15 janeiro 2018

Uma declaração de Manuela F. Leite

Alvo compreensível
mas fraca ambição



É certo que, durante a campanha interna, Rui Rio já havia anunciado, com não poucos estilhaços polémicos, a orientação estratégica de, não sendo o PSD o partido mais votado ou não dispondo de uma maioria absoluta com o CDS, iabilizar um governo minoritário do PS com o assumido objectivo de o libertar da necessidade de compromissos com o PCP, o BE e o PEv.

Mas, apesar disso, não deixa de ser por demais significativo que, dois dias depois da eleição de Rio, venha logo puxar essa orientação para primeiro plano, ao declarar que « Da mesma forma que o Bloco de Esquerda e o PCP têm vendido a alma ao diabo, exclusivamente com o objetivo de pôr a direita na rua, eu acho que ao PSD lhe fica muito bem se vender a alma ao diabo para pôr a esquerda na rua”, afirmou Manuela Ferreira Leite, em entrevista à TSF».

Anotando-se de passagem o lugar cativo que o Diabo continua a ter no discurso de personalidades do PSD é pois de registar o que realmente rala o PSD e como é fraca a sua ambição política para as próximas legislativas embora o seu alvo principal seja compreensível porque confirma o que mais lhes dói, a saber, o peso ou influência da esquerda junto do governo minoritário do PS que o PSD pretende atrair para compromissos alternativos consigo.

Se assim é, é preciso lutar até Outubro de 2019 para que, à esquerda, ninguém duvide de qual é a opção eleitoral que melhor torna invvel esta perigosa manobra.

P.S.: Escrevendo sobre esta matéria no «Público» de hoje, Rui Tavares volta pela enésima vez a reescrever a história ao debitar a seguinte falsificação: «Muito lamentei eu que, durante anos, a esquerda se tivesse recusado a tirar disso consequências e não aceitasse entender que de cada vez que enjeitava trabalhar com o PS estava a atirar a política portuguesa para os braços da direita (sim: não só o próprio PS mas toda a política portuguesa para os braços da direita, enviesada que ela ficava pelo facto de não haver nunca convergências à esquerda).» E é apenas porque tenho o jantar ao lume que, para ilustração de Rui Tavares, não trago aqui uma breve mas grave lista das infinitas «bondades» (políticas, medidas, decisões, recusas de entendimentos, etc. ) dos anteriores governos do PS.

2 comentários:

  1. É a "venda" total? O corpo já estava "vendido" e agora a "alma"?

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  2. Como tratar trapaceiros políticos sem lhes chamar aquilo que são, trapaceiros? Toda e qualquer pessoa tem o direito à sua opinião, mesmo quando baseada em mentiras declaradas. É o caso de RT, rapazito com dierito a tempo de antena pelos favores que vai fazendo ao Capital. Fala ele algumas vezes sobre as questões políticas de fundo? Refere ele alguma vez qual ou quais as razões para que a "esquerda" não se entenda? Será ele capaz e suficientemente diliogente e honesto para ir ao fundo das causas? Saberá ele definir o que é e quem por tal definição se pode incluir na "esquerda", mesmo na sua direitíssima "esquerda"? Bas ver os sucessivos artigos que vai fazendo para se compreender que o que ele propõe é o abandono total de causas e princípios filosóficos que acompanham a Esquerda há décadas e que se mantém válidos, tal como se mantém a exploração capitalista e esta Europa dos Patrões a servir de lacaios ao Capital. Pode estar-se contra uma determinada táctica, mas se não temos uma análise com pontos em comum, é mentira, é oportunismo, é sabugice política falar-se em uma qualquer unidade que não passe por pontos concretos, claros, transparentes, como é o caso actual. Penso eu que a direcção do PS mudou alguma coisa, que abandonou as suas concessões neoliberais e de direita, que já não está vendida ao Capital? Claro que a direcção do PS não mudou nenhuma das suas concepções políticas - veja-se o caso do Código do Trabalho, da submissão ovina aos ditames da banca do Norte, mesmo a sua aceitação de listas europeias às ordens da escumalha franco-germânica. O que mudou foram as condições políticas, que permitiram a solução proposta por Jerónimo de Sousa na noite das eleições. E esta solução só por milagre é que se poderia repetir, mas como Rui Rio já afirmou, se o PS ganhar as eleições sem maioria, lá estaria ele e o seu PSD para viabilizar o governo, sem que este se tenha que acomodar a algumas, verdade seja dita, e parcas soluções que melhoraram a nossa vida, a vida de quem é trabalhador e não colaborador! Mas RT, que sabe muito bem tudo isto, até porque não é parvo, faz o seu papel e lá chegará um dia, sabe-se lá se não a elemento de "vanguarda" na direcção do PS, caminho para o qual está mais que talhado.

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