Palavras muito necessárias
«No que se tem escrito e dito sobre a eleição do novo secretário-geral do PCP muitas coisas se misturam. Todas elas são habituais no tradicional discurso anticomunista, é verdade, mas vale a pena sublinhar as formas cada vez mais radicais que este tem assumido no contexto de bolsonarização do discurso público do anticomunismo português.Assistimos durante a pandemia a algumas das mais delirantes das suas manifestações desde 1974. O que se disse dos comunistas quando insistiram, entre outros, em exercer o seu direito constitucional de comemorar na rua o 1.º de Maio de 2020, ou quando meses depois se os acusou de intenções genocidas por terem mantido a organização presencial da Festa do Avante!, ficarão para a história das mais dementadas campanhas de manipulação política do medo, no mesmo registo das alucinadas descrições de crimes inventados de pedofilia com que, no Brasil, a ex-ministra da Família de Bolsonaro quis atacar a esquerda na última campanha eleitoral (cf. “Advogados pedem que STF investigue fala de Damares sobre estupro de crianças”, terra.com.br, 11.10.2022). O que é grave no estado de extremização fascizante que se passou, também entre nós, a aceitar no discurso público é que não é preciso ser-se do Chega para dizer-se o que se disse; bastou ser-se a SIC, por exemplo.»
-Manuel Loff no «Público» de hoje
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