10 junho 2013

Não lhe perdoo não me ter avisado antes

O admirável Hollande...


... esqueceu-se de que, ao contrário do acontecia nos tempos de Venceslau de Morais, o que hoje se diz no Japão ouve-se logo na Europa.

Quando ele fala de desemprego e dificuldades dos portugueses...

.... lembro-me logo que a
«reindustrialização» está em marcha


08 junho 2013

Como é aquela expressão que mete «água» e «capote» ?

Ainda havemos
de ver mais e melhor



no Público de hoje


Peço desculpa aos leitores mas o antetítulo e o título acima bem como a primeira imgem foram escritos ou escolhidos ainda numa perspectiva equivocada e desmemoriada. Na verdade, se quisermos ser justos, as afirmações contidas nas imagens não têm nada de surpreendente  e são sobretudo um notável exercício de coerência pois, como toda a gente sabe e está amplamente documentado, o PSD e o CDS recusaram-se a assinar o memorando com a troika negociado pelo governo do PS e todos estes dois anos de governo PSD-CDS têm sido marcados por uma memorável rebeldia e um corajoso desrespeito face às orientações e medidas defendidas pela troika. Humildemente reconheço que estive portanto à beira de cometer uma injustiça de todo o tamanho.

Porque hoje é sábado (328)

Three for a Song

A sugestão musical de hoje destaca
o grupo norte-americano Three for a Song
(constituído por Doug Bowles, Alex Hassan
e Karin Paludan)
e que se dedica à divulgação
 de canções dos anos 20 e 30 do século passado.





ouvir aqui

07 junho 2013

José Manuel Fernandes ou...

Também não caiu nenhum meteorito


Prosseguindo a sua infatigável catequese neoliberal, José Manuel Fernandes perpetra em artigo no Público de hoje um truque argumentativo que constitui um inolvidável ex-libris de falta de seriedade política. Com efeito, escreve ele que (sublinhados meus) «há dois anos, ninguém, repito: ninguém [???] - previa os níveis de desemprego que Portugal hoje conhece. Mais: ninguém pensaria possível que os nívceis de desemprego chegassem aos níveis a que chegaram, perto dos 18%, e as ruas não estivessem a arder. Pelo contrário, folheando os jornais de 2009, 2010, 2011, não é díficil encontrar prognósticos sombrios sobre os tumultos que aí viriam se a taxa de desemprego  chegasse aos 10, aos 12 ou aos 15%. Chegou, ultrapassou, e não se concretizaram esses vaticínios».

Acontece que eu não duvido de que na imprensa se encontrem esparsamente  os tais prognósticos sobre os tumultos mas, ao mesmo tempo, não conheço ninguém com dois dedos de consolidada experiência política,  um módico de maturidade na análise da complexidade dos fenómenos sociais e sobretudo uma razoável consciência do que o desemprego representa para aas capacidades de acção colectiva que tenha jurado pela inevitabilidade dos chamados «tumultos» (quem sabe se esta afeição de JMF pelos «tumultos» não será uma herança dos seus distantes tempos de esquerdista).

Neste sentido, seria bem mais honesto José Manuel Fernandes , em vez de invocar a ausência dos famosos «tumultos», assoar-se ao enorme guardanapo de duas duas greves gerais, de dezenas de manifestações e concentrações de protesto, de centenas de greves em empresas e de centenas e centenas de outras expressões de descontentamento protesto abrangendo um largo espectro de classes e camadas sociais.

Porque, como faz - ou seja dar corda a uma improvável fasquia para depois celebrar que não foi atingida - é muito fácil  e rendoso.

É como se alguém, num momento de precipitação e ligeireza, tivesse proclamado que, com a continuação da política deste governo, um meteorito cairia sobre Portugal e depois José Manuel Fernandes viesse constatar, feliz e contente, que não viu nenhum meteorito a cair sobre esta lusitana praia e que, portanto, as coisas não vão tão mal assim.

Saldos entre Portugal e a União Europeia

Fala-se sempre muito do dinheiro
que entra e nunca do que sai


gráfico exibido por Carlos Carvalhas,
anteontem num debate na TVI 24
(clicar na imagem para ampliar)

Ainda o 3º Congresso da Oposição Democrática

Brevemente neste blogue


Em boa verdade, há quase 40 anos que ando para escrever (*) alguma coisa mais articulada e cuidada sobre o que, periodicamente e por diversas vozes, tem sido referido, a meu ver por vezes de forma pouco rigorosa, sobre a interessante e valiosa comunicação «Da necessidade de um plano para a Nação» que o estimado José Medeiros Ferreira apresentou ao 3º Congresso da Oposição Democrática  em Abril de 1973.

Julgando ter finalmente encontrado a estrutura de texto e o tom de equilibrio que se me afigura essencial até para não suscitar no autor incompreensões quanto ao meu objectivo, creio poder anunciar que, dentro de não muito tempo, aqui publicarei um desenvolvido post sobre essa matéria acompanhada do serviço público que será a reprodução em fac-simile da parte dessa comunicação referente às Forças Armadas (até porque me parece haver quem fale dela sem nunca a ter lido).

Entretanto, e como mero exemplo de coisas que é preciso esclarecer, reparo que na última Seara Nova (Primavera de 2013, é comprar, leitores), o também estimado António Reis escreve a dado passo de um seu artigo o seguinte (sublinhado meu):«Não podia deixar de referir a importância de outra tese, a de José Medeiros Ferreira,  então exilado na Suiça, intitulada «Da necessidade de um plano para a Nação», na qual se preconiza em tom premonitório a imprescindibilidade da intervenção das Forças Armadas no derrube do regime, o que na altura era ainda visto com algum cepticismo nos meios oposicionistas. Não por acaso, a confirmá-lo, a afirmação no ponto 1.2. (regime político) das conclusões de que «o regime actual é um regime de cunho militarista, em que as forças armadas, após violentíssimas purgas, se encontram passivamente identificadas com o poder político» (p.130)». E estava-se a cinco meses do nascimento do movimento dos capitães!...».

Deixando para o texto futuro outras observações que este extracto de António Reis justificará, por ora só quero informar que na comunicação de Medeiros Ferreira, a par sem dúvida de outras nuances, é possível encontrar afirmações como (sublinhados meus) «embora o Exército seja efectivamente um instrumento da política das classes dirigentes, a instituição, esta, enquanto tal, é interclassista e nacional» e que «as Forças Armadas, enquanto instituição nacional, encontram-se assim enquadradas e controladas pelo regime».

E portanto, caro António Reis, também isto foi escrito «a cinco meses do nascimento do movimento dos capitães»!... 

(*) Ao intervir na sessão realizada em Aveiro em 4 de Abril deste ano, integrada também no Centenário de Álvaro Cunhal, sobre os 40 anos do 3º C.O.D., já abordei este assunto embora em termos não exaustivos, não estando ainda disponível o texto.

06 junho 2013

Ele escreve na última página do «Público» !

Azares de um engraçadinho
que também é um idiota chapado


Fazendo apelo às minhas cada vez mais diminuídas reservas de tolerância e boa-vontade, há duas coisas que eu até posso admitir: uma é que o Público, temendo que os seus leitores estejam fartos de desgraças, convide um engraçadinho ou humorista para  escrever na sua última página (escusava era de ser de direita como este João Miguel Tavares); a outra é que sou capaz de calcular o que isso de ter de escrever humor com prazo marcado e dia certo.
Em contrapartida, há uma coisa em que não estou disposto a colaborar, a saber, que escrever humor seja uma espécie de passaporte para a impunidade do dislate, da parvoíce e do reaccionarismo.
Acontece que João Miguel Tavares, no quadro de elegias aos direitos da propriedade privada, nos brinda hoje com o seguinte parágrafo a respeito do caso do quadro de Crivelli : « Antes que chovam comentários desagradáveis da esquerda trompe l'oeil, eu juro por todos os santos que não sou um neo-super-hiper.megaliberal. Percebo que, no limite, haja interesses nacionais que devam ser acautelados. Só que toda abordagem deste caso, dá omo natural o impedimento da saída deste quadro, quando num país decente tal decisão só pode: 1) ser considerada absolutamente excepcional; 2) vir acompanhada de um cheque de  três milhões à ordem de Pais do Amaral».

Acontece que o engraçadinho que o Público resolveu contratar há uns tempos teve o azar de, nesta mesma edição do jornal, se explicar detalhadamente que esta pintura está protegida legalmente desde 1970 e que essa protecção «dispunha já a impossibilidade de alienaçaõ definitiva com saída do território nacional» (condicionante que está presente com toda naturalidade na legislação da maior parte dos países). E o jornal até vem acrescentar que o preço da venda a Pais do Amaral do quadro pelos seus anteriores proprietários até terá sido mais baixo exactamente por causa dessa condicionante. Enfim, talvez se possa dizer que, mais do que realmente engraçado, João Miguel Tavares caiu na graça do Público.