João Ferreira, hoje no Acto Público :«(...) Já percebemos que para alguns, nestas eleições, seria cómodo que não se falasse nos problemas nacionais. Seria cómodo que, durante os próximos meses, se arredasse do debate público o inferno em que se transformou o dia-a-dia de milhões de portugueses, para discutir unicamente o que dizem ser as “questões europeias” – um autêntico biombo em que se escondem os que querem fugir ao debate sobre as causas e os responsáveis pela situação do país.
Seria cómodo que calássemos a denúncia que, desde há muitas semanas,
temos vindo a fazer de que o governo quer manter escondidos dos
portugueses os novos e brutais cortes de milhares de milhões de euros no
Orçamento de Estado para 2015, para acentuar o rumo de empobrecimento,
exploração e liquidação de direitos. Desenganem-se! Não calamos, nem
calaremos, mais roubos aos trabalhadores e ao povo.
Eles são hoje os mesmos que, no devido tempo, fugiram ao debate sobre
as questões europeias – no que elas têm de mais decisivo para os
portugueses, ou seja, o seu impacto na vida do país e do povo. São os
mesmos que fugiram ao debate sobre o Tratado Orçamental (e antes deste, o
Tratado de Lisboa), quando o PCP propôs um amplo debate nacional que
pudesse culminar na realização de um referendo. Uma proposta que foi
rejeitada por PS, PSD e CDS.
Quiseram então fugir ao debate das questões europeias como hoje
querem fugir ao debate da situação nacional. Porque o que querem é
simplesmente fugir, fugir ao que quer que seja que os confronte, perante
os portugueses, com as suas responsabilidades. (...)
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