20 janeiro 2014

Por alguma razão chegaram a este ponto

PSD - os actos e a acta

Uma pessoa que não tenha chegado mesmo agora ao interesse pela vida política lê a notícia acima e, se não quiser ser tomado por parvo, só pode abrir a boca de extraordinário espanto.

Com efeito, só pode ser revelador de uma enorme má-consciência ou relativa aflição que, pela primeira vez desde o 25 de Abril de 1974, um partido político tome ele próprio a iniciativa de divulgar um extracto da acta de uma  reunião do seu mais importante órgão de direcção nacional e de a usar como argumento para «compôr» a sua posição.

Depois, é preciso lembrar que, como as actas das reuniões das direcções partidárias não são imediatamente (nem mediatamente) registadas em cartório notarial, elas dirão para o opinião pública o que o PSD entender conveniente que digam.

Finalmente, mete-se pelos olhos adentro que não há acta nem coisíssima nenhuma que possam desmentir que, estando em caso promover uma consulta que implica uma campanha eleitoral e uma votação nacional, o «não se opôr» seria ainda assim um premeditada habilidade  e eufemismo para disfarçar uma real concordância e decisão favorável.

Conclusão: se há acta e ela diz o que o  PSD espalhou para a LUSA, trata-se então, para além de outras coisas, da acta de uma imensa cobardia e má-fé.

Política e negócios

Quatro poderosas
razões para ficar calado


aqui

Acredite quem quiser: há mesmo quatro poderosas e inarredáveis razões para que não diga uma palavra sobre este assunto:
- a primeira é porque tenho um fundo e solene compromisso com o princípio da presunção de inocência; 
- a segunda é porque, como entre aquele pessoal do PSD há uma longa fraternidade baseada nas punhaladas, há sempre a hipótese, ainda que remota, de isto ser ua vingança por Marques Mendes ainda há dois dias ter classificado a história do referendo como uma «golpada política»;
- a terceira é porque a amnésia é de facto uma situação ou doença cientificamente comprovada;
-a quarta, e decerto a mais importante, é porque, apesar das diferenças, não tenho nenhuma autoridade moral para falar sobre a promiscuidade entre política e negócios uma vez que, como toda a gente sabe, depois de 40 anos de vida política activa, fui nomeado director de comunicação da Caixa Geral de Depósitos (era para ser administrador mas, na altura, o Armando Vara passou-me à frente).

Sim, acredite quem puder. 

Sondagem do Pew Institute (EUA) ou...

... que terrível surpresa !...







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e os criacionistas gritam muito mas...

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18 janeiro 2014

No 30º aniversário da sua morte

Saudades do Ary...





Gisela João canta Meu Amigo está longe

Susana Félix (Rua da Saudade)
canta Canção de Madrugar



Ana Bacalhau canta Estrela da Tarde


... e glória aos revolucionários
do 18 de Janeiro de 1934
na Marinha Grande 


no Forte de Peniche
 ver programa comemorativo aqui

Porque hoje é sábado ( 358 )

James Vincent McMorrow

A sugestão musical de hoje incide sobre
o cantor irlandês, agora temporariamente
radicado nos EUA, James Vincent
McMorrow
, cujo ultimo álbum se intitula
Post Tropical.







17 janeiro 2014

Vergonha para quem a ela fica ligada !

Consumou-se uma das maiores
fantochadas parlamentares de sempre


E consumou-se graças sobretudo à hipócrita abstenção dos deputados do CDS que se declararam muito ralados com as despesas de um referendo mas depois abstiveram-se, sabendo perfeitamente que neste caso as abstenções não modificavam em nada o resultado da votação.



Ah sim, senhores constitucionalistas ?
Então tomem lá com a
lei orgânica do referendo !
Sobre este artigo é uma evidência do tamanho do mundo que não faria nenhum sentido exigir à iniciativa popular  algo - a apresentação de projecto de lei relativo à matéria a referendar - que não se exigiria aos deputados. Mais: a inanidade desta tese de que se pode dispensar a relação de um referendo com um acto legislativo em curso na AR fica bem à vista com esta hipótese: um partido apresentava um projecto de resolução sobre uma matéria qualquer constitucionalemente referendável, ele era aprovado, operava-se toda a tramitação normal e os portugueses eram chamados a votar; entretanto, depois, acontecia que nenhum partido apresentava qualquer projecto de lei (uns porque tinham sido derrotados e outros porque entretanto tinham mudado de direcção ou oprientação), coisa a que não há maneira de obrigar ninguém. Resultado: os portugueses votavam, gastava-se dinheiro com o referendo e não acontecia nada.

E já agora por causa de algumas confusões


Em votação hoje na AR

A história de uma degradante
moscambilha desmontada
tintim por tintim



em texto aqui

16 janeiro 2014

Para além de tudo o mais


Senhores deputados e senhoras deputadas do PSD: se vos baila na cabeça a tentação rasteira, mesquinha e videirinha de, com uma eventual vossa vitória num referendo destes, criarem um falso intervalo no descrédito e isolamento em que amaioria governamental está afundada, não se esqueçam entretanto de uma coisa: é que, antes de lá chegarem se é que chegam, serão generalizadamente gozados e odiados por terem imposto ao país (isto, se o PR, como mandaria um pingo de dignidade e independência, não se recusar a convocá-lo) uma campanha eleitoral e uma votação nacional sobre um tema que é da perfeita competência da AR, numa altura em que a maioria dos portugueses, por força de brutais cortes que nunca foram sujeitos a referendo, todos os dias conta os euros que já gastou e os que lhe sobram.

P.S.: Como bem explica Isabel Moreira no Público de hoje, a proposta de referendo congeminada pelos meninos da JSD (e agora necessariamente abençoada por Passos Coelho) depois de seis meses de debate parlamentar sobre o assunto é manifestamente ilegal pois versa sobre duas matérias distintas e uma das quais não está em processo legislativo quando a lei orgânica do referendo exige que um referendo só possa abordar uma matéria e que a mesma tenha sido objecto de um projecto ou proposta de lei apresentado no Parlamento.E, a este propósito, recorde-se que as propostas de referendo têm que ser obrigatoriamente sujeitas à apreciação do Tribunal Constitucional.