Entrada no Público de hoje para uma entrevista
com Paulo Mendo, ex-secretário de Estado
e ministro da Saúde de Governos do PSD
(muito contestado na época mas
cujas opiniões melhoraram com o tempo)
A notícia de que o governo pretende abolir os descontos de 50% nos pases sociais para jovens e idosos confirma que as hordas de Átila invadiram e tomaram conta dos ministérios e do governo do país. Assaltadas e roubadas já de todas as formas e feitios, a generalidade das familias portugueses com filhos a estudar veria assim os seus orçamentos familiares sofrerem um assinálavel acréscimo de despesas. E se pensarmos na maioria dos idosos portugueses, a maior parte dos quais já a roçar os limiares da mais patente pobreza, a medida é verdadeiramente cruel e desumana. Basta pensar no caso de um idoso com mais de 65 anos que actualmente compra um L1 (um dos mais baratos) por cerca de 23 Euros e que passaria a pagar por ele cerca de 46 euros. Doze meses vezes 23 Euros é igual a 276 Euros anuais de acréscimo de despesa, ou seja, mensalmente muito mais de metade de quem receber uma pensão social, metade de uma reforma mensal de 550 Euros e 40% de uma reforma mensal de 680 Euros.
Desculpem a brutalidade da afirmação, mas dir-se- ia que este pessoal que nos agride e desgoverna o país quotidianamente, tirando os que lhes são próximos, deve ter uma sonho escondido:o de que, de repente e qual abençoada praga, a esperança de vida passe para os 65 anos.
«(...) Mais meia hora de trabalho por dia, diminuição para metade do valor das horas extraordinárias, facilitação e corte nas indemnizações de despedimento, e agora a retirada de quatro dias feriados, são tudo receitas para um mesmo resultado: pôr os trabalhadores a trabalhar mais ganhando menos.
Para o Ministro da Economia carregar no factor trabalho é a única política económica que conhece. Quanto ao resto, nada diz.
Custos da electricidade a alimentar os 609 milhões de euros de lucros da EDP no primeiro semestre e a penalizar fortemente as empresas? Desconhece.
Preços dos combustíveis à medida dos 209 milhões de euros da Galp no primeiro semestre e a afundar sectores inteiros da nossa economia? Nunca ouviu falar.
Crédito inexistente ou com taxas de juro agiotas? Não é nada com ele.
Práticas monopolistas da grande distribuição (200 milhões de euros de lucros no primeiro semestre) que destroem as pequenas e médias empresas e muitos sectores produtivos? Não sabe, nem quer saber.
O Ministro da Economia é a prova de que o Governo não quer mais competitividade; quer apenas mais exploração dos trabalhadores e a destruição de milhares de pequenas e médias empresas! É a política dos “Chicago Boys” à portuguesa.
Quanto ao PS, em abono da verdade deve dizer-se que a sua posição tem coerência e que até talvez tivesse ainda mais coerência o voto a favor. É que o PS é o primeiro subscritor do pacto de agressão e naturalmente não pode enjeitar a política incluída neste orçamento.
E não vale a pena o PS, procurando disfarçar a sua total e completa submissão à política de direita, vir mais uma vez com a estafada conversa de que o problema foi ter sido chumbado o PEC IV. Mas então se o PEC IV propunha a privatização das empresas públicas (Correios, CP, ANA, etc.), o congelamento do salário mínimo e das pensões e reformas, um corte na saúde e nas prestações sociais, o encerramento de muitas escolas, o aumento dos impostos sobre o trabalho, o aumento do IVA sobre os bens essenciais, o corte no subsídio de desemprego, entre tantas outras medidas profundamente negativas, então quem devia aprová-lo? O PCP ou a direita que aprovou o PEC I, o PEC II, o PEC III, o Orçamento para 2010 e o Orçamento para 2011 e que só por hipocrisia e cálculo político e eleitoral não aprovou o PEC IV? (...)» (texto integral aqui).
Tendo em conta os suspiros ou reclamações que aqui se dirigiram ao PCP, pelo manifesto interesse público e relevância da questão e como prova nada desprezível da minha abertura de espírito e capacidade de acolher exigências alheias, informo que acabo de deixar na respectiva caixa o seguinte comentário :
«Fulminado por esta ideia das «desautorizações» por parte do PCP a pessoas que, sob nome verdadeiro ou falso, escrevem nas caixas de comentários dos blogues, informo que já escrevi à Direcção do PCP a propôr o seguinte:
- que o Avante!, semanalmente e de preferência longe da rubrica «obituário», crie uma rubrica intitulada «desautorizações» com o teor que aqui exemplifico: « A direcção do PCP entende informar os militantes do Partido e a opinião pública em geral que, na semana transacta, desautoriza as seguintes opiniões emitidas em caixas de comentários de blogues por cidadãos que se apresentaram como comunistas:
- «Chico da Foice» no «Vias de Facto»;
- «António do Martelo» no «Cinco Dias»
- «Álvaro Guevara» no «Spectrum»
(etc., etc.)
- e ,finalmente, como exigência organizativa decorrente do ponto anterior, que o PCP crie uma linha telefónica gratuita para receber informações ou sugestões sobre comentários em caixas de blogs de que se deva demarcar.»
Na altura não me lembrei mas agora acrescento uma terceira sugestão à Direcção do PCP relativamente a este momentoso problema:
«- que os organismos executivos do Comité Central do PCP, após o estabelecimento de uma lista dos 50 blogues mais importantes a acompanhar, os distribua pelos seus membros para acompanhamento diário e com caracter prioritário em relação a todas as outras tarefas que lhes estão atribuidas».