Uma indispensável rectificação
O Público dedica hoje, e muito bem, duas
páginas, à edição do livro «Exílios-Testemunhos de Exilados e desertores Portugueses
na Europa (1961-1974». E
devo registar com satisfação que, ao contrário do que já aconteceu no passado,
em nenhum dos depoimentos prestados para esta peça encontro qualquer
pretensão de superiodade ou de «mais coragem» em relação às centenas de milhar
de jovens portugueses que foram forçados a fazer as guerras coloniais.
Encontro porém uma falsificação ou ignorância a que uma historiadora parece dar aval. É a seguinte:
Face a isto, é imperioso esclarecer que é completamente falsa a asserção de que o PCP só defendia a deserção já no teatros de guerra pois, como se pode demonstrar, entre muitos outros exemplos, pelas duas passagens abaixo assinaladas a vermelho, uma das quais diz expressamente que «a deserção é um acto de protesto contra a política colonial do fascismo. Os jovens não se apresentem à inspecção, abandonem os quartéis, recusem-se a embarcar.»
E, por fim, por causa de velhas e persistentes deturpações em torno desta matéria aqui deixo a Resolução do Comité Central de Julho de 1967 que, tendo como destinatários os militantes do Partido, afinou uma orientação já muitíssimo anterior :
Avante! nº 382 de Setembro de 1967)
E fui para a Guiné como milhares de anti-fascistas foram. O regime só se podia mudar a partir da sua implosão e foi o que aconteceu com a pressão dos militantes muitos deles na clandestinidade.
ResponderEliminarNão critico quem desertou ou foi refractário a aceito que tenham achado que faziam o mais correcto, mas também não aceito que sejam eles heróis e os que fomos os maus da fita. Hoje esta discussão parece-me fora do contesto, uma vez que se pudéssemos voltar a trás muitos poucos iriam de boa vontade, ao contrário do que apregoam hoje.