21 setembro 2012

A não esquecer por nada deste mundo

A questão da TSU é gravíssima mas
antes e depois dela há muitíssimo mais !





Manchetes do CM e do JN de hoje ilustrando
 que isto não vai lá com trocos, retoques,
 remodelações e encenações.

20 setembro 2012

"Os números e as pessoas"

Comunicado da Comissão
Nacional de Justiça e Paz





Lisboa, 19 set 2012 (Ecclesia) – A Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), organismo da Igreja Católica, criticou hoje a subserviência do Governo português perante os “ditames da troika” e o discurso “determinista e fatalista” do que chama ‘caminho único’.
“Tudo quanto vimos foi um gesto de submissão aos governantes de países mais poderosos, que bem depressa esqueceram a sua própria história no contexto europeu da segunda metade do século XX”, refere a nota, hoje apresentada à imprensa e enviada à Agência ECCLESIA.
O documento reage ao anúncio de novas medidas de austeridade por parte do executivo nacional, após a 5ª avaliação da ‘troika’ (FMI, Banco Central Europeu - BCE e União Europeia), e alerta para as “suas repercussões sobre a economia e as condições de vida dos portugueses”.
“A tónica de crítica generalizada dos comentários transmitidos pelos media é inédita, expressiva e preocupante”, prossegue o texto.
Para a CNJP, tem-se vindo a verificar um enfraquecimento do “Estado de Direito” e um agravamento da “situação de desproteção” da população, sem que o Governo fosse capaz de de “demonstrar que os sacrifícios exigidos aos portugueses estavam distribuídos com equidade”.
“A política pública não tem combatido eficazmente as disparidades na distribuição do rendimento e outras formas de desigualdade na sociedade portuguesa, havendo mesmo indícios de agravamento destas desigualdades nos últimos anos”, indica a instituição.
A CNJP, presidida por Alfredo Bruto da Costa, admite que há “efeitos positivos que podem advir da revisão dos défices públicos a respeitar em 2012, 2013 e 2014”, bem como a decisão do BCE respeitante ao financiamento das dívidas soberanas.
Este organismo católico observa, no entanto, que “os credores não são um grupo qualquer de agiotas, mas instituições internacionais de que Portugal é membro, com deveres e direitos”.
“Seria exigível um comportamento civilizado, justo e solidário entre todas as partes”, prosseguem os responsáveis da CNJP.
O texto critica também a insistência num pensamento económico que “o falhanço do défice orçamental do corrente ano deveria, no mínimo, levar a considerar como discutível”, analisando “seriamente outros rumos possíveis”.
Neste sentido, alude-se às “reações de espanto dos responsáveis governamentais e dos membros da troika” face ao agravamento do desemprego, que segundo a comissão “denotam uma preocupante desadequação do seu pensamento económico à realidade económica do país”.
A CNJP fala em “desonestidade intelectual” por parte dos governantes, no que diz respeito ao controlo da despesa e às derrapagens nas receitas públicas, frisando que estas não podem ser deixadas “ao simples acaso”.
A organização recorda que a política anunciada para 2013 carece ainda de discussão e aprovação, mas deixa votos de que “ao longo do processo se possam modificar os aspetos mais gravosos do quadro apresentado”.
A CNJP, organismo laical da Conferência Episcopal Portuguesa, foi criada com a finalidade genérica de “promover e defender a Justiça e a Paz, à luz do Evangelho e da doutrina social da Igreja”.

documento da CNJP na integra aqui

Estava mesmo à espera ou tapar o Sol com uma peneira

Apontamentos de um
macaco de rabo pelado


Sim, imodéstia ou velhice à parte, estava mesmo à espera  que aparecesse alguma coisa como a que é transmitida pela manchete do DN de hoje e pelos dois primeiros parágrafos do seu editorial (atenção aos sublinhados). Porque, como muitos outros, detesto que me tomem por parvo e como não estou disponível para engolir docemente todas as interpretações erróneas e falsificações políticas que nos queiram impingir, aqui ficam cinco observações sobre isto.

1. Começo por esclarecer previamente que a mim não me passa pela cabeça que não haja um certo ou importante  divórcio entre os cidadãos e os partidos mas sobre isto, para além da agora impossível evocação de complexos factores sociológicos e políticos, o que tenho para dizer é que, se assim é, para isso também tem contribuído em grande medida e poderosamente a comunicação social. Não querendo cansar os leitores com exemplos exaustivos  nem absolver os cidadãos da sua própria parte de responsabilidades, basta lembrar que os cidadãos há décadas que são submetidos a generalizações abusivas e viciosas sobre «os partidos» e que são aos milhares os exemplos em como a comunicação social, estando na verdade a pensar no PS e PSD, escreve ou diz «os partidos», a tal ponto que não poucas vezes lhes dei a piada de que, para quem está sempre ralado com o espaço, a expressão «os partidos» (11) tem mais caracteres do que a de «PS e PSD» (8).

2. Entretanto, o que acontece é que o DN desculpará mas li atentamente tudo o que publica sobre a sondagem da Católica e nela não encontro nada que justifique quer a manchete quer ainda mesmo o que se afirma no ínicio do editorial. Que 24% afirme que neste momento não saberia em quem votar é coisa que não é de espantar e é um número que está farto de aparecer em sondagens do passado (até à beira de votações !), além de que aqui também pode pesar o facto de ainda estar muito presente a memória da recente governação do PS. Que uma grande maioria não veja ou descortine que outros partidos fariam melhor que os que governam também não me causa espanto porque, em perto de 30 anos, nunca vi uma sondagem que os inquiridos dissessem que algum partido faria melhor que o governo em funções.

3. Depois há uma coisa que o autor do editorial do DN obviamente ignora e que é aquilo que, em ciência política ou sociologia eleitoral, se costuma chamar de «ambivalência» dos eleitores ou cidadãos. Descobri mais claramente esse problema quando ao ler um estudo, coordenado por André Freire e outros, sobre as legislativas de 2002 (edição do I.C.S) descobri a páginas tantas que uma percentagem elevadíssima (70 ou 80%) dos inquiridos achava  que «os partidos eram todos iguais». E, nessa altura, pensei ingenuamente : «mas este estudo vai ser um desastre porque, se para tanta gente os partidos são todos iguais, então nas dezenas de outras perguntas do inquérito eles vão ou não responder ou arrasar toda a gente pela mesma bitola». Mas qual quê !  Nas outras perguntas, estes 70 ou 80% que achavam que os partidos eram todos iguais mostravam minuciosamente as suas distintas preferências e opiniões sobre os partidos e as suas diferenças, por exemplo se estavam mais à esquerda ou mais à direita, etc.,etc., e sobre os líderes partidários.

4. Quase a terminar, o mais grave, desonesto, intolerável e insuportável é esta tentativa do DN de, fechando os olhos e os ouvidos ao que se viu e ouviu nas manifestações de 15 de Setembro, nos querer espantosamente convencer que «mais que um ataque ao governo» elas foram «um grande cartão amarelo (quase vermelho) a toda a classe política». [«classe política»= categoria que, anote-se, os comunistas sempre rejeitaram e em que jamais aceitaram ser integrados].

5. Remate final: pode o DN dar o destaque que quiser ao «divórcio entre eleitores e partidos» e fazer o vergonhoso frete ao PSD e CDS (e outros apoiantes da troika...) de os tirar da mira das manifestações que uma coisa é certa: é que, na sondagem a que se refere há quem desça, quem não suba e quem suba. É deste guardanapo que se devem servir.


19 setembro 2012

Viagem ao novo álbum

"Charmer" de Aimée Mann





 ( canção a partir dos 40 s.)

todo o álbum aqui

Hoje, na RTP/1 ...

... para ajudar à reunião do PSD
 e à do Conselho de Estado





notícia completa sobre esta sondagem aqui

Sobre as aflições com o crédito à habitação

Ai de quem apenas ler os títulos


Sim, quem ler apenas este título no Público de hoje perderá os importantes esclarecimentos que o jornalista João Ramos de Almeida presta sobre uma nova proposta do PSD e CDS, designadamente que «continua a ser muito restritiva em relação ao número de famílias que podem vir a beneficiar da nedida. Para aceder às novas regras, as famílias têm que ter um ou mais elementos no desemprego, ou ter sofrido uma redução de rendimentos de, pelo menos, 35%. Cumprida uma daquelas condições, outro filtro apertado, já que o rendimento bruto mensal do agregado familiar (dois elementos) não pode superar dois salários mínimos, valor que pode ser aumentado em 50% do salário mínimo por cada filho menor de idade. O valor patrimonial tributário está também limitado, conforme a localização a 90.000, a 105.000 e a 120.000 euros».

Entretanto, em caixa, a peça apenas informa brevemente que «várias outras propostas do PCP, do Bloco de Esquerda e do PS, bem mais abrangentes na questão da dação e e na criação de moratórias e períodos de carência, bem como das famílias elegíveis, foram rejeitadas pelos partidos da maioria».

Quem quiser proveitosamente descer ao concreto, pode ler aqui na íntegra o projecto-lei 243/XII do PCP, em cuja introdução se destaca:


Um livro e um filme sempre actuais

"A Estratégia do Choque"


Livro de Naomi Klein e filme de
 Mat Whitecross
e Michael Winterbottom
(mais informações aqui)

Sem espanto e com um abraço

A coragem e  verticalidade
de Maria Teresa Horta



(no Público online)

18 setembro 2012

Não é deslize, é coisa mais grave e profunda

Um caso extraordinário
de vitalidade oposicionista !


(citado no Correio da Manhã)

Passados dois dias sobre as manifestações de 15 de Setembro, Vital Moreira veio afirmar aquilo que nenhum dirigente do PSD se atreveu ou achou oportuno dizer. Estou certo que os leitores dispensarão qualquer outro meu comentário sobre este indigno, mas revelador, episódio.

Um «leninista» de ocasião e para o mal

Ficamos avisados !



Na mesma edição do Público em que nos é contado que Pedro Mota Soares defendeu ardentemente numa reunião do CDS as medidas sobre a TSU, Paulo Rangel publica um artigo crítico destas medidas mas que termina assim (sublinhados meus) : « Na teoria das transições constitucionais -. ou seja, das grandes mudanças políticas - está devidamente estudado o lugar do perdão (...). O PSD e o governo, sob a liderança de Passos Coelho, estão a empreender uma enorme reforma política. Nelas pode haver arrependimento e perdão, stop and go, recuar um passo para avançar dois (...)».

Estão a topar ?