sobre a autoria do slogan
No Expresso online, a propósito da biografia de Jorge Sampaio escrita por José Pedro Castanheira, escreve-se a dado passo que, entre «32 factos que não conhecia sobre Jorge Sampaio», inclui-se o seguinte: «25 de abril, sempre. Lembra-se deste slogan do período pós revolucionário? Sabe quem o criou? Pois, foi Sampaio em 1977, no primeiro aniversário da Constituição».
Embora, muito tempo depois, para surpresa minha, Carlos Brito me tenha manifestado este seu idêntico convencimento, a minha versão da história e autoria deste slogan é diferente.
Do que me recordo perfeitamente é que, uns dias antes de uma reunião unitária cuja finalidade não consigo determinar com exactidão, Carlos Brito, como era normal num partido como o PCP, pediu-me que alinhasse um conjunto de sugestões de slogans (a escolhida a ser plasmada depois em cartaz) para ele levar à reunião em que estaria também mas não só Jorge Sampaio.
E recordo-me perfeitamente de ter pegado numa folha de cartolina, salvo erro azul clara mas de formato almaço, e aí ter desenhado oito ou nove rectângulos de cartaz e escrito à mão oito ou nove sugestões de slogans.
Manda a verdade que se diga que nenhuma delas era pura e simplesmente «25 de Abril sempre» mas numa delas escrevi sem margem para dúvidas «25 de Abril sempre» seguida de mais umas palavras que não recordo bem mas podem ter sido algo do género «no nosso coração». Nestes termos, o mérito e a contribuição de Jorge Sampaio para o célebre slogan foi ter parado no «25 de Abril sempre» que eu escrevera e proposto que se cortassem as minhas palavras a seguir (o que vim a achar uma excelente solução). Seria então um caso de meia-autoria.