Uma pessoa que não tenha chegado mesmo agora ao interesse pela vida política lê a notícia acima e, se não quiser ser tomado por parvo, só pode abrir a boca de extraordinário espanto.
Com efeito, só pode ser revelador de uma enorme má-consciência ou relativa aflição que, pela primeira vez desde o 25 de Abril de 1974, um partido político tome ele próprio a iniciativa de divulgar um extracto da acta de uma reunião do seu mais importante órgão de direcção nacional e de a usar como argumento para «compôr» a sua posição.
Depois, é preciso lembrar que, como as actas das reuniões das direcções partidárias não são imediatamente (nem mediatamente) registadas em cartório notarial, elas dirão para o opinião pública o que o PSD entender conveniente que digam.
Finalmente, mete-se pelos olhos adentro que não há acta nem coisíssima nenhuma que possam desmentir que, estando em caso promover uma consulta que implica uma campanha eleitoral e uma votação nacional, o «não se opôr» seria ainda assim um premeditada habilidade e eufemismo para disfarçar uma real concordância e decisão favorável.
Conclusão: se há acta e ela diz o que o PSD espalhou para a LUSA, trata-se então, para além de outras coisas, da acta de uma imensa cobardia e má-fé.