30 outubro 2011

Notícias da «grande democracia»

Não seria um tema interessante
para jornalistas portugueses ?



Caitlin Curran, na foto segurando
um placard,
conta aqui
How Occupy Wall Street
Cost Me My Job

Jazz para o seu domingo

Laura Ainsworth...



Love for Sale



... e Pharoah Sanders

Francamente, já não há pachorra !

Um caso de «umbigose»

Não, não e não, perdoem mas não me dou ao trabalho de explicar porque é que, tendo em conta o património conceptual e prático adquirido desde o 25 de Abril, esta extinção do Tribunal Constitucional passando a secção do Supremo Tribunal de Justiça seria um retrocesso jurídico e democrático perfeitamente parvo. Não, vou só lembrar que Noronha do Nascimento é o actual Presidente do Supremo Tribunal de Justiça e, portanto, esta sua ideia é absolutamente isenta e desinteressada. E, para mim, tudo isto, se não for coisa pior, é apenas mais um caso de uma doença que os manuais de medicina não descrevem mas parece existir, a saber, o crescimento desmesurado do umbigo que agora resolvi baptizar de «umbigose».

29 outubro 2011

Transformar opinião em luta

Parece que os portugueses
não andam a dormir na forma




via Rafael Fortes no «cinco dias»,
sondagem hoje no Expresso

Na mouche !


Luís Afonso, sempre !

 Hoje no Público
E também não deve ser por acaso que,
para ilustrar uma peça sobre o aumento
da pobreza, o circunspecto Le Mondeescolheu este cartoon.

Porque hoje é sábado (311)

Tom Waits


A sugestão musical de hoje incide
no cantor norte-americano
Tom Waits que acaba de publicar
há dias o seu novo álbum Bad As Me.








Aqui, na NPR, duas horas e meia d0 concerto
de
 Tom Waits em Atlanta, em 2008.

28 outubro 2011

Piam tarde mas não reconhecem

"Ciência certa" mas
atrasada pelo menos 9 anos !


«Não sei até que ponto o dia seguinte da cimeira desta  semana vai ser como os dias seguintes  das cimeiras europeias dos últimos anos. Mas algo sei de ciência certa: a Europa teve mais olhos que barriga quando se lançou na aventura do euro e, agora o risco de indigestão é um também um risco de colapso. »
José Manuel Fernandes,
hoje no Público


E pronto, dou alvíssaras generosas e fartas a quem for capaz de descobrir algum texto de José Manuel Fernandes onde, durante os vários anos (de 1995 a 2002) em que se discutiu a criação do euro, a tenha considerado uma aventura».
E, de ciência certo o que posso garantir, com a máxima autoridade, é que não foi José Manuel Fernandes que escreveu a crónica seguinte em torno de uma célebre e muito canónica afirmação de António Guterres sobre a criação do euro.

Cristo e a moeda única

No passado sábado, três vezes olhámos e lemos a entrada da notícia do «Público» sobre a Cimeira de Madrid e não queríamos acreditar. Pior do que isso, fomos assaltados por aquela difusa mas terrível sensação de, por um momento, ou sentirmos que não somos deste mundo ou sentirmos que o bom senso, a noção do ridículo, o sentido das proporções e o espirito crítico já seriam puros vestigios arqueológicos de tempos remotos.

Mas era mesmo verdade. Desenvolvendo uma destacada referência da primeira página, a citada notícia arrancava mesmo como segue: « " Euro, tu és o euro e sobre este euro edificaremos a União Europeia ". Foi com esta afirmação que o primeiro-ministro português saudou ontem o acordo dos líderes europeus sobre o nome da moeda única europeia. A imagem , recordando a conversa entre Jesus Cristo e São Pedro - "Pedro, tu és Pedro e sobre ti edificarei a minha Igreja " - não podia ser mais apropriada: o baptismo do "euro" constitui sobretudo um acto de voluntarismo e de fé na moeda única ».



E como se isto já não bastasse para nos atirar para um indisfarçável mal-estar, no dia seguinte o « Público » fazia outra notícia sobre a Cimeira arrancar assim : «" Era bom que ele hoje dissesse uma frase como a de ontem (sexta-feira), foi muito bonita" - comentava ontem um jornalista espanhol ainda surpreendido com a referência do Primeiro -Ministro português aos Evangelhos com que ilustrou o nascimento do euro » .

Deixamos ao cuidado de cada um - seja crente, agnóstico ou ateu - a avaliação sobre o bom ou mau gosto de parafrasear Jesus Cristo a respeito da moeda única. Deixamos ao cuidado de cada um reflectir sobre o significado de a ânsia de notoriedade europeia deste estreante dos Conselhos Europeus o ter levado ao ponto de adaptar e instrumentalizar «a palavra do Senhor ».

Por nós, apenas nos apetece observar duas coisas um pouco diferentes: a primeira, é que, dado que o Eng. Guterres recorre a citações bíblicas com uma frequência absolutamente incomum em qualquer católico, é de suspeitar que essas citações estejam para o seu discurso como as anedotas ou piadas estão para o discurso dos políticos norte-americanos, ou sejam, são estudadas, premeditadas e já vão no bolso do casaco; a segunda, é que a imagem a que Guterres recorreu, mais do que voluntarismo ou fé na moeda única, parece sim desvendar que na mundivivência do Eng. Guterres a religião da moeda única, do federalismo contra as soberanias nacionais e da ditadura dos mercados financeiros, da competitividade e da globalização contra os direitos sociais deve estar em àspera peleja territorial com o seu tão exibido catolicismo.

A verdade é que bastaram uma frase deste tipo, a «nuance» de uma alegada insatisfação quanto ao desemprego e meia dúzia de «briefings» com a comunicação social para que, por exemplo, o «Expresso» viesse dizer que « Portugal viu triunfar em Madrid quase todas as posições que trazia para a Cimeira dos Quinze » ( mas, com licença, eram boas?) , que a Cimeira de Madrid «marca uma viragem radical na abordagem portuguesa da política comunitária » ( mas, com licença, em quê ? ).

Em vésperas de Natal, a pensar em todos os que andam entretidos a fugir da realidade, apenas apetece uma citação de Mateus colhida em epígrafe de um grande romance de Redol: «Deixai-os: cegos são e condutores de cegos; e se um cego guia a outro cego, ambos vêm a cair no barranco ».

(in Avante! de 2.11.1995)


A cimeira de ontem e...

... a opinião de Jacques Sapir
(economista, em Marianne)

( Desenho: Louison )
L'accord réalisé cette nuit ne fera que prolonger l'agonie de l'Euro car il ne règle aucun des problèmes structurels qui ont conduit à la crise de la dette. Mais, en plus, il compromet très sérieusement l'indépendance économique de l'Europe et son futur à moyen terme. C'est en fait le pire accord envisageable, et un échec eût été en fin de compte préférable.
Nos gouvernements ont sacrifié la croissance et l'indépendance de l'Europe sur l'autel d'un fétiche désigné Euro.

Huit mesures actées

Si nous reprenons les mesures qui ont été actées nous avons :
 
1. Une réduction partielle de la dette mais ne touchant que celle détenue par les banques. Autrement dit c'est 100 milliards qui ont été annulés et non 180 (50% de 360 milliards). Cela ne représente que 27,8%. La réalité est très différente de ce qu'en dit la presse. Cela ramènera la dette grecque à 120% en 2012, ce qui est certes appréciable mais très insuffisant pour sortir le pays du drame dans lequel il est plongé.
 
2. Le FESF va se transformer en « fonds de garantie » mais sur les 440 milliards du FESF, seuls 270 milliards sont actuellement « libres ». Comme il faut garder une réserve c'est très probablement 200 milliards qui serviront à garantir à 20% les nouveaux emprunts émis par les pays en difficultés. Cela représente une capacité de 1000 milliards d'emprunts (200 / 0,2). C'est très insuffisant. Barroso avait déclaré qu'il fallait 2200 milliards et mes calculs donnaient 1750 milliards pour les besoins de la Grèce (avant restructuration) du Portugal et de l'Espagne. Cet aspect de l'accord manque totalement de crédibilité.
 
3. La recapitalisation des banques est estimée à 110 milliards. Mais, l'agence bancaire européenne (EBA) estimait ce matin la recapitalisation à 147 milliards (37 de plus). De plus, c'est sans compter l'impact du relèvement des réserves sur les crédits (le core Tier 1) de 7% à 9% qui devra être effectif en juin 2012. Il faudra en réalité 200 milliards au bas mot, et sans doute plus (260 milliards semblent un chiffre crédible). Tout ceci va provoquer une contraction des crédits (« credit crunch ») importante en Europe et contribuer à nous plonger en récession. Mais, en sus, ceci imposera une nouvelle contribution aux budgets des États, qui aura pour effet de faire perdre à la France son AAA !
 
4. L'appel aux émergents (Chine, Brésil, Russie) pour qu'ils contribuent via des fonds spéciaux (les Special Vehicles) est une idée très dangereuse car elle va enlever toute marge de manoeuvre vis à vis de la Chine et secondairement du Brésil. On conçoit que ces pays aient un intérêt à un Euro fort (1,40 USD et plus) mais pas les Européens. La Russie ne bougera pas (ou alors symboliquement) comme j'ai pu le constater moi-même lors d'une mission auprès du gouvernement russe en septembre dernier.
 
5. L'engagement de Berlusconi à remettre de l'ordre en Italie est de pure forme compte tenu des désaccords dans son gouvernement. Sans croissance (et elle ne peut avoir lieu avec le plan d'austérité voté par le même Berlusconi) la dette italienne va continuer à croître.
 
6. La demande faite à l'Espagne de « résoudre » son problème de chômage est une sinistre plaisanterie dans le contexte des plans d'austérité qui ont été exigés de ce pays.
 
7. L'implication du FMI est accrue, ce qui veut dire que l'oeil de Washington nous surveillera un peu plus... L'Europe abdique ici son « indépendance ».
 
8. La BCE va cependant continuer à racheter de la dette sur le marché secondaire, mais ceci va limiter et non empêcher la spéculation.
 
Les piètres conclusions que l'on peut en tirer...
Au vu de tout cela on peut d'ores et déjà tirer quelques conclusions : 
- Les marchés, après une euphorie passagère (car on est passé très près de l'échec total) vont comprendre que ce plan ne résout rien. La spéculation va donc reprendre dès la semaine prochaine dès que les marchés auront pris la mesure de la distance entre ce qui est proposé dans l'accord et ce qui serait nécessaire.
 
- Les pays européens se sont mis sous la houlette de l'Allemagne et la probable tutelle de la Chine. C'est une double catastrophe qui signe en définitive l'arrêt de mort de l'Euro. En fermant la porte à la seule solution qui restait encore et qui était une monétisation globale de la dette (soit directement par la BCE soit par le couple BCE-FESF), la zone Euro se condamne à terme. En recherchant un « appui » auprès de la Chine, elle s'interdit par avance toute mesure protectionniste (même Cohn-Bendit l'a remarqué....) et devient un « marché » et de moins en moins une zone de production. Ceci signe l'arrêt de mort de toute mesure visant à endiguer le flot de désindustrialisation.
 
- Cet accord met fin à l'illusion que l'Euro constituait de quelque manière que ce soit une affirmation de l'indépendance de l'Europe et une protection de cette dernière.

Pour ces trois raisons, on peut considérer que cet accord est pire qu'un constat d'échec, qui eût pu déboucher sur une négociation concertée de dissolution de la zone Euro et qui aurait eu l'intérêt de faire la démonstration des inconséquences de la position allemande, mais qui aurait préservé les capacités d'indépendance des pays et de l'Europe.

Les conséquences de cet accord partiel seront très négatives. Pour un répit de quelques mois, sans doute pas plus de six mois, on condamne les pays à de nouvelles vagues d'austérité ce qui, combiné avec le « credit crunch » qui se produira au début de 2012, plongera la zone Euro dans une forte récession et peut-être une dépression. Les effets seront sensibles dès le premier trimestre de 2012, et ils obligeront le gouvernement français à sur-enchérir dans l'austérité, provoquant une montée du chômage importante. Le coût pour les Français de cet accord ne cessera de monter. 

Politiquement, on voit guère ce que Nicolas Sarkozy pourrait gagner en crédibilité d'un accord où il est passé sous les fourches caudines de l'Allemagne en attendant celles de la Chine. Ce thème sera exploité, soyons-en sûrs, par Marine Le Pen avec une redoutable efficacité. Il importe de ne pas lui laisser l'exclusivité de ce combat.
 
La seule solution, désormais, réside dans une sortie de l'euro, qu'elle soit négociée ou non.

E agora o britânico

Richard Thompson





27 outubro 2011

Não são juros...

... são comissões !



No Público online :«As comissões a pagar por Portugal pelos empréstimos concedidos pela troika atingirão um total de 655 milhões de euros até 2013, disse nesta quinta-feira na Assembleia da República o ministro das Finanças, Vítor Gaspar.

Durante um debate sobre a proposta de orçamento rectificativo para 2011, o deputado comunista Honório Novo perguntou ao ministro se era correcto o valor de 335 milhões em comissões a pagar este ano pelos empréstimos da troika composta pelo Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional e Comissão Europeia, “cerca de dez por cento do chamado ‘desvio colossal’”.

Vítor Gaspar respondeu que o valor das comissões para 2011 era “o que [Honório Novo] citou, 335 milhões de euros”.

“Para 2012 estão previstos 211 milhões de euros, para 2013 [prevêem-se] 84 milhões de euros, e em 2014 serão 25 milhões de euros”, disse o ministro.

O deputado do PCP perguntou ainda quanto é que o Estado português irá pagar de juros pelo empréstimo da troika.

“Além dos 66 euros [em comissões] que cada português paga pela chamada ajuda, quanto é que serão os juros globais desta ajuda? Quanto é que Portugal pagará só em juros para nos levarem pelo mesmo caminho que a Grécia, ao empobrecimento generalizado do país?”, perguntou Honório Novo.

O secretário de Estado do Orçamento, Luís Morais Sarmento, disse não ter os números imediatamente disponíveis, mas prometeu enviá-los ao deputado “certamente até amanhã” (sexta-feira).