20 julho 2014

Para o seu domingo, a norte-americana

Lila Ammons

O CDS e o país

Está explicada 
a continuação do incêndio


Na verdade, suponho eu que, quando uma casa está a arder, ninguém se põe com arrumações. Desta vez, as coisas não correram berm ao pequeno lorde dos soundbytes.

Impunidade e prisão

O sempre acutilante Millás



«Hace poco, un hijo de Gallardón se libró del test de alcoholemia refugiándose, tras una aparatosa huida, en la casa de su padre. Peor fue el caso de Esperanza Aguirre, que se dio a la fuga derribando una moto de la policía cuando los agentes intentaban multarla. No paró hasta llegar a su domicilio, pese a los requerimientos de un coche patrulla desde el que, en paralelo al suyo, le daban órdenes de detenerse. Ya en casa, y frente a los requerimientos de los municipales, envió a sus escoltas-funcionarios públicos —a sueldo del contribuyente—, que salvaron también a la expresidenta de la Comunidad de Madrid de someterse, como es preceptivo, al test de alcoholemia. Usted y yo habríamos soplado, nos habrían analizado la saliva, habríamos dormido en el calabozo, y estaríamos ahora pendientes de un juicio por desobediencia a la autoridad, intento de agresión a la policía y desórdenes públicos, entre otros. Total, cuatro o cinco años de cárcel. Privilegios de clase, como el de la delincuencia organizada que, si se empeña, consigue una amnistía fiscal por la que regulariza lo defraudado a menor costo que si lo hubiera declarado en tiempo y forma.
He aquí, sin embargo, que Carlos Cano, un licenciado en Medicina de 25 años, entró hace dos días en prisión para cumplir tres años por participar en un piquete informativo durante cuya actuación no hubo heridos, no hubo destrozos, no hubo vandalismo ni evasión de capitales ni cohecho ni malversación de caudales públicos. No hubo nada, en fin, aunque esa nada le va a destrozar la vida. Es un caso, pero los hay a docenas. Estos jóvenes, perseguidos con saña en un país donde el presidente del Gobierno envía mensajes de apoyo a un delincuente, son los héroes de un tiempo por venir.»
No El País de sexta-feira

19 julho 2014

Porque hoje é sábado (405)

Jacobo Serra



A sugestão musical de hoje é dedicada ao cantor espanhol (que canta em inglês) Jacobo Seerra com dois temas do seu disco Don’t give up.



Clarinho como água !

Mobilizar Portugal  
para a mudança de caras



18 julho 2014

Talvez tempo de lembrar...

.... quando Israel
gostava do Hamas




 aqui no insuspeito



1944-2014

Good-bye to Johnny Winter





A. Cunhal e a coligação PS-PCP em Lisboa em 1989

Só para que fique escrito


Num trabalho de duas páginas publicado na edição impressa (e só parcialmente na edição online) do Público de domingo, intitulada «Os acordos estão em aberto no futuro  do PS», a jornalista São José Almeida escreve a propósito da coligação PS-PCP para a Câmara de Lisboa em 1989 (sublinhados meus):

«Supervisionadas por Lopes Cardoso, pelo PS, e por Domingos Abrantes, pelo PCP, as negociações foram protagonizadas pelo comunista Luís Sá e pelo socialista Eduardo Ferro Rodrigues. E é do domínio dos bastidores da política que Álvaro Cunhal - ausente na União Soviética para ser operado a um aneurisma - não gostou da ideia e responsabilizou a coligação pela erosão eleitoral que os comunistas viriam a sofrer».

Sobre isto, só quero que fique escrito o seguinte:

1. Álvaro Cunhal regressou da União Soviética em 16 de Março de 1989, ou seja vários meses antes de se ter iniciado o processo negocial que conduziria à concretização daquela coligação e, portanto, a todo o tempo de o acompanhar de perto. Aliás, a primeira proposta de coligação é apresentada pelo PCP ao PS verifica-se em Janeiro de 1989 mas obviamente decidida com Álvaro Cunhal ainda em Portugal. Tendo sido recusada pelo PS, o Comité Central do PCP declarou em 14 de Março de 1989 que «considera encerrada a apresentação de propostas ao PS para coligações nas autarquias em que a direita está em maioria (...).O PS assume uma grande responsabilidade por ter recusado criar as melhores condições para enfrentar e derrotar a direita.»(Avante, 16/3/1989). E, em 18 de Março de 1989, em comício no  Pavilhão dos Desportos, Álvaro Cunhal sublinharia que  «Creio que o nosso povo tem fortes razões para lamentar a resposta do PS às nossas propostas tendo como linha de força o acordo e a convergência e abertas a soluções muito diversas a ponderar e a acordar.» Recorde-se ainda que a decisão de Jorge Sampaio de se candidatar no contexto de uma coligação com o PCP só ocorreu  em 6 de Julho de 1989, abrindo-se então o processo negocial com reuniões entre delegações dos dois partidos.


2. Para não me basear apenas nas minhas memórias desse tempo e processo e das muitas conversas que sobre o assunto mantive com o Luís Sá, consultei camaradas membros dos organismos executivos do CC do PCP na época e, como resultado disso, aqui venho afirmar que não tem qualquer fundamento a invocada ideia de reservas, críticas  ou oposição de Álvaro Cunhal à concretização dessa coligação

3. Por fim, apenas dois extractos de posteriores  declarações públicas de Álvaro Cunhal:
- em conferência de Imprensa  para
apresentação das conclusões do C.C.:

«Esta aliança abriu possibilidades de um muito maior intercâmbio de opinião entre Partidos democráticos e alianças com Partidos que se situam numa área indecisa.»Considerado «de alto valor» a constituição da coligação «Por Lisboa», Álvaro Cunhal comentou «as recentes e inteiramente falsas afirmações do Primeiro-Ministro no comício de Faro do PSD.» (Avante, 3/8/1989) 


- no discurso  na Festa do Avante !

«Cabe aqui saudar, como grande acontecimento político da actualidade, a constituição da coligação «Por Lisboa», coligação do Partido Comunista Português, do Partido Socialista, do Partido Ecologista Os Verdes e do MDP/CDE. O objectivo é libertar o municío da capital da desastrosa e atribiliária gestão PSD/CDS personaliza em Abecassis.»

(Avante!, 14/9/1989)

17 julho 2014

Dois documentário


a ler aqui



documentário integral aqui

A memória e os arquivos são uma chatice !

[Ver Adenda ao post «Quem vê eleições não vê o depois»]

Há 18 anos (*), o que eu
ouvia era «lá estão eles
com a cassete»


Agora, por causa do que se sabe (e ainda não se sabe tudo), têm aparecido alguns artigos que, embora evitando em regra abranger as ligações deste grupo com o fascismo, recordam e recapitulam as suas profundas articulações e promiscuidades com sucessivos governos rosa ou laranja pós-25 de Abril. Mas andava tudo muito distraído quando, por mero exemplo, em 1996, o PCP escrevia na Resolução do seu XVI Congresso (*):

«No período que decorreu desde o XIV Congresso acentuou-se a política de direita, prosseguida primeiro pelo Governo do PSD e, mais recentemente, pelo actual Governo do PS, de reconstituição, restauração e institucionalização do capitalismo monopolista de Estado como sistema socioeconómico e sua associação ao capital estrangeiro.
Este processo, em desenvolvimento desde 1976, encontra-se em fase avançada, embora não concluído, e caminha a par de transformações profundas do regime político, do agravamento da exploração dos trabalhadores e de atentados contra os seus direitos e liberdades, de limitações da soberania e independência nacionais.
Apoiados e incentivados através da concessão de benesses e privilégios e de fraudulentos processos de privatização talhados à sua medida, formaram-se e consolidaram-se novos grupos económicos, ressurgiram velhos e poderosos grupos dos tempos do fascismo (Champalimaud, Mello, Espírito Santo, entre outros) que não só reforçaram o seu poder económico como recuperaram poder político, e reconstituiu-se a propriedade de extensão latifundiária no Sul do País com a destruição da Reforma Agrária.
A acentuação da política económica de centralização e concentração capitalista e do primado da esfera financeira esteve associada à ausência de uma estratégia de desenvolvimento económico e social adequada às realidades e necessidades da economia portuguesa.
O reforço do poder do grande capital sobre a economia portuguesa tem tido como principais instrumentos um poder político submetido aos seus interesses, o nefasto processo de privatizações, com o desmantelamento do sector público da economia e a entrega de sectores-chave ao grande capital (nacional e estrangeiro), a distribuição privilegiada dos fundos estruturais (comunitários e nacionais), uma política fiscal de benefício descarado das grandes empresas e das actividades financeiras e especulativas, a crescente desregulamentação da economia, o agravamento da exploração dos trabalhadores e a degradação dos seus direitos.
O primado da esfera financeira e a ausência de uma estratégia nacional de desenvolvimento tornaram-se um corolário lógico da completa submissão da política económica portuguesa ao objectivo da participação de Portugal na moeda única europeia em 1999.
Como consequência destas orientações básicas, persistiu o agravamento dos desequilíbrios estruturais da economia nacional, acelerou-se a desindustrialização e a desertificação agrícola do País, acentuaram-se as assimetrias regionais, a periferização, a dependência e as vulnerabilidades da economia portuguesa.
(...)
A subordinação do poder político ao poder económico do grande capital nacional e também, crescentemente, transnacional, constitui um dos traços mais negativos da evolução política nos últimos anos e que condiciona de forma mais significativa o funcionamento do Estado e do próprio regime democrático.»
aqui

(*) Escrevo «18 anos» e cito o Congresso do PCP em 1996 mas apenas não vou mais atrás porque os volumes dos anteriores Congressos do PCP não estão online e não são fáceis de encontrar agora aqui na desarrumação da minha biblioteca.