06 outubro 2012

No «El País» de ontem

¿Saben de qué no hablarán
Obama y Romney en la serie
de debates que están
manteniendo estos días?



"Del sistema penitenciario de Estados Unidos" - responde José Ignacio Torreblanca em crónica com dados de arrepiar aqui.

Porque hoje é sábado ( 293 )

Beth Orton


A sugestão musical de hoje destaca
a cantora britânica Beth  Orton que,
 após seis anos de interrupção,
acaba de apresentar o seu novo álbum
 Sugaring Seasons.
 Dawn Chorus de Sugaring Seasons


No 5 de Outubro

Seguro pega em velha
bandeira da direita !


No tradicional jantar do PS em Alenquer comemorativo da implantação da República, depois de inflamadas críticas ao governo e de pujantes gritos de amor aos ideais republicanos, António José Seguro anunciou, em termos ainda não quantificados, o que se pode ler acima, ou seja chamou a si e ao PS uma velha bandeira da direita (indiciando que lhe pretende juntar os nefandos círculos uninominais).

O menos que se pode dizer é que, ao fazer um tal anúncio nesta conjuntura, António José Seguro, não tendo nenhuma esperança de reforçar a cotação eleitoral na base tíbia da sua «oposição», perdão abstenção, à política de austeridade, resolveu apostar na demagogia populista cedendo a toda a corrente de opinião (sempre amplamente estimulada) anti-Parlamento, anti-partidos e anti-políticos.

Diga Seguro o que disser, o essencial pode constar das seguintes três observações:

- a primeira é que, como a experiência mostrou, no actual sistema eleitoral, a redução global do número de deputados nunca se repercute proporcionalmente em todos os partidos, sendo sempre agravadamente mais afectados os partidos com menor representação parlamentar;

- a segunda é que, abaixo de um certo patamar, é muito difícil aos partidos mais pequenos assegurarem plena e eficazmente o seu conjunto de responsabilidades a nível parlamentar, o que corresponde a reforçar a dominação da vida parlamentar pelo PSD e pelo PS;

- a terceira é que a A.R. não tem deputados a mais, acontecendo sim que há partidos que têm deputados a mais para o fraco trabalho que fazem e outros que têm deputados a menos para o imenso labor que desenvolvem, injustiça que só os eleitores podem resolver.

Que me desculpem os que não querem ver ou não querem dizer, mas, decididamente, este PS de Seguro é um grande seguro para a direita.

Adenda em 8/10: Há dias, no Público,Vasco Pulido  Valente interrogava-se «porquê  em Alenquer ?». Pois então, do alto da minha idade e proximidade geográfica, eu esclareço que este jantar do PS vem na continuidade de uma tradição criada antes do 25 de Abril pelo republicano e mais tarde socialista de Alenquer, Teófilo Carvalho dos Santos, que viria a ser Presidente da AR. E julgo que, por razões de unidade antifascista, cheguei a ir a um nos anos 60.

05 outubro 2012

Rui Tavares no C.D.A

Ele flecte, flecte,
eu insisto, insisto

 Sobre isto, limito-me a repetir o que escrevi aqui :

A isto, que é antigo, apenas acrescento um ponto que tem que ver com o conceito de responsabilização democrática: é que, enquanto existirem, os partidos podem ser sempre encontrados pelos eleitores pra os castigarem ou premiarem pelo desempenho dos seus deputados; já os tais deputados «independentes» apresentados na forma referida por Rui Tavares se, no final do mandato, decidissem ir a outras vidas, ficariam, em caso de negativo desempenho, absolutamente impunes.

P.S.: ver na caixa de comentários resposta de Rui Tavares em que esclarece que não fez tal afirmação e não defende tal ideia.

Adenda em  11/10: a meu ver lamentavelmente, esta ideia acabou ser integrada e consagrada na Declaração do Congresso Democrático das Alternativas.

Congresso Democrático das Alternativas

Certamente mais uma 
deturpação da imprensa


Depois do que tenho escrito, não perderei mais tempo a comentar coisas como esta crítica «ao sectarismo na esquerda» que são típicas de um discurso a que convém sempre planar ou pairar sobre evidentes realidades animando e espalhando umas difusas generalizações e responsabilizações.

Limito-me agora a, tal como fiz com uma afirmação atribuída esta manhã a Vasco Lourenço, desejar que tenha sido também uma deturpação da imprensa esta atribuição ao Prof. José Reis da possibilidade de «um novo encontro das esquerdas».

É que eu era capaz de jurar que o que estava previsto e terá ocorrido na Aula Magna era e foi um encontro de pessoas de esquerda, umas mais outras menos, não é esse o problema.

P.S.: Curiosamente, a reportagem transmitida no Telejornal da RTP/1 sobre esta iniciativa identificou-a sempre por «Congresso Democrático das Esquerdas».

5 de Outubro ou...

... quando a bandeira ao contrário
diz mais que todo o discurso de Cavaco !


... e isto para não dizer que, em coerência com o que fazem, deviam era ter hasteado a bandeira da troika (se esta tivesse tal coisa).

Como não há aspas...

... espero sinceramente que
seja deturpação do jornal




Para ficar claro, refiro-me obviamente ao sujeito
«os agentes políticos», fórmula que, se
tivesse sido usada por Vasco Lourenço,
significaria uma lamentável generalização
e o meter todos no mesmo saco.

Por alguma razão, manchetes sobre o IMI

E não há quem os interne ?




04 outubro 2012

Jerónimo de Sousa na moção de censura

"O país não pode
esperar até 2015 !"




«(...) O governo que hoje é confrontado com a nossa Moção de Censura, é um governo cada vez mais isolado, um governo cada vez mais desacreditado aos olhos dos portugueses.
Os portugueses afirmam-no todos os dias, enchendo as praças e as ruas deste país como o fizeram no passado dia 29 a convocatória da CGTP, fazendo transbordar o Terreiro do Paço, exigindo o fim deste governo, um ponto final nesta política e do Pacto de Agressão que tudo arruína, como o haviam feito em 15 de Setembro e em muitas outras acções de luta, e, particular nas empresas contra o aproveitamento pelo capital das alterações ao Código de Trabalho.
O clamor de indignação e protesto que se houve por todo o país é porque sente e vê que neste governo a injustiça perpassa por todas as suas decisões. Que é a iniquidade que reina em cada medida tomada. O grito de revolta que atravessa o país resulta de hoje se saber com cristalina evidência que a preocupação central e única deste governo é a descobrir e escolher a melhor forma de transferir os custos da crise para os trabalhadores e para o povo. Não há outras política, não há preocupação senão esta, a de promover o sistemático empobrecimento dos trabalhadores e do povo, cortando salários e reformas, nos direitos laborais e sociais, aumentando impostos sobre o trabalho e sobre o consumo, cortando nos serviços públicos e aumentando os seus preços, retirando e diminuindo o alcance das protecção sociais no desemprego, na doença e na velhice.


Um governo que chegou aonde chegou usando o engano, sem disfarce e sem pudor, na conquista dos eleitores. Na caça ao voto valeu tudo!


Que não havia aumentos de IVA dizia-o o PSD. Nem de impostos afirmava o CDS. Nem cortes no 13º. Mês! Depressa esqueceram tudo, para fazer o contrário. Dizia o PSD no seu Programa Eleitoral, “queremos ser diferentes daqueles que nos governam e que não têm qualquer sentido de respeito pela promessa feita ou pela palavra dada. Assumimos um compromisso de honra para com Portugal. E não faltaremos, em circunstância alguma, a esse compromisso”. O resultado é conhecido!

O sentimento de repulsa que se colhe por todo o lado resulta da impossibilidade de já não haver artificio que possa encobrir a farsa do discurso da equidade nos sacrifícios. De se saber que o anúncio de medidas de agravamento fiscal sobre os rendimentos de capital são meras operações de diversão – areia para os olhos do povo! Que tudo cai e de forma dolorosa sempre sobre os mesmos – sobre os trabalhadores e sobre as camadas intermédias do povo. Da tomada de consciência de que o país competitivo de que falam é com o povo na miséria.
O país não pode esperar até 2015! Os que se apressam a proclamar que a rua não manda, que afirmam que o governo não pode atirar a toalha ao chão porque o governo está legitimado para governar, mostram a sua indiferença sobre o destino do país. Os que dizem que são um referência de estabilidade, quando são sim uma referência da continuidade, não estão a pensar no país, mas tão só neles, na possibilidade de poder lhes cair de podre no regaço para continuarem a mesma política de sempre, indiferentes ao sofrimento do povo e à derrocada do país! (...)» (na íntegra aqui)

Uma afirmação de Domingos Lopes ou...

... conta-me o que mais queres


Em artigo de opinião hoje no Público, de óbvia e legítima promoção do Congresso Democrático das Alternativas, o meu amigo Domingos Lopes, para meu desgosto, consegue escrever que (sublinhado meu) «para agravar esta situação, à esquerda, PCP e BE não dão um único sinal de entendimento nem entre eles, nem de encostar o PS às cordas.»

Diga-se em abono da verdade que, ao escrever isto, Domingos Lopes não está a criar nenhuma originalidade mas antes e  apenas a absorver um persistente juízo que outros, comoda e pouco racionalmente, tem alinhavado no espaço público.

Eu confesso que não percebo:o PCP e o BE têm discursos políticos autónomos (e diferenças de opinião em certas matérias) mas que convergem em numerosos pontos de grande importância; em regra, na AR votam reciprocamente a favor da maioria das propostas de cada um e, para abreviar, exprimem um similar apoio à maior parte das movimentações e lutas sociais, desde logo no que respeita  às grandes iniciativas  organizadas pelo movimento sindical unitário.

Sendo assim, que me resta dizer ? Que, quanto ao encostar o PS à parede, se de facto já não estiver, estou convencido que o PCP e o BE agradecerão as luminosas e fresquíssimas sugestões de Domingos Lopes. E que, quanto à alegada falta de «um único sinal de entendimento» entre PCP e BE, prefiro acreditar ainda que Domingos Lopes não esteja a pensar em soluções que afectariam a identidade e autonomia de cada um dos dois partidos e não se alinhe pelos que sobrevalorizam as coreografias mediáticas e desvalorizam a substância política concreta que descrevi no terceiro parágrafo.