16 março 2013

Os amanhãs que choram ou zurram

Nada disto é inevitável e é disto que 
e feita a nossa pressa em os demitir


manchete do DN

Porque hoje é sabado (317)

Devendra Banhart


A sugestão musical de hoje vai para
o cantor norte-americano

Devendra Banhart
e o seu novo álbum Mala.

A ouvir aqui (41 m.)

15 março 2013

Eu quero ter boa-vontade mas...

... assim se desvenda
um terrível dogmatismo
 Segundo li num jornal espanhol mas também encontrei aqui, numa homília,  
o novo Papa afirmou, citando Leon Bloy, que El que no reza al Señor, reza al diablo” porquecuando no se confiesa a Jesucristo se confiesa la mundanidad del demonio”.
Ora, eu e milhões de mulheres e homens no mundo, respeitando os que o fazem, não rezamos a Jesus Cristo e nem por isso rezamos ao Diabo. Pura e simplesmente, não rezamos, ponto final parágrafo.
É por estas e por outras que há muitos anos que penso que no progama da Igreja Católica, para além do sempre muito falado dialógo ecuménico, faz falta sobretudo um módico de respeito pelos que são ateus.


Rui Tavares ou...

... afinal era só
uma questão de tempo




Em 5 Outubro de 2012, critiquei aqui Rui Tavares por, segundo uma notícia na imprensa, ter defendido no Congresso Democrático das Alternativas, a candidatura de listas de independentes à AR.

No dia 6 de Outubro, o próprio respondia o seguinte na respectiva caixa de comentários: «Caro Vítor Dias, nunca me viu defender a eleição de listas independentes para a AR — e escrevi algumas dezenas de crónicas sobre temas de democracia, incluindo uma série de seis artigos especificamente sobre estes assuntos, que o Vítor leu atentamente porque comentou aqui. Se eu fosse um defensor dessa ideia, por que raio não a teria defendido nessa altura? Talvez isso o tivesse feito desconfiar de que há aqui um erro do jornalista — escreverei para o Público a corrigir, é claro

Ontem, em plena confirmação de notícias já vindas na imprensa, Rui Tavares em crónica no Público referia que era um dos subscritores de um Manifesto ( de cerca de 6o personalidades) defendendo «a possibilidade de apresentação de listas nominais  de cidadãos, em eleições para a Assembleia da República, tornando obrigatório o voto nominal nas listas partidárias».

Tudo visto, quanto à apresentação de listas de cidadãos (volto a insistir que a forma rigorosa de referir a coisa é «candidaturas apresentadas por grupos de cidadãos eleitores») há  que concluir que afinal era só uma questão de tempo e foi exactamente para casos destes que se inventou a desculpa de «só os burros não mudam de opinião».

Quanto à parte da «votação nominal obrigatória» nas listas partidárias, é matéria sobre a qual farei logo que puder um extenso post com todas as dúvidas e incertezas sobre o modus faciendi que isso me suscita. Para já, só digo que uma noite destas tive um pesadelo que consistiu em imaginar, possivelmente sem fundamento, que os eleitores tinham de levar para a cabine de voto as listas de todos os partidos com os nomes (então e as biografias?) dos seus candidatos e depois, mesmo os muito idosos ou atingidos por considerável iliteracia, teriam de usar a lista dos candidatos do seu partido preferido e demorar uns minutos a estabeleceram as suas preferências entre eles.

O problema é este: creio não ser presunção eu pensar que sei mais do que 95% dos portugueses sobre sistema eleitorais e formas organizativas do processo eleitoral. Mas, dadas as dúvidas e perplexidades que esta proposta me suscita, cabe-me admitir sem qualquer dificuldade que sei muitíssimo menos que as 60 personalidades que vieram defender esta «votação nominal obrigatória».

É o que veremos quando eu perguntar e quando alguma delas responder. 

Adenda: ver na caixa de comentários texto de Rui Tavares e curta réplica minha.

13 março 2013

Era fatal como o destino

A última «onda»
A avaliar por alguns textos que acabo de ler, incluindo um de Daniel Oliveira e um manifesto de 60 personalidades, parece que se está a querer levantar uma onda ou ondinha favorável à possibilidade de candidatos «independentes» à Assembleia da República. matéria sobre a qual  já escrevi  aqui em Agosto de 2012.

Por isso, não vale a pena insistir outra vez em várias coisas tais como que «candidaturas de «independentes» é coisa que legalmente jamais poderá haver quando muito candidaturas propostas por grupos de cidadãos eleitores, uma vez que não se pode criar nenhum direito especial só para cidadãos sem filiação partidária; que esses grupos de cidadãos eleitores não teriam qualquer controlo sobre a forma como esses candidatos exerceriam o seu mandato nem qualquer forma de vigiar ou condenar as transferências, «tratos» danielcampelinos e outras combinações que viessem a fazer; que talvez alguns que defendem agora a coisa sejam os mesmos que depois eventualmente viriam esconjurar uma nefasta «balcanização» do Parlamento e das suas eventuais e imprevísiveis consequências; que é um bocadinho rísivel comparar a eleição para uma autarquia local e a eleição para a sede da representação nacional; que os partidos sempre podem ser encontrados para pagarem por um mau mandato legislativo anterior mas que os candidatos propostos por grupos de cidadãos eleitores bastava-lhes ir à vida e, pronto, nunca pagariam nada.

Não, o que vale mesmo a pena salientar nesta hora é que esta proposta de candidatos ditos «independentes» à AR só seria viável provocando a desgraça antidemocrática dos círculos uninominais e das suas consequentes perversões e entorses quanto à proporcionalidade e à igualdade de eficácia de voto entre cidadãos. Com efeito, se os defensores desta ideia estiverem a pensar em listas de 12, 25 ou 50 «independentes», então isso significa que eles estão unidos ou agregados em torno de um programa político comum, ou sejam são uma qualquer forma disfarçada de partido que não quer assumir os encargos e responsabilidades próprias a que os outros partidos estão obrigados.

P.S.: O título escolhido por Daniel Oliveira obriga-me a prestar o serviço público de esclarecer que os integrantes das listas dos partidos também são cidadãos e não são nem robots nem extraterrestres.

Ignorância atrevida

Quando alguém põe
o «aventar» a inventar






Que Mário Soares, Zita Seabra ou Vasco Pulido Valente (e, para ser justo, mais uma bom quarteirão de anticomunistas), insista ano sim ano não que, ao chegar ao Aeroporto da Portela, Álvaro Cunhal escolheu propositadamente falar em cima de uma chaimite ou que falou rodeado de um soldado e de um marinheiro, tudo para mimetizar Lénine na chegada à estação Finlândia, é coisa que não admira porque só lhes pode estar na massa do sangue. Agora que no blogue «aventar» apareça uma Fernanda Leitão a fazer o mesmo é coisa que não estava à espera porque não sabia do «pluralismo» do blogue . Assim sendo, com infinita caridade e generosidade, pela enésima vez aqui declaro que fui testemunha visual de que foi Jaime Neves que disse a Álvaro Cunhal para subir para cima da chaimite e que os dirigentes do PCP chegados então a Lisboa não faziam nenhuma ideia  de que em que sítio Álvaro Cunhal iria falar. Ah, e volto a dar alvíssaras a quem, nas fotos, fôr capaz de  descobrir o marinheiro em cima da chaimite na Portela de Sacavém. Há sim depois um sítio onde há soldado e um marinheirto mas, por castigo, não conto qual foi.

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