26 abril 2021

Dois pontos nos is

Um desabafo
contra a corrente

Correndo o risco de ser atropelado por um Alfa pendular mediático, é meu dever de consciência escrever que não alinho nos a meu ver excessivos deslumbramentos em voga com o discurso de Marcelo Rebelo de Sousa no 25 de Abril. A esse respeito fico-me por duas anotações: a primeira é que peço muita desculpa mas não faz nenhum sentido falar do «bom» (colocado a par do «mau»)  em relação ao fascismo português e à sua guerra colonial (embora só nesse ponto esteja de acordo com Manuel Carvalho quando escreve no «Público» que  « A Guerra Colonial foi um horror, mas não podemos culpar a geração dos nossos pais que foi forçada a combatê-la» pois foi isso que os comunistas sempre fizeram); a segunda é que quando se fala na necessidade de não julgar o passado pelos olhos do presente, é necessário lembrar que muitos não precisaram de esperar pelo presente para denunciar e combater o fascismo e a guerra colonial, antes o fizeram desde o primeiro minuto, como muito bem lembrou o primeiro-ministro numa passagem censurada por algumas televisões. E também anoto que, ao contrário do que dizem todos os media, não vi todos os partidos a aplaudirem o discurso. Em concreto, vi Jerónimo de Sousa levantar-se sem aplaudir e ouvi o seu comentário apenas assinalando positivamente a elogiosa referência de Marcelo aos capitães de Abril. E,por fim uma pergunta venenosa: no habilidoso «nem isto nem aquilo» de Marcelo onde é que encaixa a sua ida ao funeral de Marcelino da Mata ?

1 comentário:

  1. Eu também não estou com o discurso de Marcello e continuo a estudar e a investigar, de modo a refutar qualquer nostalgia a Salazar e ao Salazarismo.
    O 25 de Abril foi uma revolução com sentido e porque, de facto, o antigo regime salazarista era horrível e desumano.
    É preciso continuar a estudá-lo e a manter viva na memória todo o seu processo horrendo de perseguir e destruir o ser humano.
    Para quem goste, talvez não seja má ideia rever o documentário na RTP-Memória, «Os últimos dias da PIDE» e o modo incrível como escapou Rosa Casaco de uma prisão bem merecida.

    P.S. Também continuo a achar estranho toda aquela amabilidade e simpatia do jornalista Pedro Castanheira para com o mesmo agente da PIDE, ao ter concedido uma entrevista, em Lisboa (quando o mesmo criminoso era procurado por torturas e pela morte de Humberto Delgado). Pedro Castanheira nem sabe como o seu ato soube não só a oportunismo, como também a enorme ofensa e cobardia.

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