos «media» não quer ver mas que os eleitores podem e devem premiar.
Face a algum atrevimento e arrogância circulantes, do que se trata é de lembrar que boa parte dessa degradação não teria um curso tão grande se os critérios dominantes nos «media» a não tivesse erigido como a verdadeira e a única «política» que interessa ao público. — Vítor Dias
«Avante!» Nº 1254 - 11.Dezembro.97
Um exemplo histórico do combate do PS contra a direita
Especialmente dedicado aos exaltados campeões do alegado «voto útil» no
PS e aos que, sem vergonha, acusam
CDU de estar a ajudar a direita
PS e aos que, sem vergonha, acusam
CDU de estar a ajudar a direita
(há muitos e muitos anos, um amigo e camarada de Coimbra criou uma frase que se mantém actual : «Alegre aparece sempre nas eleições para ser a luva esquerda que vem tapar a política de direita do PS»)
É que sou suficientemente antigo para me lembrar disto: em
15 de Dezembro de 1985, já Cavaco Silva era Primeiro-Ministro do
PSD depois de ter mandado às urtigas o «bloco central» com o PS,
realizaram-se eleições autárquicas.
Apesar do que está atrás, o PS acordou com o PSD uma
coligação formal contra a gestão da APU em cerca de 42 munícipios. Aconteceu
porém que os sócios cometeram uma irregularidade legal e processual e, por
isso, tiveram de recorrer ao truque de, para as Câmaras, concorrer o PS com
elementos do PSD disfarçados de independentes, e para as Assembleias Municipais
concorrer o PSD integrando nas listas elementos do PS disfarçados de
independentes. A verdade é esta, mesmo
que os dados da CNE não possam naturalmente ter registado este truque.
Mas os dados da CNE sobre os resultados nesses concelhos, e
para as CM e AM, mostram bem que onde, para as CM, concorreu o PS, não há PSD. E onde para as AM, concorreu o PSD,
não há lista do PSD.
Um exemplo, entre tantos outros:
E, para completar esta história de que o PS nunca se
envergonhou, só falta dizer que a APU obteve 20,2% a nível nacional e conservou
quase todas as Câmaras ameaçadas pela coligação disfarçada do PS com o PSD.
Mais glórias do jornalismo português
Como elas se fazem
O título é este mas o que a jornalista Maria Lopes escreve na peça é o seguinte: « A tal ponto que, a meio do caminho, questionado pelos jornalistas sobre se chamaria o PS para governar consigo se a CDU tivesse maioria, Jerónimo de Sousa não hesitou. “Nós, se tivéssemos uma maioria, mesmo que fosse absoluta, nunca governaríamos sozinhos. Consideraríamos sempre a convergência de democratas e patriotas, incluindo num Governo.”
Conclusão: Jerónimo de Sousa não sonhou com nenhuma maioria absoluta da CDU, limitou-se a responder a hipótese colocada por jornalistas de a CDU ter uma maioria absoluta.
29 setembro 2015
Isabel Moreira ou...
E assim fala a
«ala esquerda» do PS
«ala esquerda» do PS
O que parece estar muito difícil é obter um argumentozinho racional e razoável sobre isto que estou farto de publicar:
Apanhado no blogue Manifesto74
Esta é de facto muito boa !
Quem, dementadamente, publica um gráfico assim merece bem ser gozado com as referências à sondagem dos 111,9% (que é a soma de todas as parcelas inscritas no quadro).
Mas eu acrescento mais duas coisas:
- a primeira é que não se pode juntar no mesmo quadro os «indecisos» e as intenções de votos expressas, porque isto é meter os «indecisos» duas vezes - uma como tal e outra porque eles já foram distribuídos pelas intenções de voto constantes do gráfico; isso pode fazer-se sim mas só quando se está a publicar os chamados resultados brutos, isto é, antes de qualquer distribuição de indecisos;
- a segunda é que não se publica um quadro em que a soma das intenções de voto atribuídas dá 90,5% (sem se explicar se isto quer dizer que há 9,5% de votos brancos ou nulos).
Mas eu já disse aqui que vale tudo !
Por detrás das palavras, toda uma concepção
Os sonhos molhados de
Carlos César (Presidente do PS)
Carlos César (Presidente do PS)
(ouvir aos 2.2o m)
Tanto neste entrevista de rua como num comício ontem à noite nos Açores, Carlos César, Presidente do PS, afirmou que «votar no Bloco de Esquerda na CDU é o voto mais útil para a direita, a seguir ao voto na própria coligação».
Para além de sublinhar, como repetidamente tenho feito, a falsidade política e numérica desta teoria de conveniência,acho que é tempo de desvendar que, por detrás destas palavas, o que está é o desejo de uma democracia amputada em que na AR só houvesse dois partidos -PS e PSD (ou talvez três, por favor ao CDS que pode ser sempre uma muleta não despicienda para o PS).
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