12 novembro 2013

José Vítor Malheiros no «Público» ou...

... assino por baixo



«(...) Usar a expressão «arco da governabilidade» para representar a tríade PS-PSD-CDS é equivalente a proclamar um direito natural  destes partidos a governar e a proclamar a não-naturalidade da participação de outros partidos no governo (...). A colagem de epítetos aos partidos sempre fez parte do debate político, com o intuito de criar divisões ou forçar alianças, de promover ou atacar esta ou aquela força. O que é novo e surpreendente é o facto de expressões deste tipo, politicamente marcadas, criadas para ser usadas no combate político, carregadas de uma intenção de segregação de uma parte do espectro político, serem usadas por pivots de telejornais, por jornalistas e comentadores e jornais, por académicos e responsáveis políticos mesmo quando possuem um dever de neutralidade e mesmo quando pensam estar a ser equidistantes. (...) A imposição do léxico da direita no discurso mediático é a maior vitória que essas forças poderiam almejar. Mas estão a consegui-lo. Utilizar o discurso do governo para fazer notícias não é fazer notícias, mas sim fazer propaganda. Se o jornalista o faz conscientemente, comete uma falha ética grave. Se não o faz intencionalmente, faltam-lhe competências técnicas básicas para fazer jornalismo».


- José Vítor Malheiros, hoje no Público (sem link), em artigo intitulado «Quando o discurso jornalístico reproduz a propaganda».

11 novembro 2013

Mais uma página de glória para o PS Braga

Quem (actuais vereadores
do PS) sai aos seus (Mesquita
Machado) não degenera



A notícia do Sol explica que até o Presidente da Câmara recém-eleito pelo PSD se absteve mas infelizmente não explica se a ideia dos vereadores do PS é propôr à Câmara a instalação ao lado da estátua do cónego de um posto da GNR a funcionar 24 horas por dia ou outras medidas destinadas a impedir uma continuada vandalização, perdão, evangelização da contestada e ofensiva  estátua,

Fim de dia com

Laurie Antonioli 
em When Flamingos Fly



Lembrando a aliança de Salazar com os bancos

Um banco com história




(via Facebook da historiadora Alice Samara)

Nas primeiras páginas de jornais

«Procuro e não te encontro» 
cantava o Tony de Matos



Parabéns ao Público (e a outros):
de facto, todas as semanas há
um comício assim em Portugal

10 novembro 2013

Comício do Centenário de Álvaro Cunhal

E foi assim :




«(...) Um Partido que se orgulha da sua história feita de mil combates em defesa dos trabalhadores, do povo e do país, mas que tem sempre os olhos postos no presente e no futuro. Um Partido que tem no legado de Álvaro Cunhal e no seu exemplo de homem e revolucionário, patriota e internacionalista de corpo inteiro, uma fonte de inspiração e conhecimento na procura de respostas que a vida sempre exige aos que não abdicam de continuar a abrir os caminhos da transformação social e do progresso dos povos. Desse legado e exemplo que estão firmemente ancorados no ideal comunista da construção de uma sociedade nova e fraterna. Um ideal que Álvaro Cunhal prestigiou e honrou com toda a sua exaltante vida feita de verticalidade, coerência, coragem e de ininterrupta luta na procura dos caminhos da vitória sobre a injustiça e as desigualdades e na concretização desse sonho milenar da construção de uma sociedade liberta da exploração do homem pelo outro homem!
Esse sonho avançado que este Partido Comunista Português transporta e transportará para se tornar um dia realidade, porque essa é a razão suprema da sua luta!»
- Jerónimo de Sousa,
no comício de hoje

10.11.1913-10.11.2013

Nos 100 anos do
nascimento de Álvaro Cunhal


Porque pouco ou nada teria a acrescentar ao que têm sido escrito a propósito de Álvaro Cunhal pelo PCP e por muitos comunistas portugueses (embora naturalmente já tivesse muita coisa a escrever sobre o que outros por vezes têm dito) e porque jamais me passaria pela cabeça fingir que falo de Cunhal para falar de mim próprio (como já houve quem fizesse), então só me resta assinalar esta data com uma modesta e desinspirada  frase:«Obrigado, camarada, por tudo o que deste pelos trabalhadores, pelo povo e pela pátria portuguesa e que o melhor, o mais singular, o mais criativo e o mais profundo do teu legado continue a iluminar, a inspirar e impulsionar a luta e o trabalho dos comunistas do  presente e dos comunistas vindouros para dar concretização e garantir futuro aos grandes ideais humanistas que continuamos a viver e a sentir como os nossos mais honrosos compromissos de vida».

P.S.: E como o DN de ontem trazia isto


 eu respondo :

09 novembro 2013

O jornalismo e...

... a pulsão para sempre
«apimentar» os textos sobre
Álvaro Cunhal e o PCP



No DN de hoje, uma longa e densa peça do jornalista João Céu e Silva intitulada «A Segunda Vida de Cunhal » arranca assim (sublinhados meus e intercalações minhas): «Entre o emaranhado [ ?, era um prédio habitação adaptado para sede] de gabinetes que existem nos diversos andares da sede do Partido Comunista Português em Lisboa havia um que noutros tempos era muito reservado, o de Álvaro Cunhal. Situava-se no sexto andar do edifício da Rua Soeiro Pereira Gomes, quase num vão de escada, sem paredes [J.C.S devia querer dizer «sem divisões interiores»],rodeado de estantes repletas de pastas, livros em russo, [juro que a imensa maioria deles seriam noutras línguas a começar pela portuguesa], fotografias da filha e dos netos, um peluche e um pirilampo mágico, dois discos compactos de Chopin,  e uma secretária muito arrumada e sem nada para prender o olho... É essa a memória que tenho do vislumbre de poucos minutos permitido ao gabinete do então secretário-geral do PCP em 1991, para efeito de uma reportagem  sobre as sedes dos principais partidos. O «santuário», entretanto desmantelado, era onde o dirigente trabalhava. Inacessível a olhos extra-partido e que só muito excepcionalmente foi permitido observar e fotografar. Cunhal não estava presente.»

Ora acontece que fui eu que tratei com João Céu e Silva dessa visita, que a preparei e que acompanhei o jornalista no seu percurso pela Soeiro Pereira Gomes. E, nessa qualidade, o que eu posso testemunhar é que:

- o gabinete de Álvaro Cunhal no 6º andar da SPG era tão «reservado» com os outros dez que lá existiam e existem, incluindo aquele que ocupei durante quase 14 anos e que as regras de acesso interno a esse gabinete eram exactamente as mesmas dos outros gabinetes;

- que não tenho ideia nenhuma de João Céu e Silva ter pedido mais minutos para mirar o gabinete de Álvaro Cunhal, o que aliás se compreende porque o objectivo da visita era ter uma visão geral de diversos gabinetes ou áreas de trabalho e não propriamente bisbilhotar em estantes ou secretárias.

Mais esclareço que esta tendência para «apimentar» textos sobre o PCP e até sobre a sua sede já vem de muito longe. Lembro-me por exemplo de, com a contribuição importante de Maria João Avillez, muitos jornalistas terem passado a chamar ao rés-de-chão da SPG de «bunker» só porque as salas destinadas a receber os jornalistas estavam em grande parte tapadas para o exterior pelo mural que enriquece a fachada da sede do PCP. E, face a esta caracterização de «bunker», eu muitos vezes perguntei a jornalistas se eles me eram capazes de dizer qual era o partido que recebia jornalistas ou tinha encontros na sua sede, vendo-se tudo do passeio da rua, qual montra de pastelaria. Perguntar perguntei, resposta é que nunca tive.

Moral desta história: há quem conte as coisas assim e até invente «santuários» (mesmo com aspas no original) e depois os comunistas é que alimentam o «mito».

Porque hoje é sábado (349)

Nicole Mitchell

A sugestão musical de hoje incide
sobre a flautista e compositora
norte-americana Nicole Mitchell.




08 novembro 2013

Gincana semântica

Em português de gente,
"solidário 
com motivos" é um bocado esquisito mas, politicamente, deve querer dizer alguma coisa

Mas pode ser que esteja enganado e amanhã haja na imprensa um título assim: