09 abril 2012

Guardado na nossa memória e coração

Adriano faria hoje 70 anos




Canção do Soldado
Sete balas só na mão
Já começa amanhecer.
Sete flores de limão
Pra lutar até vencer.
Sete flores de limão
Pra lutar até morrer.

Já estremece a tirania
Já o sol amanheceu.
Mil olhos tem o dragão
Há chamas d'oiro no céu.
Mil olhos tem o dragão
Há chamas d'oiro no céu.

Abre no peito o luar
Companheiros acercai-vos.
Arde em nós a luz do dia
Companheiros revezai-vos.
Arde em nós a luz do dia
Companheiros revezai-vos.

Já o rouxinol cantou
Tomai o nosso estandarte.
No seu sangue misturado
Já não há desigualdade.
No seu sangue misturado
Já não há desigualdade.

Sete balas só na mão
Já começa a amanhecer.
Sete flores de limão
Para lutar até vencer.

Rui Tavares que desculpe...

... mas quem anda
à chuva, molha-se !



Embora não consiga encontrar o respectivo vídeo (a pesquisa nos videos do Sapo só dá como último programa um em Dezembro do ano passado e no sítio da SIC também não encontrei), a verdade é que no «Eixo do Mal» de 13/3, o convidado Rui Tavares insistiu com o ar mais tranquilo deste mundo que, em Portugal, não havia oposição, referindo-se explicitamente ao PS e ao BE e ignorando  até (sobranceria ?) o PCP.
Hoje, em crónica no Público, flecte, flecte, insiste, insiste no mesmo faduncho: «(...) E isto não é só o governo: do lado da oposição, tampouco há oposição. Como consolação, repetem-se os mesmos rituais e frases feitas, tão duras na forma quanto mais ineficazes no efeito, como se nada fosse preciso mudar (...)».
Eu talvez pudesse escrever que, estando muito tempo em Bruxelas e Estrasburgo, Rui Tavares estaria a precisar que lhe ofereçam uns binóculos de longuíssimo alcance para descobrir que há realmente oposição que faz oposição, e activa, e enérgica, e persistente, e sacrificada, à desgraçada política do governo. Mas não quero melindrar Rui Tavares.
Por isso, prefiro recomendar-lhe que pondere se a importante e intensa movimentação social (múltiplas manifestações, uma greve geral, diversificadas acções de protesto) terá caído do céu aos trambolhões ou terá sido de geração espontânea.
Prefiro que, visitando os sites dos partidos à esquerda do PS e não se guiando apenas pelos media, se informe sobre a sua actividade, iniciativas, discursos, os materiais de propaganda,  intervenção parlamentar, etc, etc.
Prefiro também recordar-lhe que a mim jamais me passaria pela cabeça dizer, a respeito dos deputados do PCP e do BE  (e sobretudo de um que, em célebre transferência, se acolheu na bancada dos Verdes) no Parlamento Europeu, que «como consolação, repetem os mesmos rituais e frases feitas, tão duras na forma quanto mais ineficazes no efeito, como se nada fosse preciso mudar».
Mais importante que tudo é porém dizer a Rui Tavares que milhares de portugueses de esquerda, a começar por mim ,aguardam ansiosa, sobressaltada e esperançosamente que, do alto da sua cátedra em Bruxelas, quem sabe se com a ajuda da criatividade do bendito Cohn-, nos ofereça a cartada ou poção mágicas para  que a oposição real em Portugal possa superar as minúsculas dificuldades com que se defronta, designadamente essa coisa de nada que é a existência de uma maioria absoluta da direita, ainda por cima confortada com as violentas abstenções ou votos a favor do PS.

08 abril 2012

Voltando sempre a

Ute Lemper



 
Ne Me Quitte Pas





Alabama Song de K. Weill e B. Brecht

Não Zorrro, apenas Zorrinho

 como era de esperar, daqui
(vergonha para eles) nada se pode esperar



A foto de Passos Coelho nesta capa do DN tem que ver com outro assunto mas também não está mal assim. Parece entretanto que, fazendo de todos nós parvos, o PS apresentará na mesma altura um Projecto de Resolução, certamente com a tónica no crescimento económico e no emprego, mas na verdade sem qualquer eficácia jurídica e consequências práticas. Ou seja, na quinta-feira na discussão e na sexta na votação o PS estará inteiramente ao lado do vinagre puro mas fará um apelo para que vinagre e azeite pela primeira vez na história se misturem.


Volto a repetir


É já na próxima quinta-feira, dia 12, que se discutem na AR os novos tratados europeus mas também propostas de reeferendo do PCP, do BE e de «Os Verdes».

As palavras e os actos

Como eles trabalham para a
«sustentabilidade» da segurança social




No Público de hoje, num interessante
trabalho de João Ramos de Almeida

Para o seu domingo

Ry Cooder e Devendra Banhart




 
Chinito, Chinito

I Feel Just Like a Child

A velha Espanha


Teatro perde o nome
de Rafael Alberti




«Es como si a Rafael Alberti, después de muerto, se le sometiera a un nuevo exilio. La noticia ha caído como un mazazo en el mundo de la cultura. Mucho más difícil de calibrar es cómo habrá caído en el mundo de la política, y precisamente ha sido desde ese universo de donde ha salido la decisión de quitar el nombre de Rafael Alberti, al teatro de de Huércal-Overa, porque Domingo Férnandez, el alcalde del PP de esa localidad almeriense, cree que el poeta Rafael Alberti “no vende” y el pleno del Ayuntamiento decidió la semana pasada retirar del teatro municipal el nombre del más grande poeta de la generación del 27, junto con Federico García Lorca.
El 15 de enero de 1996 el entonces presidente de Gobierno, José María Aznar, visitó en Ora marina, la casa de Rafael Alberti en El Puerto de Santa María, al poeta al que calificó como “uno de los más brillantes poetas de España”. Aznar también dijo “ha sido un día muy feliz, un grandísimo honor para mí", algo que afirmó tras permanecer con Alberti 40 minutos, acompañado por el candidato popular a la presidencia de la Junta de Andalucía, Javier Arenas, y por la alcaldesa de Cádiz, Teófila Martínez

(...)
La moda de diversos gobiernos locales del PP de cambiar el nombre a calles con nombres como Pablo Iglesias, Pablo Neruda, Enrique Tierno Galván, Dolores Ibarruri o Pilar Bardem, parece ser que ha llegado a los teatros, espacio para consumo cultural.»

(aqui no El País)

07 abril 2012

Louçã, o "Público" e o comício grego


Uma vingança tola do Público


Juro por todos os santinhos que não me passou nada ao lado a notícia acima ilustrada do Público de 3 de Abril em que este jornal nos contava com algum desenvolvimento o que Francisco Louçã iria dizer na noite desse dia num comício do Syrisa em Atenas.
Com efeito, pensei para comigo próprio que «isto está tudo muito mudado». Na verdade, lembrei-me que se, por absurdo, ao longo dos muitos anos em que fui responsável pelas relações do PCP com a comunicação social, eu alguma vez tivesse pedido a algum jornal que noticiasse numa manhã o que Álvaro Cunhal iria dizer à noite em Portugal ou no estrangeiro, a resposta que certamente teria ouvido seria a de «meu caro Vítor Dias, nós aqui noticiamos o que foi dito, não anunciamos previamente o que vai ser dito».
Acontece que uma crónica hoje  assinada no Público por N.S.L. e M.J.O., num quadro e tom geral de gozo, nos conta que Louçã, devido a uma greve de controladores aéreos, não conseguiu chegar a Atenas e o seu discurso teve de ser lido por um dirigente do Syrisa.
Ora, mais valia estarem caladinhos e deixarem-se de pequenas vinganças tolas pois os serviços de imprensa do BE podem ter pedido a divulgação antecipada do discurso mas quem a consentiu e concretizou foi o Público.

Dois títulos hoje

Santa Páscoa ou reina a paz nas
consciências e a ordem nas ruas



CM

DN

Porque hoje é sábado ( )


Georgia Anne Muldrow


A sugestão musical de hoje destaca
 a cantora norte-americana
Georgia Anne Muldrow,
cujo último álbum se intitula
Seeds

 Best  Love

Break You Down

06 abril 2012

30 anos depois do fim dos "Jam"

Mais um disco de Paul Weller



a ouvir aqui 

Sobre uma foto na Revista do Expresso

Melhorando a legenda


Assinalando os 40 anos do jornal, a revista do Expresso é hoje dedicada à década (?) 1973-1982 e inclui naturalmente um vasto conjunto de fotos (quanto aos textos falarei talvez noutra altura) que são de êxito e sensibilidade seguras para uma certa geração. Uma das fotos publicadas é a de presos políticos falando na manhã de dia 26 de Abril em Caxias com um militar. Ora a legenda da foto acima reza o seguinte : «Alguns dos detidos pertenciam à Liga de Unidade e Acção Revolucionária (LUAR), como Hermínio da Palma Inácio (líder da organização, o primeiro à esquerda)- Seguem-se - numa identificação feita por ex-membros da organização - José Casimiro Ribeiro (também da LUAR), Eugénio Manuel Ruivo (PCP), desconhecido, desconhecido (este meio encoberto),  e Ramiro Raimundo (da LUAR, de bigode). A última pessoa identificada é António Vieira Pinto (segundo à direita, da LUAR).».
Tivesse ao menos o Expresso perguntado ao José Pedro Castanheira e poderia então ter dito que o «desconhecido» [que eu assinalo com um quadrado branco] é o meu querido amigo e camarada, o jornalista Fernando Correia (por detrás dele,   ajudou-me o José Araújo, está o também amigo, camarada e jornalista Albano Lima).


P.S: É claro que ninguém é perfeito mas, tendo em conta que o Expresso começou a 6 de Janeiro de 1973, não compreendo que a primeira entrada fotográfica sobre a Oposição Democrática seja a farsa eleitoral de Outubro de 1973, com omissão do 3º Congresso da Oposição Democrática, realizado em Aveiro no início de Abril de 1973.

Os portugueses e a UE

Sempre no pelotão da frente !



Esta interessante sondagem da Comissão Europeia inclui o seguinte quadro sobre a percentagem de inquiridos que, em cada país, se considera bem informado sobre as questões europeias:


05 abril 2012

Fim da reformas antecipadas até acabar "ajustamento"

Um governo que aprova
clandestinamente 
um decreto
e um PR que o promulga servilmente





Pois é, por íncrível que ainda pareça, chegámos a este ponto. Não há palavras para descrever a baixeza política de tudo isto, a evidência de que para o governo a concertação social é um cenário só para as câmaras de televisão e que, para atingir os trabalhadores, vale tudo incluindo tirar olhos. Por fim, é bom não esquecer que as reformas antecipadas já estavam sujeitas a duríssimas penalizações.

E agora para desanuviar

Lola Regenthal




Curiosity

Sempre ele e o seu palavrório

Assis e os truques florentinos




No mesmo dia em que o DN online anuncia que ontem, em reunião do Grupo Parlamentar, «o secretário-geral do PS afastou hoje a hipótese de os socialistas votarem contra o Tratado Orçamental da União Europeia» e um dia depois de Mário Soares ter escrito naquele jornal que se trata de «um tratado que os socialistas não podem ratificar»,  Francisco Assis escreve no Público que (sublinhado meu) « mesmo para quem, como é o meu caso, preconiza o apoio parlamentar ao tratado, não é irrelevante a natureza do discurso a produzir acerca do mesmo. É provável que os votos da direita e do PS confluam  no sentido da aprovação no sentido da aprovação do tratado europeu, mas é fundamental que se perceba que não é pelas mesmas razões que o fazem.»

Dá vontade de dizer que se trata de uma efabulação perfeitamente asisina, perdão, assissiana. E dá vontade de escrever que, quem sabe, assim terá sido sempre e que, de Maastricht à moeda única e da liberalização dos movimentos de capitais ao Tratado de Lisboa, os socialistas europeus sempre confluíram com a direita mas, claro, não pelas mesmas razões. Que as palavras e «razões» possam ser diferentes mas os factos e consequências sejam iguais, eis o que não importa a um florentino como Francisco Assis.


entretanto e felizmente


no Público online

04 abril 2012

Cortes de subsídios até 2014

Entre a manhã e a noite...




... mais um ano (2014) de corte
nos subsídios de férias e de Natal



.... e depois saberemos o resto !

Novos tratados europeus

Se não nos pomos a pau,
ainda nos apanham distraídos 


Diariamente submergidos por mais e mais ataques e agressões veiculados pela política do Governo, com temas de excepcional importância em cima da mesa como a retrógada revisão da legislação laboral, corremos o sério risco de não saber ou não dar importância (incluindo nos media) que é já na quinta-feira, dia 12 de Abril, que a Assembleia da República, sem qualquer discussão pública digna desse nome, discute dois projectos de Resolução visando a aprovação de dois novos tratados de âmbito europeu que são o mais descarado ataque a princípios basilares da soberania nacional e, por isso mesmo, ao submeterem a fiscalização prévia de instâncias estrangeiras decisões e orientações que constitucionalmente são da exclusiva competência dos órgãos de soberania nacionais, reputo de quase óbvia inconstitucionalidade. E, a mim, independentemente de conjecturas sobre a sua sorte ou destino, parece-me que é justificada e incontornável a exigência de um referendo sobre esta matéria

Parque Mayer - Feira Popular

Tanto tempo perdido
e tanta confusão armada

Quem quiser recordar alguns contornos essenciais desta história e ver quem andou bem e quem andou mal, é ler a segunda parte do curto artigo que publiquei no Público em 16 de Fevereiro de 2007.

03 abril 2012

Presidenciais francesas


Jean-Luc Melenchon volta a subir


Segundo a sondagem da IPSOS hoje publicada em França, o candidato do PCF e do PG (Parti de Gauche) volta a subir (mas Sarkozy, efeito Toulouse ?, também).