03 junho 2022

Salamaleques

Que a homenagem
 a Cavaco lhe faça bom
proveito, dr. António Costa

Coisa de sovinas bem pagos

 Ora tomem lá mais um
 caso de «Europa conosco»


«O aumento extraordinário de até 10 euros para as pensões mais baixas (inferiores a 1.108 euros brutos) e a atualização de 0,9% para os salários dos funcionários públicos em 2022 caíram mal na Comissão Europeia » (DN)

31 maio 2022

28 maio 2022

Sobre a caça às bruxas

Desta vez, 

Barata Feyo muito bem

Escreveu o Provedor do Leitor do «Público :

Caça às bruxas

«(...) Resta o modo como este caso foi tratado, no plano jornalístico, pelo conjunto da comunicação social.

Acredito que todos os jornalistas que noticiaram o assunto respeitaram o princípio do contraditório e tentaram, em vão, ouvir Igor Khashin e a sua mulher, Júlia Khashina. Não é possível obrigar alguém a falar e o silêncio de uma das partes não pode ser impeditivo da publicação da notícia. Mas o facto é que a opinião pública só pôde conhecer a defesa do casal russo depois da muito necessária entrevista do jornalista Francisco Alves Rito, divulgada na edição do PÚBLICO de 13 de Maio de 2022.

É certo que o silêncio dos visados podia ser interpretado de várias formas. Para os profissionais da suspeita, ele era sinónimo de culpa. Mas, numa segunda análise, esse silêncio é compreensível. Se o casal tem familiares na Rússia, o que é que se esperava? Que condenasse o regime de Putin, expondo a família a represálias? Ou o regime de Putin não respeita os direitos humanos só quando isso dá jeito aos analistas? Há uma resposta de Igor Khashin que ilustra o dilema do casal: “Está a fazer-me uma pergunta política, mas eu não sou político. Na minha situação, é irresponsável apontar se estou dum lado ou do outro.”

Vejamos agora os indícios em que se basearam as notícias a denunciar o “mau comportamento” do casal russo. O primeiro elemento foi o facto de ele ser russo: “Eu sou russo, sim, sou russo. Se isso é crime, não sei.” Os exilados políticos e os emigrantes durante a ditadura salazarista sabem que a nacionalidade não é sinónimo de cumplicidade com o regime vigente no país de origem. Antes pelo contrário. A CIMADE (Comité Inter-Mouvements Auprès Des Évacués), uma organização ligada à Igreja Protestante, que apoiou os exilados e os emigrantes portugueses em geral, nasceu em 1939, durante a Segunda Guerra Mundial. O seu propósito era acolher todos os refugiados, inclusive os cidadãos da Alemanha, com quem a França estava em guerra, que fugiam do regime nazi. Como muitos portugueses fugiram da ditadura. Como muitos russos fogem agora do regime de Putin. Rotular um homem pela sua nacionalidade é uma reacção chauvinista e primária. A solidariedade não tem pátria, nem pode ser encurralada atrás de fronteiras.

Um outro libelo acusatório foram os contactos do casal russo com a sua embaixada. Valha-nos o bom senso! Então os emigrantes portugueses por essa Europa fora, que quase sempre saíam do país a “salto”, não contactavam as embaixadas de Portugal onde viviam e trabalhavam? Como é que podiam obter um passaporte que lhes permitisse viajar, ainda que só de regresso a Portugal? Ou mandar ir a mulher e os filhos? Ou renovar um bilhete de identidade ou uma carta de condução já caducados? Eram por isso e outro tanto apoiantes de Salazar ou informadores da PIDE?

Igor Khashin e a mulher recolhiam os dados pessoais dos ucranianos que chegavam a Setúbal e outra informação sobre o agregado familiar. Mas não era isso necessário para preencher os formulários e instruir os processos individuais, independentemente da nacionalidade dos estrangeiros? Depois, há as conversas entre os Khashin e os ucranianos. Elas seriam suspeitas. Suspeito seria que essas conversas não existissem. Quando um refugiado ou emigrante “cai” sozinho num país onde não tem qualquer contacto, de que tudo ignora, nomeadamente a língua, a sua primeira reacção, humana reacção, é desabafar e contar as suas experiências e angústias. “As pessoas falavam de tudo e de mais alguma coisa”, confessa Igor Khashin. Ao que parece, ele e a mulher também são culpados de ter falado com os ucranianos…

Não sei se os Khashin são espiões ao serviço da Rússia ou não. Ninguém sabe, ao certo. E se não forem? No ambiente de caça às bruxas que se gerou na sequência da guerra na Ucrânia, é indispensável separar o militantismo do jornalismo e a imprensa responsável da “Maria vai com as outras”.

Segundo a velha máxima jornalística, notícia não é um cão que morde um homem, é um homem que morde um cão. Ainda assim, para que haja notícia, é preciso que o homem tenha mordido o cão, de facto. »


Sobre o mesmo assunto, António Filipe no «Expresso»

«Seja como for, o manual dos inquisidores é para ser levado à letra e a sentença já foi lida. Os cidadãos são russos, ponto final. A Câmara de Setúbal “é comunista”, ponto final parágrafo. Não é preciso provar nada. Basta insinuar, acusar, condenar e executar a sentença. Enquanto não se apurar nada, é preciso continuar a investigar. Se nunca se apurar nada, é porque alguém conseguiu esconder alguma coisa e nesse caso, há que manter o princípio: in dúbio contra o réu.»

27 maio 2022

Triste notícia

 Um adeus a Mário Mesquita

Por imperativo de justiça e de amizade, aqui assinalo com tristeza a inesperada morte de Mário Mesquita, jornalista e professor universitário, porventura o maior especialista português em comunicação social. Vai-se notar a sua falta.