Três notas à volta
do 25 de Novembro
O «Público» de hoje confere importante destaque a um trabalho da historiadora Irene Flunser Pimentel sobre o 25 de Novembro que é no essencial uma útil e bem selecionada cronologia(*) de acontecimentos.
Esse texto suscita-me porém três observações ou correções. Com efeito, afirma I.F.P.:
Lido isto, venho esclarecer que nunca, jamais em tempo algum, o PCP reclamou a dissolução da Assembleia Constituinte.
Escreve I.F.P.:
Lido isto, venho esclarecer que o PCP não «criou» nenhuma FUP, participou sim na criação da FUR (Frente de Unidade Revolucionária) ligada à convocação de uma manifestação em Belém. Como modesto participante desse episódio posso testemunhar que a iniciativa da reunião no Centro de Sociologia Militar que deu origem à FUR não foi do PCP mas sim dos militares do Copcon (arrastando alguns oficiais da esquerda militar) e do PRP de Isabel do Carmo e Carlos Antunes.
Refere I.F. P. :
Lido isto, embora o sentido geral da frase esteja correcto, o que venho salientar é que o que Melo Antunes realmente disse foi que «o PCP é essencial à construção do socialismo» (video aqui). E, a meu ver, a insistente substituição da palavra «socialismo» por «democracia» oculta o significativo facto de naquela época a linguagem ou a semântica estarem muito mais à esquerda do que a realidade.
(*) Infelizmente a cronologia não abrange um aspecto muito importante e revelador : a saber, a data muito antecipada em que os "vencedores" do 25 de Novembro começaram a preparar o seu plano de operações militares.
(Ver esclarecimento de Irene Pimentel na caixa de comentários )