05 maio 2014

É para esquecer, não é ?


Depois disto,

disto,
e disto
... o que o Público nos tem para
oferecer numa página inteira
dedicada hoje ao resumo dos
recentes acontecimentos é isto :
"Cerca de 30 militantes separatistas que
estavam detidos no quartel-general
da polícia de Odessa, sob suspeita de
envolvimento nos violentos confrontos
de sexta-feira que provocaram mais
de 40 mortos
, foram libertados na
sequência de um ataque surpresa
de activistas pró-russos (...)"

O que a beatificação não apaga


No Le Monde aqui

04 maio 2014

Sair para ficar no mesmo sítio

Comentário sucinto à
comunicação de Passos Coelho






Uma manchete habilidosa do DN mas a verdade
é o que o PS se pôs a jeito ao encerrar-se
na escolha entre a peste e o veneno.

Aqui declaração de João Ferreira, do PCP,
sobre o assunto.


E agora Senguila em L'Imposteur


Moi je suis un imposteur,
Il est moins facile de faire taire une douleur que de posséder un cœur,
Ça fait longtemps que j'ai arrêté de prier,
Je ne suis qu'un acteur,
Et si le jugement dernier existe vraiment j'serais pas du côté des vainqueurs,
Je cherche le bonheur, en distribuant le mal.
Je regarde dans les yeux quand je dis des choses pénibles,
Quand j'écrase quelqu'un de plus faible j'me sens invincible
Ceux qui m'apprécient, ceux qui m'aiment me croient tous timide
Mais en vrai je suis perfide à convoitiser tous mes gestes
Suis-je normal suis-je quelqu'un de mauvais
Je ne sais pas si c'est tout le monde ou si c'est moi qui suis mal fait
Eloignez-vous de moi je suis la bête qu'il faut détruire
Pour vous je n'ai rien à offrir
Depuis mon enfance je suis…

Aos fins de semana, na última do "Público"

O explosivo casamento
do rancor com a senilidade talvez
com mais alguma coisa pelo meio




A excelente e elegante maneira de argumentar de Vasco Pulido Valente, hoje no Público, sobre Marx e os marxistas: « Agora não se lia Marx, ou muito pouco. Mas não se podiam perder as revelações que constantemente nos chegavam do marxismo francês e se ramificavam até aos mais pequenos pormenores da vida. Não me peçam para dizer os nomes das «notabilidades»  da «escola de Paris». Só me lembro de uma, Louis Althusser, que, certamente levado pelo materialismo dialéctico, estrangulou a mulher».

Como já aqui contei uma vez, ninguém me tira da cabeça que a culpa de boa parte deste vezo antimarxista e anticomunista de Vasco Pulido Valente deve ter pertencido a Octávio Pato que contava divertido como uma vez, numa das suas regulares visitas clandestinas a casa dos Correia Guedes, à segunda canelada recebida do fedelho Vasco, lhe afinfou duas valentíssimas palmadas no rabo.

Adenda de carácter histórico:
Porque isto está mau para a memória e porque  sempre emergem novas gerações, pode haver leitores que pensem que só por ocasião dos 40 anos da revolução portuguesa é que Vasco Pulido Valente passou a escrever 25 de Abril com aspas e a gozar com os capitães de Abril. Não é verdade: já nos 30 anos do 25 de Abril, o sujeito tinha publicado no DN de 27.4.2004 um «ensaio» intitulado «Imitar a revolução» onde já lá estava tudo isso e muito mais. Respondi-lhe então assim no Avante!  de 5 de Maio de 2004:

Imitação

Foi assim: o «25 de Abril» foi feito porque o Exército não queria continuar a guerra. Os «capitães» que se pronunciaram contra a ditadura não tinham um plano, ou sequer uma ideia, para o país. Normalmente pouco educados, se pensavam no assunto, era para partilhar os lugares comuns «socializantes» da oposição urbana e estudantil. Por si só, o famoso «Programa do MFA», incoerente e sumário, revela bem o vácuo para que se empurraram os portugueses. Por um lado, prometia eleições e, por outro, a «reforma agrária» e uma «estratégia anti-monopolista», dois pontos cruciais, retirados da vulgata do PC. Ao lado disto, havia também as ideias ou propostas de um Spínola megalómano e ignorante. Logo de principio, existiram, portanto, dois programas, um pior que o outro, e duas facções. Faltava «sair» e estabelecer o caos.


A «revolução de Abril», como romântica e fraudulentamente lhe chama a Esquerda, nunca existiu. As manifestações de grande entusiasmo legitimavam o «golpe» contra a ditadura mas mais nada. E muito menos o assalto, inaugurado a 26 de Abril, a toda a espécie e género de autoridade que nos primeiros meses chegou espontaneamente a inimagináveis proporções. Muito acima do MFA e dos seus cabecilhas, o maior culpado de tudo o que se seguiu (incluindo a miséria e o atraso a que a «revolução» levou a economia) foi Álvaro Cunhal que vivia em 1940 e, pela força, queria estabelecer em Portugal um regime soviético. Como bem se percebeu pela sua cópia fiel (e, de resto, encenada) no Aeroporto da Portela do desembarque de Lenine na estação da Finlândia. Abreviando pormenores (como o «povo» que berrava na rua), percursos e acidentes, conclua-se, por fim, que a verdadeira revolução foi a de Mário Soares.

Os leitores que tenham conseguido suportar todas estas linhas alarves merecem a informação de que estivemos simplesmente a imitar (na verdade, a resumir) o «ensaio» (?) que, sobre o 25 de Abril, Vasco Pulido Valente, perpetrou nas páginas do «DN» de 25/4 com o título «Imitar a revolução».

E, para tanto, bastaram-nos 284 palavras (e comas) tiradas das 6862 que V.P.V. gastou. Almas escrupulosas dirão que este nosso resumo representa uma cruel e malévola caricatura do «ensaio» de V.P.V. Nem tanto, mas ainda que assim fosse, amor com amor se pagaria.

É voz corrente que Vasco Pulido Valente Correia Guedes escreve muito bem. Assim será, mas pensa muito mal. E preferíamos mil vezes que escrevesse com os pés mas pensasse com a cabeça em vez de com a bílis.

Se não o soubéssemos já, fica assim definitivamente provado que a História, ao menos a recente, é um assunto demasiado sério para ser deixado apenas aos historiadores e aos cabotinos envinagrados.»


 

Na morte de Veiga Simão

Portas, a «transição suave»,
a dor de cotovelo ou coisa pior



Eu que não subscrevo certo tipo de comentários que tenho lido sobre a morte de Veiga Simão, não posso deixar de lembrar a Paulo Portas que, no curso do regime fascista, o 24 de Abril de 1974, em que Veiga Simão era ministro, já era um bocadinho tarde mesmo para aqueles que depois vieram  dizer que «lutavam por dentro» pela famosa «transição suave». E quanto àquela significativa passagem de Portas do «independentemente da sua evolução ideológica posterior», é caso para dizer que ou o irrevogável está com dor de cotovelo por Veiga Simão ter ido para o PS e não para o CDS ou o PSD ou, pior, ainda preferia que ele tivesse ficado ideológicamente onde estava quando foi ministro de Caetano entre 1970 e o dia 25 de Abril de 1974.

03 maio 2014

Porque hoje é sábado (393)

Carla Morrison


A sugestão musical deste sábado é
dedicada à cantora mexicana Carla Morrison.









"Quosque tandem abutere patientia nostra" ?

Importam-se de repetir  só
para o nosso gozo ou choro
durar mais um bocadinho ?


Palavra de honra de um para quem o período nunca deve ter começado.
REPORTAGEM COM O VICE PRIMEIRO-MINISTRO:
PAULO PORTAS: SINTO-ME O VENDEDOR PORTUGUÊS DAS AVENTURAS DE  TINTIN"

02 maio 2014

A não perder

Amanhã, às 15 hs.,
no Largo de S. Carlos,
em Lisboa




Não queria ser miudinho mas...

... há cada maneira de escrever


No Público online pode ler-se a passagem acima e, como devem ser em barda os leitores que não são tão velhos como eu, talvez seja melhor informar que :

1. Desde há trinta e nove 1ºs de Maio (e não 40 porque o de 1974 acertadamente não foi exclusivamente sindical mas antes um autêntico desfile massivo da vitória sobre o fascismo [*]) que os dirigentes principais da CGTP naturalmente encabeçam e «lideram o trajecto» da manifestação do 1º  de Maio que aquela central sindical promove;

2. Desde há trinta e nove 1ºs de Maio que uma delegação do PCP, sem qualquer pano ou faixa partidária (nem todos podem dizer o mesmo), integra o desfile do 1º de Maio da CGTP em local por si escolhido e naturalmente nunca perto da cabeça da manifestação.

E creio que isto será bastante para se perceber que ali ninguém «relega» ninguém para lado nenhum. 

[*] A este respeito, ainda me lembro de, nas vésperas e na Cooperativa Esteiros, ter visto e lido a mensagem  em folha de papel quadriculado que, com a sua letra muito certinha, António Dias Lourenço enviou a Mário Soares procurando sensibilizá-lo para a necessidade e justeza da manifestação do 1º de Maio ter o caracter que de facto veio a ter.

01 maio 2014

Por uma grande jornada de festa e de luta

Lutar contra os retrocessos,
reafirmar o valor do trabalho
e o papel dos trabalhadores

(ver post anterior)



lista de todas as concentrações
e manifestações aqui

Bread and Roses

a song by James Oppenheim (1911)
As we go marching, marching, in the beauty of the day
A million darkened kitchens, a thousand mill lofts gray
Are touched with all the radiance that a sudden sun discloses
For the people hear us singing, bread and roses, bread and roses.

As we come marching, marching, we battle too, for men,
For they are in the struggle and together we shall win.
Our days shall not be sweated from birth until life closes,
Hearts starve as well as bodies, give us bread, but give us roses.

As we come marching, marching, un-numbered women dead
Go crying through our singing their ancient call for bread,
Small art and love and beauty their trudging spirits knew
Yes, it is bread we. fight for, but we fight for roses, too.

As we go marching, marching, we're standing proud and tall.
The rising of the women means the rising of us all.
No more the drudge and idler, ten that toil where one reposes,
But a sharing of life's glories, bread and roses, bread and roses.


Pão e Rosas
Enquanto marchamos, marchamos, na beleza do dia,
Um milhão de cozinhas negras, um milhar de moinhos cinzentos,
São tocados por toda a luz revelada por um sol repentino
Porque as pessoas nos ouvem cantar: Pão e Rosas! Pão e Rosas!
Enquanto marchamos, marchamos, lutamos também pelos homens,
Porque eles são as mulheres e são as crianças e são os nossos filhos outra vez
As nossas vidas não devem ser suadas desde o nascimento até ao fim Os corações morrem de fome como os corpos; dai-nos pão, mas dai-nos rosas
Enquanto marchamos, marchamos, inúmeras mulheres morrem Gritam através das nossas canções, o seu antigo chamamento pelo pão É a pequena arte e amor e beleza que os seus espíritos macerados conhecem Sim, é pelo pão que lutamos, mas lutamos igualmente pelas rosas
Enquanto marchamos, marchamos, trazemos os grandes dias, O erguer das mulheres significa o erguer da raça. Não mais o moinho e o tensor, os dez que labutam por um que repousa Mas uma partilha das glórias da vida: pão e rosas, pão e rosas.
As nossas vidas não devem ser suadas desde o nascimento até ao fim Os corações morrem de fome como os corpos; dai-nos pão, mas dai-nos rosas

(versão copiada de aqui)