02 janeiro 2024

Um importante apoio


 

O trabalho da esperança:
 razões para um voto

Em breve celebraremos os cinquenta anos do 25 de Abril. É uma questão de memória, mas também de futuro. A revolta e a alegria das pessoas comuns que há meio século saíram à rua deram pleno sentido à longa história da resistência antifascista e das lutas anticoloniais. É na sua esteira que vos escrevemos, a fim de partilharmos as nossas preocupações com a situação atual e para vos dirigirmos um apelo mobilizador.

Ao longo dos últimos anos, a possibilidade de políticas alternativas tem vindo a ser cada vez mais limitada pela lógica neoliberal moldada pela União Europeia, com efeitos particularmente negativos para os países periféricos, em geral, e para as suas classes populares, em particular. Em consonância, a atividade governativa tem vindo a ser reduzida à administração dos princípios e interesses daquela lógica neoliberal. Portugal tem hoje um governo de gestão, mas, em boa verdade, já o tinha antes da dissolução do parlamento.

Na hora de elegermos quem nos represente, a redução da política a uma simples tarefa de gestão dos danos provocados pelos interesses capitalistas, sem contrapeso político, convida-nos a optar pelo “mal menor”. E, no entanto, se deu a maioria absoluta ao Partido Socialista, a lógica do “mal menor” nada resolveu. Pelo inverso, o governo piorou, a desigualdade económica e social agravou-se, a extrema-direita cresceu. A diminuição da representação parlamentar do PCP tornou a vida mais difícil para as classes populares: da transferência dos rendimentos do trabalho para o capital à degradação dos serviços públicos, passando pela dificuldade em aceder a habitação condigna.

Nas próximas eleições legislativas, no dia 10 de março, votaremos na CDU. Não somos militantes do PCP nem do PEV e não partilhamos todas as suas posições. Mas sabemos da importância e seriedade das suas propostas em áreas fundamentais. Propostas que enfrentam interesses entranhados, do imobiliário à banca, e que são feitas em nome de um país que se quer solidário e autónomo. Para combater o crescimento das desigualdades e a diminuição da participação democrática, é preciso dar um voto de confiança aos que aliam a questão social e a questão ecológica: fim do mundo, fim do mês, a mesma luta.

A injustiça e as desigualdades económicas e sociais não se resolverão numa simples competição mediática de apuramento do carisma ou competência retóricas desta ou daquela liderança. É ao lado da cidadania e da militância que se manifestam todos os dias, ainda que bloqueadas mediaticamente, que se torna urgente fazer a democracia e as alternativas acontecerem, ali onde elas são mais exigentes:

  • nos locais de trabalho em que os direitos ficam à porta e no interior dos quais a desigualdade persiste, das explorações agrícolas e das fábricas industriais às instituições de ensino e às novas plataformas logísticas;
  • nos bairros das nossas principais cidades, em que a ausência de políticas públicas que cumpram a Constituição continua a dar azo à segregação racial e à exploração de migrantes, e a um Estado que se mostra aí menos social do que repressivo;
  • nas pequenas localidades do interior de um país dualista e que, apesar de todos os alertas, continua a ser incapaz de proporcionar uma vida digna em todo o seu território.

A 10 de março temos encontro marcado nas mesas de voto e no dia 25 de abril sairemos à rua para celebrar a revolução. Nos restantes dias do ano, fazemos nossas as palavras do poeta Manuel Gusmão, tomando partido com a “esperança que não fica à espera”.

Subscrevem,

Abílio Rezende, operário metalúrgico reformado

Adriano Miranda, fotógrafo

Adriano Saraiva Amaral, investigador

Alfredo Soares-Ferreira, engenheiro

Ana Estevens, geógrafa

Ana Faria, psicóloga

André Carmo, professor universitário e sindicalista

André Saramago, professor universitário 

Andreia Salavessa, arquiteta e artista visual

António Rodrigues, jornalista

António Sousa Dias, compositor e professor universitário

Ariana Furtado, professora

Blessing Lumueno, treinador de futebol 

Bruno Costa, investigador

Bruno Madeira, professor universitário

Bruno Simões Castanheira, fotojornalista

Carla Prino, jurista

Carlos Guedes, administrativo

Carlos Neto, professora catedrático

Carlos Seixas, programador e produtor cultural

Catarina Morais, advogada

Cátia Teles e Marques, técnica superior

Cláudia Mendes, funcionária pública

Clotilde Bernal, professora

Daniela Ribeiro, produtora cultural

Diana Alves Pais, professora do ensino básico e secundário

Egídio Santos, fotógrafo

Elisiário Neves da Silva, reformado

Emídio Fernando, jornalista

Érica Almeida Postiço, técnica superior

Fátima Rolo Duarte, designer e tradutora

Fernando Abrunhosa, professor

Fernando Ramalho, livreiro

Filipa Engrola, doutoranda em bioquímica

Filipe Guerra, tradutor

Filipe Miranda, estudante

Flávio Almada (LBC), rapper e tradutor

Francisco Ariztía, realizador

Franco Tomassoni, investigador

Gabriel Santos, técnico de cerâmica B7 útil decorativa

Gabriela Azevedo, investigadora

Geraldo Tonini, reformado

Golgona Anghel, investigadora

Gonçalo Santos, estudante

Guida Veiga, professora universitária

Helena Lopes Braga, técnica superior

Henrique Vicente, animador sociocultural

Inês Beleza Barreiros, historiadora de arte

Inês Espírito Santo, socióloga

Inês Ferreira de Almeida, doutoranda

Inês Galvão, gestora de ciência

Isilda Leitão, professora do ensino superior aposentada

Jaime Serra, professor universitário

Janilson N. Sobrinho, copeiro

Joana Geraldo, professora

Joana Simões Piedade, jornalista e mediadora cultural

Joana Villaverde, artista plástica

João Alencar, economista

João Amaral, geólogo

João Cruz, professor

João Ramos de Almeida, jornalista

João Rodrigues, professor universitário

João Rosas, realizador de cinema

João S. Dias, relações públicas

João Vasco Ribeiro, professor aposentado

Jorge Abrunhosa, reformado

José Alves, professor universitário aposentado

José António Cerejo, jornalista

José Avelino Pinto, músico

José Bernardo Monteiro, professor

José do Ó, doutorando

José Manuel Rocha, jornalista

José Neves, professor universitário

José Nuno Matos, investigador

José Smith Vargas, ilustrador

José Soudo, professor

Júlia Ribes, geógrafa

Keidje Sebi Torres Lima (Valete), músico e empresário

Lara Afonso, farmacêutica

Laercio Ferreira, investigador

Layce, contadora

Lázaro Pinto da Silva, técnico de montagem/museografia

Lindalmira Moreira, geógrafa

Ludmila Maia, jornalista

Luhuna Carvalho, investigador

Luís Almeida Vasconcelos, antropólogo

Luís Alves, ilustrador

Luís Batista, RH, comunicação e marketing

Luís Chaves, formador

Luís Filipe Cristóvão, escritor e comentador desportivo

Luís Graça, professor

Luís Grosso Correia, professor universitário

Manuel Loff, professor universitário

Manuel Paraíba, professor

Manuela Ribeiro Sanches, investigadora

Marco Mendes, professor, artista plástico e ilustrador

Margarida Casola, jornalista

Margarida Mendes Pacheco, gestora cultural

Maria Baptista, estudante

Maria Inês Caseira, reformada

Maria José dos Santos Rego, reformada

Maria de Lourdes Ferreira Calainho, historiadora

Maria do Vale Gralheiro, designer gráfica

Mário de Carvalho, escritor

Marlene Pacheco, professora

Marta Borges, engenheira civil

Miguel Amaral, professor universitário

Miguel Bing, engenheiro informático

Miguel Chaves, professor universitário

Miguel Clara Vasconcelos, cineasta

Misael Martins, estudante

Moara Crivelente, investigadora

Nádia Almeida, museóloga 

Nádia Carvalho Nunes, antropóloga

Neus Laguna, leitora

Nuno Fráguas Antunes, professor

Nuno Teles, professor universitário

Patrícia Azevedo da Silva, tradutora

Patrícia Bastos, advogada

Patrícia Soares Martins, professora universitária

Paula Gil, assessora municipal

Paulo Coimbra, economista

Paulo Gomes, assistente de produção

Pedro Cerejo, tradutor

Pedro Fraústo, psicólogo

Pedro Neves, realizador

Rafael Plowden, senior team leader

Regina Tonini, reformada

Rahul Kumar, professor do ensino superior

Renata Sancho, realizadora e produtora audiovisual

Renato Carmo, professor universitário

Renato Teixeira, assessor de imprensa

Ricardo Alves, engenheiro do ambiente

Ricardo Cabral Fernandes, jornalista

Ricardo Capelo, administrativo

Ricardo Carrajola, assistente técnico

Ricardo Noronha, historiador

Ricardo Pita, biólogo

Rita Barreira, investigadora

Rita Lucas, doutoranda

Rita Luís, investigadora

Rita Silva, investigadora

Rita Taborda Duarte, escritora e professora

Rodrigo Gonçalves, realizador

Rosangela Bernabe, fisioterapeuta

Rose Ferreira, servidora pública

Rui Sidónio, músico

Rui Zink, escritor

Sandra Carvalho, cabeleireira

Sandra Paiva, economista 

Sandro William Junqueira, escritor

Scúru Fitchádu, músico

Sérgio das Neves, investigador e ator

Sérgio Maia, jurista

Simon Frankel, actor

Socorro Beltrão, educadora

Sofia Cardoso, Psicóloga

Susana Baeta, ceramista

Teresa Dias Coelho, pintora

Teresa Silva, dirigente associativa

Tiago Neves, engenheiro informático

Vânia Mourão, reformada

Vera Ferreira, investigadora

Victor Barros, historiador

Vítor Belanciano, jornalista

Youri Paiva, técnico de comunicação

Xullaji, músico

31 dezembro 2023

Eurobarómetro 99

 Sobre União Europeia
e Ucrânia não há unanimidades


Os dados do Eurobarómetro 99 (Junho de 2023) há pouco divulgados revelam que :

- 38% dos inquiridos discorda parcialmente ou totalmente da resposta da U.E à invasão da Ucrânia pela Russia((62% dos inquiridos concorda); 41% discordam da resposta dada pelos governos nacionais;

- 31% discorda parcialmente ou totalmente da ajuda militar à Ucrânia; (69% concordam )


30 dezembro 2023

Viagem aos arquivos

A propósito de nada

«Entre 2014 e 2018, a sociedade de advogados Sousa Pinheiro & Montenegro (detida em 50% pelo deputado do PSD) obteve 10 contratos por ajuste direto das câmaras municipais de Espinho e Vagos, ambas lideradas pelo PSD, perfazendo um valor total de 400 mil euros. » 

«Jornal Económico»

Marcelo comenta lá esta !

 

Quem vive das sondagens
pelas sondagens morre !

Ainda há dias Marcelo Rebelo de Sousa celebrava publicamente o facto de uma sondagem manter mais coisa menos coisa  a sua elevada popularidade. Ficamos agora à  espera que também comente esta última.


29 dezembro 2023

Palavras necessárias e oportunas

 «O PCP esteve sempre lá»

Carmo Afonso no «Público»

«(...) 

Tenho visto muitas pessoas genuinamente contentes com a descida do PCP. São anticomunistas; não reconhecem a importância de termos este partido entre nós e com uma representação parlamentar expressiva. A primeira coisa que lhes quero dizer é que estão enganadas. Como afirmou um querido amigo, “Portugal não é grande coisa, mas sem o PCP seria muito pior”. São inúmeras as dívidas de gratidão que temos para com o partido. Inúmeras. Sem o PCP, a grande maioria dos direitos de trabalhadores não estaria consagrada na lei, como está. Ninguém põe em causa a justiça de trabalharmos 11 meses para recebermos 14 salários, mas tempos houve em que isso era uma miragem. O PCP esteve sempre lá. (...)»

Prendas atrasadas

 ... e fala o «Público»
em «nova subida
do poder de compra»

27 dezembro 2023

\941-2023

Um adeus
a Odete Santos

foto de Adriano Miranda
Fria como o tempo que faz, chega a noticia da morte aos 82 anos de Odete Santos, advogada e ex-deputada do PCP, uma vida marcada pela coerência, frontalidade e combatividade. E da sua multifacetada actividade parlamentar, ao longo de 27 anos, ocorre-me lembrar designadamente o seu papel na luta pela despenalização da interrupção voluntária da gravidez, na legislação sobre os direitos dos trabalhadores e na legislação sobre as uniões de facto e sobre os julgados de paz. O seu gosto pela declamação de poemas e as suas palavras poderosas no tom e no conteúdo vão deixar-nos saudades.