continuam estragadas
No i, o blogger socialista Tomás Vasques, escrevendo sobre a greve geral e os incidentes frente à AR, salienta a dado passo:«(...)Isto significa que, nos dias difíceis em que vivemos, com elevado capital de queixa de uma imensa maioria de portugueses, a pesporrência da CGTP e do PCP e a “necessidade estratégica” de aparecerem como os únicos “donos da rua”, objectivamente, constituem um travão à participação e à envolvência de muita gente. Mas, não foi, também, porque a “greve geral” eclipsou-se, pelo menos mediaticamente, a favor de um reduzido grupo de manifestantes – duas dezenas, se tanto – que durante mais de uma hora, com transmissão televisiva em directo, apedrejaram o cordão da polícia incumbido de defender a Assembleia da República, e a carga policial a que esse apedrejamento deu azo. Jerónimo de Sousa disse, na sexta-feira, que “ao governo, à classe dominante e à comunicação social deram um jeitão os incidentes em frente à Assembleia da República” – o que é apenas meia verdade. A outra meia verdade é que ao governo (a este, aos anteriores e aos que hão-de vir) dá um jeitão o autismo e a pesporrência do PCP e da CGTP.»
Depois de devidamente citado este naco de prosa insuperavelmente pesporrente, talvez convenha dizer a Tomás Vasques o seguinte:
- que, quando avalia, aliás muito por baixo como era de esperar de tal teclado, os resultados da greve geral, talvez fosse sério ter em conta que no país em que ele e eu vivemos há mais de um milhão de precários, com tudo o que isso significa de real limitação ao livre exercício do direito à greve;
- que, quando fala não sei o quê sobre os querem ser «donos da rua», parece estar esquecido de duas coisas: uma é que basta rever mentalmente todas as grandes manifestações já ocorridas para se saber que assim não tem sido; e a outra é que decorre explicita ou implicitamente do discurso da CGTP o considerar um bem precioso a mais ampla convergência na luta e no protesto dos mais vastos sectores e camadas sociais que fôr possível mobilizar;
- e que, por mim , militante do PCP e apoiante da CGTP, não tenho nada a opôr a que, dando por uma vez o corpo ao manifesto, a UGT e o PS ocupem combativamente as ruas, assim contribuindo para a «envolvência de muita gente».
Em conclusão, estou farto de ver este filme cínico e hipócrita: os que não lutam entretidos a ladrar contra os que lutam.