Como se pode ver acima na manchete do i, este jornal proclama que uma sondagem por si encomendada revela que 63,5% dos inquiridos defendem o cumprimento do memorando da troika e, ao mesmo tempo, que 84,1% querem a sua renegociação. Ora, desculpem lá, mas como 84,1% é bastante mais que 63,5%, isso só pode significar que uma grande maioria dos que dizem querer que o memorando seja cumprido afinal não quer que ele seja cumprido em diversos pontos importantes.
Por outro lado, é bem provável que quando a sondagem perguntou aos inquiridos sobre o cumprimento do memorando sem mais, a maioria dos inquiridos tenha entendido por memorando «aquela coisa em troca da qual veio o dinheiro». Dito isto, concluo apenas que o que eu gostava de conhecer eram os resultados de uma sondagem que, em vez de perguntar genericamente pelo cumprimento do memorando, tivesse perguntado pelo cumprimento discriminado de cada uma das medidas e orientações constantes do memorando que mais agrediram as condições de vida dos portugueses ou lesaram os seus direitos.