08 março 2014

A não esquecer nas eleições de 25 de Maio

(o Dia Internacional da Mulher aqui)



Afirmar isto é dizer que a vontade do povo não conta, que as eleições são um faz-de-conta e que a democracia é uma palavra oca, vazia e inútil.
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Porque hoje é sábado ( 384 )

Jane Ira Bloom



A sugestão musical deste sábado
vai para a soprano saxofonista
norte-americana Jane Ira Bloom.


(No final deste vídeo, nos vídeos anexos, pode aproveitar
para voltar a Astrud Gilberto)



Dia Internacional da Mulher

Muito caminho andado
e tanto ainda por andar








Why ?
aqui



07 março 2014

Voltando à minha vaca fria

O que as notícias sobre sondagens
sempre se esquecem de dizer


Possivelmente, haverá leitores que estranhem que eu venha aqui dar divulgação ao que parece ser um má notícia porque, aparentemente como veremos, é animadora para os partidos do governo. Mas a verdade é que o faço precisamente para voltar a combater as confusões que por sí andam a respeito de critérios de  avaliação de futuros resultados eleitorais (desde logo, a tese errónea de que ganha as eleições quem fica à frente, a suposição de que o PS teria obrigação de ficar necessariamente à frente do PSD e CDS coligados em europeias, o vício de fundo que é inculcar a ideia de que as eleições se decidem a três - PSD, CDS e PS).

Sublinhando que esta sondagem tem uma margem de erro de 4,4% e sublinhando que o dado verdadeiramente relevante e decisivo é o que está sublinhado a vermelho na imagem acima, importa contar que nela se atribuem 28,4% ao PSD, 8,7% ao CDS e, portanto, 37,1% à soma PSD+CDS.

Ora, sem prejuízo das insatisfações que legitimamente cada um possa ter, o que alguns alarmismos ou sustos à esquerda e prováveis festejos à direita não deviam ignorar ou esquecer é que:



05 março 2014

O PCP e o aparecimento do BE

O que a minha memória
e documentação dizem

Em artigo publicado no Expresso online intitulado «O bullying político a Rui Tavares» e que, à escala de 99%, não me interessa nada, Daniel Oliveira, a certa altura, postula o seguinte: «Todos os partidos têm alguma necessidade alimentar o ódio ao dissidente para manter unida a "tribo". Mas seria interessante o BE perceber que é hoje o mais empenhado promotor da notoriedade do Livre. Até nisso, repete com Rui Tavares o erro que o PCP cometeu com o Bloco, há 15 anos. O que não deixa de ser irónico.»

Sobre a passagem sublinhada, creio que Daniel Oliveira ou está desmemoriado ou equivocado e, por isso, considero útil em certa medida, deixar aqui três observações essenciais:

-  a primeira é que vir sublinhar qualquer suposta  contribuição do PCP para a  «notoriedade» do BE é um gesto de forte ingratidão retroactiva em relação ao estremoso e embevecido papel que a comunicação social teve nessa notoriedade;
 
- a segunda é que, tendo eu sido membro da Comissão Política do PCP durante os primeiros anos de existência do Bloco (e ainda posteriormente), o testemunho que posso dar é que, em termos de documentos dos órgãos de direcção do PCP ou discursos dos seus principais dirigentes, a começar pelos do Secretário-geral de então, o PCP foi particularmente discreto e comedido em relação ao BE;

- a terceira é que isto não quer dizer que, designadamente nas páginas do Avante!, com alguma frequência, eu próprio e outros dirigentes do PCP não tivessemos comentado e criticado declarações de dirigentes do BE mas, ponto importante, sempre em atitude de legítima defesa, como se pode ilustrar, entre muitos outros exemplos, por duas crónicas por mim assinadas no Avante! e que agora republico com sublinhados feitos neste momento:

Em 21.1.99
Começar mal

Por ocasião do lançamento, no último fim de semana, da tentativa de mais uma experiência de agregação eleitoral na área da UDP, do PSR e da Política XXI, alguns dirigentes do PSR e da UDP produziram declarações relativas ao PCP que se arriscam a ficar como um lamentável indício de qual poderá ser o seu verdadeiro desígnio eleitoral e dos tristes métodos que se dispõem a usar para o atingir.

Com efeito, e só para citar algumas frases mais significativas, Alberto Matos (UDP) invocou as «ambiguidades» do PCP face ao PS e falou da  «colagem do PCP ao Governo à espera de uns lugares». Luís Fazenda (UDP) referiu que o país não precisa de «uma oposição que num dia proteste e no dia seguinte esteja a tentar um negócio de poder», reclamando de seguida que «o PCP que se defina». E, para abreviar a lista, acrescente-se que Heitor de Sousa, no Congresso do PSR, terá também acusado o PCP de ter uma posição de compromisso com a política de direita assim induzindo uma postura conformista e rotineira do movimento operário.  



Deixando-nos de punhos de renda, é caso para dizer que os autores destas declarações, proclamam querer «começar de novo», mas começam é mal.


Porque começam por deturpar, falsificar e amesquinhar a indiscutível realidade de que o PCP tem sido a grande força de oposição de esquerda so Governo do PS, agindo em todos os planos da vida nacional com rigorosa autonomia política e estratégica e desempenhando um papel incontornável não apenas na defesa de interesses populares imediatos mas também na luta por valores, por uma política e por um projecto alternativo de esquerda.


Porque começam dando objectivamente continuidade à operação lançada pelo PSD, e especialmente acarinhada pelo «Expresso», para apresentar o PCP como «muleta do PS», precisamente para fazer esquecer que, nesta legislatura e nas matérias fundamentais e decisivas, os grandes aliados do PS têm sido o PSD e o PP.

Porque começam com o truque de, olhando o campo da esquerda, precisarem de decretar que é um deserto para melhor se apresentarem a si próprios como uma miragem do desejado oásis.

Em 13.07.2000

Lá vai outra



Já sabemos que Francisco Louçã pensará desta crónica o que já disse de outras aqui publicadas : que «o PCP reage com algum nervosismo, levando o «Avante!» a dedicar-nos pequenas picardias que muito nos divertem, mas que não têm nenhuma consistência no debate político nem têm futuro» («DN» de 20.5.2000).

Mas não importa. Toda a gente sabe que F. Louçã é um autêntico querubim na política nacional; que os responsáveis do Bloco não perpetram «picardias» nenhumas sobre o PCP nos artigos que, batendo o recorde nacional do proselitismo partidário em colunas de opinião, escrevem no «Público», no «DN» e no «Expresso»; e que continua em vigor o 11º mandamento segundo o qual acusações, deturpações e insinuações de responsáveis do Bloco contra o PCP são puro debate de ideias com imensa consistência e futuro, mas qualquer resposta de dirigentes do PCP já é puro «ataque» ou «sectarismo».

Mas já que tanto se divertem com as tais «picardias», bem podem arrecadar hoje mais uma.


Que consiste em anotar que os famosos «radicais» do Bloco são afinal cultores do mais chocho formalismo parlamentar, como se voltou a confirmar agora com a sua acusação de que a abstenção do PCP na moção de (pretensa) censura do PP revelava «incapacidade política de fazer escolhas». Como se as aparências do tipo de voto fossem tudo e as razões e argumentação políticas (expressas com clareza e vigor pelo Presidente do Grupo Parlamentar do PCP) fossem nada. E, já agora, como reagiria o Bloco se alguém dissesse que as suas abstenções na AR revelavam «incapacidade política de fazer escolhas» ?

Por outro lado, é indecente que responsáveis do Bloco, muito para além da valorização da sua contribuição específica, se dediquem frequentemente a rasurar o que o PCP faz, chamem a seu mérito exclusivo a abordagem de temas em que o PCP tem, e de há muito, uma fortíssima intervenção, e falem como se, antes de se sentarem na AR, nunca ninguém tenha tratado de toxicodependência, violência contra as mulheres, imigrantes, reforma fiscal, etc. Ou então como se o Bloco é que tivesse arrancado alguns desses assuntos ao que Fernando Rosas chama «modorra parlamentar», mas nós chamamos preconceito, força dos outros, silenciamento mediático e... desatenção dos pré-bloquistas.

Uma amarga ironia


A ler aqui