23 novembro 2014

Os dramas da imprensa

Quando a hora das
detenções não ajuda a imprensa


É, olha-se para as primeiras páginas dos jornais de hoje e tudo um dia depois parece especialmente velho. E assim volta aquele velho mistério que persegue alguns velhos aficionados da imprensa e que consiste em perceber porque é que, com tantas e tão espampanantes inovações tecnológicas, os jornais hoje fecham em regra mais cedo do que no tempo do chumbo.

Neste aspecto, honra seja feita ao Correio da Manhã que ontem foi o único onde se ouviu o célebre grito «Parem as máquinas !».

21 novembro 2014

Fazendo justiça

Palmas para este grande artista 




Temo bem que, corroído insanamente por uma desproporcionada sede de justiça ou vingança contra corruptos, ricos e poderoso, o país não seja capaz de prestar a devida homenagem a este sujeito com um ouvido tão afinado que consegue distinguir os toques de tantos telemóveis, que se deve ter dado ao trabalho de em cada um colocar uma etiqueta autocolante a identificar o chinês, o brasileiro, o libanês e tutti quanti e que não se importou de andar a deformar casacos, camisas e calças carregando oito-telemóveis-oito!

19 novembro 2014

Voltando à vaca fria

Que o absurdo maior não
perdoe o absurdo menor

Art. 78 da Lei n.º 11/2014
de 6 de março

Em artigo no Público de hoje, nos seus pontos 3. e 4., o Prof. Luís dos Reis Torgal dá dois expressivos exemplos do extraordinário e chocante absurdo do disposto na Lei 11/2014 que impede todos os tipos de reformados (incluindo da segurança social) de exercer funções ou prestarem serviços para entidades públicas mesmo à borla.
A este respeito, volto a insistir mais uma vez que se compreendo que seja maior a indignação com o disposto nesta lei mas também não me rendo na denúncia de que já era um absurdo o disposto em lei anterior que impedia uma pessoa, como eu e tantos outros, com uma longa carreira contributiva toda formada no sector privado, de auferir qualquer remuneração por serviços prestados a  entidades públicas, como se a naturalidade de o trabalho dever ser remunerado terminasse com a situação de reforma. A minha denúncia dessa violência injustificada  e da gravíssima concepção que está na sua origem, pode ser revisitada aqui .

18 novembro 2014

Vejam lá se me compreendem

Se outros se repetem sem cessar,
das duas uma: ou vou dar pão aos
pombos ou repito-me também !



Numa notícia no Público de hoje, pode ler-se o seguinte (sublinhado meu) : «Há quem veja o governo como um fim em si mesmo e quem veja o governo como um tabu a evitar». Foi a forma que [Rui] Tavares encontrou para revelar como olhava para o PS, por um lado, o PCP e o BE por outro».

Também no Público o por mim estimado José Vítor Malheiros, depois de umas bicadas equitativas ao CDS e PSD, ao PS e ao BE, acrescenta que «ninguém sabe se o PCP gostaria de participar no governo do país».

Estou farto e cansado de abordar este assunto e de combater estas formas de dizer e de pensar, não podendo deixar de lembrar que, em conexão com este tema, ainda continuo à espera que alguém dê finalmente o passo de responder a este meu repetidíssimo desafio.

Mesmo assim, porque hoje não quero infringir a postura municipal que proíbe a alimentação dos pombos, volto a insistir em termos breves :

1. Do 25 de Abril até hoje (para não ir mais atrás), sob diversas fórmulas ou com nuances temporais, nunca o PCP deixou de se referir à necessidade de «unidade» ou «convergência» das forças democráticas ( e em 1976 até fez campanha para a AR sob o slogan «por uma maioria de esquerda»). E, a este respeito, é bom lembrar duas coisas: a primeira é que, entre a revisão constitucional de 82 e a chegada de Jorge Sampaio a líder do PS, a direcção do PS esteve de relações cortadas com a direcção do PCP, recusando sempre qualquer encontro ainda que sem condições prévias ou ordem de trabalhos; a segunda é que, durante várias décadas, estas insistentes referências do PCP à  «unidade» ou «convergência» eram vistas e tratadas por outras forças políticas e pelos media como sendo parte integrante da insuportável «cassete»comunista.

2.aqui publiquei extractos de recentes  Programas Eleitorais do PCP que desmentem categoricamente que que a questão do governo seja um tabu para o PCP ou que este esteja acantonado em qualquer indisponibilidade para governar ou discutir soluções de governo). E já que muitos parecem não saber, lembro que, logo a seguir à queda do 1º governo de Mário Soares, se realizaram conversações públicas entre o PCP e o PS para precisamente discutir a política e uma solução de governo, o que, só por si, mostra que há um certo exagero sobre as chamadas «feridas de 1975»

3. Devia meter-se pelos a dentro que a questão não está nem nunca esteve na disponibilidade para governar ou considerar soluções de governo mas sim no «governar para quê», ou seja «governar com que política».

4. Ponto que sempre considero muito curioso (ou misterioso) é que que quase todas as pessoas que escrevem coisas como estas de Rui Tavares e José Vítor Malheiros. em certas conjunturas ou sobre certos assuntos, já disseram sobre o PS coisas bem mais cruéis e devastadoras do que eu.

E, tudo visto, como em pequenino caí no caldeirão da generosidade, só me resta adiantar uma explicação benévola para as opiniões que aqui referi: é que estas pessoas são ou devem ser muito novas e devem julgar  que o problema da alternativa política em Portugal,se não começou ontem, terá então começado anteontem.

17 novembro 2014

Só não percebe quem não quiser

«Diz-me com quem vais,
dir-te-ei para onde queres ir »





Ora, em Maio, para as
 europeias era assim:



(Uma passagem do discurso de Paulo Fidalgo referente a Edgar Correia no acto de assinatura deste acordo com o PS gerou um protesto no Facebook do seu filho mais novo].)