nos cartazes eleitorais suíços
1955
2003
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Começa por haver um aspecto crucial que não deve ser esquecido: é que em eleições autárquicas uma coisa são posições alcançadas ou conquistadas e outra é a influência eleitoral medida em votos e % nessas eleições.
E sobretudo é necessário recordar que, por exemplo e por absurdo, o PCP
até podia ser um grande partido com 20% uniformemente do Minho aos
Açores e, apesar disso, não teria nenhuma Câmara. Câmaras podem
perder-se, como agora me parece ter acontecido, por uma erosão geral da
influência eleitoral autárquica, mas também podem perder-se por mudanças
na arrumação dos resultados de outras forças. Aliás, no passado, a CDU
chegou a perder Câmaras tendo aumentado a votação.
Depois igualmente não deve ser esquecido que o PCP e as coligações em que participou, em caso absolutamente singular no panorama partidário nacional, sempre detiveram, desde 1976, um significativo número de Câmaras, por um lado, devido às suas assimetrias de influência eleitoral mas sobretudo porque nessas eleições tinham um assinalável diferencial positivo de votos e % por comparação com o seu resultado em legislativas (em regra, entre 2 a 3 pontos). Ou seja, como pelos resultados de legislativas o PCP conquistaria uma, duas ou três Câmaras consoante as épocas, isso quer dizer que o número de Câmaras normalmente obtidas, incluindo agora , se deve a que algumas dezenas de milhares de eleitores que nas legislativas votavam noutros partidos já nas autárquicas votavam CDU.
Ora, tirando casos particulares e excepções que sempre existem, o que ontem aconteceu foi uma importante erosão desse diferencial positivo que o PCP e a CDU tinham em autárquicas por comparação com legislativas que passou de cerca de 110 mil votos em 2013 para cerca de 43 mil votos agora. Mas este mesmo facto basta só por si para demonstrar como é pérfida a previsão que alguns fazem de que, na sequência deste seu resultado no passado domingo, o PCP caminhe para um mau resultado nas legislativas de 2019. É que, neste 1 de Outubro, o PCP teve mais 43 mil votos do que nas legislativas de 2015. Por causa das moscas (isto é, de confusões expressas no Facebook), por favor não se tresleia o que acabo de escrever : é que não estou a invocar um dado positivo para atenuar a gravidade do resultado da CDU, estou sim a demonstrar a falta de fundamento dos que, pelo resultado da CDU em 1 de Outubro, logo concluem por uma inevitável quebra em próximas legislativas. A isto pode acrescer o facto de nas eleições para as Assembleia Municipais - ou seja, o órgão mais imune a critérios de personalização e de chamado «voto útil», a CDU embora tendo perdido muitíssimos votos ter obtido ccerca de 520 mil votos (10,4%), ou seja mais 30 mil que para as CM.