25 março 2013

«Media» e comentadores ou...

... voltando à vaca morna


Porque o assunto não morreu e porque muitos leitores, na voragem dos posts, podem não ter reparado nele reproduzo aí em cima com novo grafismo o que já tinha publicado aqui com a patente intenção de marcar uma assinalável diferença com muitas opiniões em relação à questão dos comentadores políticos nas TV's e designadamente à contratação pela RTP de José Sócrates.

De caminho, aproveito para quatro anotações suplementares:

- a primeira é que se me parece estuporada a iniciativa do CDS de pretender chamar o director de informação da RTP a explicar na AR a contratação de Sócrates, já entretanto me parece que será inteiramente legítimo e irrepreensível se, por queixa de cidadãos ou iniciativa própria, a Entidade Reguladora da Comunicação Social examine esta e outras questões sobre o ângulo da garantia de um efectivo pluralismo na RTP;

- a segunda é para lembrar uma coisa que está esquecidíssima: é que, no senso corrente, pode ter-se instalado a ideia de que em matéria de pluralismo, o serviço público de televisão tem mais deveres do que os canais privados e que portanto estes poderiam beneficiar de uma menor exigência por parte dos cidadãos; ora acontece que essa ideia não tem qualquer fundamento pela simples razão de que a Lei da Televisão, quanto a deveres de pluralismo, não estabelece nenhuma diferença entre o serviço público e os canais privados que, recorde-se, existem não por vontade divina mas por concessão estatal;

- a terceira é que não estou disposto a dar um cêntimo que seja para esse cínico peditório de que os políticos não podem ser comentadores por serem conhecidas as suas opções enquanto jornalistas, professores universitários ou politólogos já teriam caído em pequeninos no caldeirão da independência e da isenção; digo mesmo que me sinto mais avisado e prevenido com um comentador que sei o que é politicamente do que com outros que me escondem as opções, ideias e alinhamentos que realmente têm ( como se vê e sabe quando começaram a escrever em blogues ou a aceitar cargos de assessores nos governos).

- a quarta é que, com a contratação simultânea de Morais Sarmento, a RTP volta a interferir descaradamente no jogo político, favorecendo, com eleições legislativas no horizonte, uma «bipolarização» PS-PSD que, entre muitas outras, incluiu o não esquecido antecedente dos debates semanais entre José Sócrates e Pedro Santana Lopes.

Por fim, resta-me assinalar que hoje, em artigo no Público, Correia de Campos, julgando que é a melhor, consegue adiantar a pior e mais incrível razão para a contratação de Sócrates. Escreve ele que «enquanto todos os dias o ex-primeiro-ministro é insultado, pretende-se ainda retirar-lhe o direito de se defender». Pelos vistos, o que seria coerente com esta estapafúrdia finalidade dos comentários de Sócrates na RTP seria propor  em sede de próxima revisão constitucional, que os ex-primeiros-ministros têm direito a programas de comentário político no serviço público de televisão para defender a seu bom nome e a sua pretérita acção governativa.

Meus Deus, como a parvoíce alastra impetuosamente !

Nem um cisco de vergonha na cara

Por favor, primeiro
mandem destruir os arquivos todos


Em 4 de Janeiro deste ano :


Num acto de infinita caridade, já não vou
 citar nem as palavras que os deputados
do CDS disseram nesse dia.

23 março 2013

Sobre a Aula Magna, o maior título de sempre

Uma memorável tarde de justa
evocação, grata memória, beleza,
arte, cultura e encanto vividos
emotivamente 
por causa de um sólido
compromisso de luta e de esperança



Algumas fotos e intervenção de Jerónimo
de Sousa na Sessão Cultural
 evocativa de Álvaro Cunhal aqui .

Em minha opinião, merecia uma rápida
 e generalizada divulgação  a corajosa
 e belíssima intervenção do
Prof. Sampaio da Nóvoa,
Reitor da Universidade Clássica de Lisboa.
(ver vídeo com extracto aqui)

Final do espectáculo, depois de
Grândola, Vila Morena ter sido cantada
por todos  com uma força e vibração
 como há muitos anos
 não ouvia
.

Aqui estão elas

A inolvidável "ruptura"
e a potente 
afirmação
de soberania nacional


na 1ª página do Expresso de hoje


Impressionante: António José Seguro tem medo que o FMI, o BCE, a UE e a Embaixada dos EUA (!!!!!) não leiam a imprensa portuguesa e vai daí  escreve cartas a tranquilizar os «protectores» do «protectorado». Pior talvez: uma coisa é saber-se que uma moção de censura não vai ser aprovada dada a maioria parlamentar existente; outra, é apresentar uma moção uma moção de censura e declarar em simultâneo que «eleições não são prioridade». Dizer isto é exactamente o mesmo que confessar que, se a moção de censura pudesse ser aprovada, nunca o PS a teria apresentado. Como se vê, estamos bem servidos.

Porque hoje é sábado (318)

Aidan John Moffat

A sugestão musical de hoje vai para
 o cantor escocês Aidan John Moffat.





City of Love

22 março 2013

Voltando sempre a

June Tabor


Óscar Lopes e João Honrado ou ...

... na morte de dois
queridos camaradas

No mesmo dia, chega a notícia, triste como sempre, da morte de Óscar Lopes e de João Honrado, dois homens verticais e corajosos que, com formações, personalidades e percursos diferenciados, tinham em comum a pertença por muitas e muitas décadas à vida, à história e à intervenção do PCP na sociedade portuguesa. Porque João Honrado, antigo empregado de escritório, alentejano de quatro costados, e funcionário clandestino e depois legal do PCP, por sinal também dado às letras , compreendia perfeitamente a importância  e o papel de um grande intelectual e destacado vulto da cultura nacional como Óscar Lopes (que, ainda adolescente, comecei a ler no suplemento cultural de «o Comércio do Porto») e porque Óscar Lopes compreendia a importância e valor de combatentes menos conhecidos como o João Honrado é que me sinto à vontade para os juntar aqui nestas pobres mas doridas palavras de despedida.

A moção de censura do PS

Lá teve de ser, não é ?


Para falar com inteira franqueza e genuina convicção, terei de dizer que esta moção de censura do PS é uma iniciativa de cuja sinceridade é legítimo duvidar tendo em conta que o PS não votou as anteriores apresentadas pelo PCP e pelo BE e tendo em conta o indecente comportamento do PS ontem no debate do projecto de resolução apresentado pelo PCP a favor da demissão do governo.

P.S.: Já quanto à «gritaria» do PS sobre o aumento do salário mínimo nacional, peço desculpa por me recusar a fazer política sem memória. Por isso, volto a lembrar que há apenas dois meses e meio as coisas eram assim.