O que eu nunca ouvi
a senhora Lagarde dizer
27 maio 2012
26 maio 2012
Hoje em Lisboa, sempre e sempre...
... uma incontornável
força de convicções
Jerónimo de Sousa, hoje nos Restauradores:(...) «Um novo rumo de uma política que rompa com a estratégia dos que, aqui em
Portugal e na União Europeia, face à profunda crise que criaram e aprofundam com
as suas políticas, se lançam agora em hipócritas manobras de propaganda que
falando de mudanças, visam no fundo mudar o necessário para que tudo fique na
mesma.
força de convicções
Manobras que falando-nos de emprego e crescimento, de conceitos hipócritas
como “austeridade inteligente”, como o PS aqui nos tenta vender, visam
essencialmente dar uma aparência diferente a uma mesma coisa, a uma mesma
política de exploração dos trabalhadores e favorecimento do grande capital.
É isso que significa o tão falado protocolo adicional ao tratado orçamental
que, seja aqui em Portugal ou na França, a social-democracia tenta agora
apresentar como a salvação, a grande mudança e o elemento distintivo.
Mas é tempo de alertar: colar um autocolante com as palavras emprego e
crescimento em cima de um pacto orçamental que impede esse mesmo crescimento e
emprego é o mesmo que atar de mãos e pés uma pessoa e depois dizer: anda!
Falar de crescimento e emprego sem tocar no pacto orçamental, sem beliscar as
medidas draconianas da governação económica, sem questionar o rumo seguido até
agora, e avançando até com propostas que visam aprofundar o rumo neoliberal e
federalista da União Europeia, de domínio dos mais fortes sobre os mais fracos,
é apenas uma e mesma coisa: insistir nas políticas que comandam a União Europeia
e que são a origem e a causa da crise que estamos a viver.
(...)
Daqui saímos convictos e confiantes de que com a acção e a luta de todos é
possível derrotar a política de direita de ruína nacional que tem acrescentado
crise à crise, acumulando destruição e desgraça.
Daqui saímos convictos e confiantes que é possível vencer, trazendo mais e
mais portugueses para a luta patriótica de exigência da rejeição do Pacto de
Agressão, alargando a corrente da esperança na possibilidade da mudança e de
concretização de uma nova política alternativa. (...)»
Texto integral aqui
Está tudo de cabeça perdida ?
Um estranho e chocante
esclarecimento do Público
A edição de hoje do Público de hoje incorpora na página 3 o seguinte (sublinhados meus) :
esclarecimento do Público
A edição de hoje do Público de hoje incorpora na página 3 o seguinte (sublinhados meus) :
«Esclarecimento
No telefonema que o ministro Miguel Relvas fez ao PÚBLICO tentando condicionar uma notícia , uma das ameaças era divulgar que a jornalista Maria José Oliveira «vivia com um homem de um partido da oposição». Perante novas perguntas suscitadas, importa esclarecer que a frase do ministro é falsa, como aliás foi comunicado à Entidade Reguladora da Comunicação Social e ao provedor dos leitores do PÚBLICO. A Direcção Editorial reitera a total confiança na competência profissional de Maria José Oliveira.»
Salvo melhor opinião, considero este «esclarecimento» um momento feio e triste na história do jornalismo português e um prémio dado a quem tenha referido ou ameaçado revelar um facto que é da absoluta esfera privada de uma jornalista. A coisas destas não se dá corda, confirmações ou desmentidos, dá-se desprezo e denúncia. Que a jornalista viva com um homem de um partido da oposição ou com um homem de um partido do governo ou viva sozinha é absolutamente irrelevante para o essencial do caso em questão. E que alguém do Público, com ou sem acordo da visada, tenha ido também esclarecer isto à ERC é, para mim, absolutamente chocante. Fosse eu membro da ERC e teria interrompido quem o estivesse a dizer para esclarecer que para a ERC a informação era completamente dispensável e alheia à matéria em inquirição. A única pessoa a quem reconheço que pudesse querer negar ou confirmar a insinuação ou afirmação sobre a suas relações afectivas era a jornalista Maria José Oliveira. Mas então devia fazê-lo pelo seu punho ou voz e não através da direcção editorial do Público.
Escrevo isto mas palpita-me que o faço por ser velho e por pertencer a uma escola antiga.
25 maio 2012
Notícia na «Sábado» sobre Relvas-secretas
[Aqui, Adenda de hoje ao post «o feliz casamento da água e do fogo»]
Os adjuntos são sempre os primeiros a cair
Os adjuntos são sempre os primeiros a cair
Notícia SÁBADO:
Adjunto de Miguel Relvas demite-se
25-05-2012
Por António José Vilela
Nos telemóveis de Jorge Silva Carvalho, o Ministério Público (MP) encontrou
mensagens trocadas com o ex-jornalista Adelino Cunha, adjunto do gabinete do
ministro Miguel Relvas. Entre 8 e 15 de Setembro de 2011, o adjunto e o
ex-espião combinam falar através de um telefone fixo, é referida uma ligação
através dos telefones da Presidência do Conselho de Ministros e concordam em
encontrar-se para beberem um café no Hotel Tivoli
Após ter sido
questionado pela SÁBADO, o adjunto do ministro anunciou a demissão – “Apresentei
o pedido de demissão, que o Ministro-Adjunto e dos Assuntos Parlamentares
aceitou”.
Já sobre as mensagens trocadas com o espião, o adjunto esclarece:
“Conheci o Dr. Jorge Silva Carvalho antes de ter sido nomeado adjunto político
do Ministro-Adjunto e dos Assuntos Parlamentares e mantive, por minha
iniciativa, contactos durante o período em que exerci funções”.
Adelino
Cunha especifica ainda porque é que falou e se encontrou com o ex-espião – “Em
Setembro de 2011, o Dr. Jorge Silva Carvalho manifestou a sua indignação pelo
facto de um envelope que lhe fora enviado pela Assembleia da República ter sido
alegadamente violado. A título pessoal, contactei antigos colegas jornalistas
alertando-os para esse facto. Informei-o também sobre os rumores que corriam na
Assembleia da República sobre o alegado conteúdo dos documentos”.
E
conclui: “Ao longo de 20 anos de carreira como jornalista e como historiador
trabalhei por diversas vezes matérias relacionadas com Serviços de Informações e
Defesa Nacional em artigos de jornais, revistas e nos livros que
publiquei”.
O jantar do
ministro
5 de Agosto, 20h 51m e 44s. Jorge Carvalho mandou um sms ao
assessor de Imprensa da Ongoing, o ex-jornalista Ricardo Santos Ferreira. A
confusão já estava instalada nas secretas com as primeiras notícias publicadas
que o apontavam como suspeito na passagem de informações para o grupo
empresarial de Nuno Vasconcellos. O assessor estaria preocupado e Jorge Carvalho
recomendou-lhe tranquilidade, elogiou-o e mandou-o repousar. O conselho foi que
ignorasse o que se dizia, pelo menos até ao dia seguinte quando saisse o jornal
Expresso.
Nessa altura, sim, se assim o decidisse Nuno Morais Sarmento,
o ainda hoje seu advogado e ex-ministro da Presidência dos Governos de Durão
Braroso e Santana Lopes. Nessa noite, não, porque o ex-espião dizia estar na
Quinta do Lago, a jantar no restaurante Gigi. E Jorge Silva Carvalho gabou-se
que estava a comer com Rafael Mora, o patrão e o número dois do grupo Ongoing, e
ainda Miguel Relvas, que há cerca de mês e meio fora empossado ministro-adjunto
e dos Assuntos Parlamentares do actual Governo liderado por Pedro Passos
Coelho.
Miguel Relvas já confirmou na Comissão parlamentar de Assuntos
Constitucionais ter recebido emails e sms de Jorge Silva Carvalho. “Conheci
Jorge Silva Carvalho num acontecimento público em abril” (2010), disse e
assegurou: “Nem ele me fez perguntas sobre o PSD, nem eu lhe fiz perguntas sobre
os serviços secretos”. E garantiu que não voltou a falar com o ex-espião depois
de ter assumido o cargo de ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares.
A SÁBADO fez várias questões ao ministro Miguel Relvas, sobretudo sobre
o alegado jantar na Quinta do Lago. A resposta foi sucinta: “Os esclarecimentos
sobre este assunto foram oportunamente prestados na 1ª Comissão
Parlamentar.Nessa altura afirmei que me tinha cruzado com o Dr. Jorge Silva
Carvalho numa festa de aniversário, no Algarve, em Agosto de 2011”.
Já
sobre a intervenção do seu adjunto, Miguel Relvas diz: “Quanto às sms’s do meu
Adjunto, Dr. Adelino Cunha, nada mais tenho a acrescentar ao que foi dito pelo
próprio”.
Para o Ministério Público (MP), a referência às relações entre
Jorge Silva Carvalho e Miguel Relvas estão no processo crime para demonstrar que
o espião se relacionava bem com novo poder político saído das eleições
legislativas que derrotaram José Sócrates, a 5 de Junho de 2011 (a tomada de
posse do novo Governo foi a 21 de Junho). E também para explicar que, depois de
Jorge Silva Carvalho se demitir em Novembro de 2010 da direcção do Serviço de
Informações Estratégicas de Defesa (SIED), sempre tivera a intenção de regressar
aos serviços secretos como secretário-geral do Serviço de Informações da
República Portuguesa (SIRP). E que, para isso, manteve uma teia de influência
dentro e fora dos serviços secretos.
Na relação com Miguel Relvas, apesar
de se tratarem com algum formalismo nas mensagens que trocaram, a relação do
ex-espião com o actual ministro já seria bem anterior ao alegado jantar da
Quinta do Lago. No processo constam também mensagens enviadas a Miguel Relvas a
10, 12 e 18 de Novembro de 2010, no mês em que o ainda superespião negociou com
Nuno Vasconcellos a entrada como administrador no grupo Ongoing – no inquérito
estão também várias respostas evasivas de Miguel Relvas. Um delas foi enviada a
16 de Abril de 2010, com o então braço direito de Passos Coelho no PSD a
prometer ao espião a satisfação de um pedido (processo não diz qual). Já a 18 de
Novembro, o tema do sms é o jornalista Nuno Simas – sem qualquer outra
referência que permita perceber do que se tratava.
Mas se existia
formalismo no trato entre Jorge Silva Carvalho e Miguel Relvas, também se
percebe – sobretudo pelo tipo de mensagens enviadas por Silva Carvalho - que a
relação entre ambos permitiu que o ex-espião lhe dissesse que deveria ser o
futuro secretário-geral do SIRP. E, já agora, quem seriam os outros nomes que
deveriam ocupar as direcções do SIED: João Bicho e a adjunta F.T (ex-PJ que fez
a auditoria interna ao SIED, que consta no processo crime, e onde não ficou
sequer provado quem nos serviços teria tido acesso à facturação telefónica do
jornalista Nuno Simas). E do SIS: Luís Neves, ainda hoje director
nacional-adjunto da PJ para a área do Terrorismo (Jorge Carvalho já convidara no
passado para ser o seu número dois no SIED, mas Luís Neves recusou) e a espia
P.M. A indicação foi dada a Miguel Relvas a 19 de Maio de 2011, às 21h
37m.
Nessa altura, Silva Carvalho também alertou Miguel Relvas, com
alguma ironia à mistura, para as movimentações que estariam a acontecer por
parte de Ângelo Correia, um militante histórico do PSD e ex-patrão de Pedro
Passos Coelho no sector privado – Silva Carvalho revelou que Ângelo Correia
estaria a manobrar nos bastidores para afastar do SIS um velho rival do
superespião, o também espião G.V.
Segundo Silva Carvalho, o rival já
teria até o caminho traçado para o sector privado: seria colocado no Millenium
BCP. A manobra de afastamento dos serviços era vista como necessária para o
histórico do PSD colocar na liderança do SIS a mulher de G.V., a espia H.R. –
qualificada como meia louca por Jorge Carvalho.
Dias depois, a 6 de
Junho, o espião repetiu tudo isto numa mensagem que enviou ao director nacional
adjunto Luís Neves. O director nacional da PJ disse à SÁBADO que Silva Carvalho
nunca lhe disse sequer que teria enviado o seu nome a Miguel Relvas sugerindo-o
para a direcção do SIS. “A minha vontade é que manda: esse nunca foi o meu
caminho”, diz peremptório. A SÁBADO ainda não conseguiu contactar Ângelo
Correia. »
24 maio 2012
O caso Público - Relvas
Acredite quem
quiser ou o que não houve
quiser ou o que não houve
Depois disto, quem acompanha este assunto ou acredita que três jornalistas do «Público» - Maria José Oliveira, Leonete Botelho e Bárbara Reis ( directora) - se mancomunaram e conspiraram infamemente para inventar a ameaça de Relvas de divulgação de aspectos da vida privada da primeira ou então, como eu, acha que se nesta história tem entrado em cena um gravador, o que seria - sublinho - uma grave e indesejável quebra ética, a esta hora Miguel Relvas já não seria Ministro.
A tempo de apontar na agenda
Uma homenagem a
Urbano Tavares Rodrigues
Quarta-feira, dia 30 de Maio, às 18 hs. no Anfiteatro IV da Faculdade de Letras de Lisboa, uma justa e merecida e oportuna homenagem a Urbano Tavares Rodrigues, escritor de mérito, intelectual lúcido e comprometido, exemplo grande de humanismo, verticalidade, coragem e dignidade, meu estimado camarada e meu querido amigo.
23 maio 2012
O suave milagre do PS, do PSD e do CDS
O feliz casamento
do fogo com a água
do fogo com a água
Adenda em 25/5:
Infelizmente parece que o arquivo de videos da Quadratura do Círculo parou em 29.4.2011. Se assim não fosse, os leitores poderiam agora estar as assistir a uns momentos memoráveis no final do programa de ontem. Aconteceu apenas que, depois de António Costa ter celebrado o êxito do PS em conseguir o apoio do do PSD e do CDS para o seu «adicional» para «o crescimento e o emprego», José Pacheco Pereira, em termos absolutamente devastadores, veio lembrar que, no essencial, a política que tem estado a ser seguida é a avalizada pelo PS no memorando da troika, lembrou o voto do PS a favor do tratado orçamento, lembrou o voto do PS sobre a legislação laboral (bem mais estruturante, disse ele) e encafuou a questão da adenda ou adicional para o crescimento apresentado pelo PS (aliás vastamente expurgado pelo PSD e CDS) no reino das «words ,words, words».
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