MOÇÃO
aprovada por unanimidade e aclamação
Democratas, entre os quais diversos ex-presos políticos, reunidos em sessão pública realizada em 2 de Outubro para assinalar o 2º aniversário do lançamento da petição que contestou a decisão de concessionar a privados o Forte de Peniche para fins hoteleiros:
Saúdam
todos os antifascistas que, erguendo um poderoso movimento de
opinião, contribuíram de forma relevante para a justa atitude
governamental de anular a referida decisão ;
Salientam
o seu continuado apoio e empenho ao projecto de criação no Forte de
Peniche de um Museu Nacional da Resistência e da Liberdade, projecto
e decisão que estão inteiramente de acordo com a história e
memória daquela cadeia como símbolo maior da opressão exercida
sobre cerca de 2500 lutadores antifascistas;
Declaram
acompanhar com atenção e espírito construtivo o trabalho de
departamentos governamentais e respectivos técnicos no sentido da
concretização da criação do referido Museu;
Consideram
que, simbolizando de forma pública a irreversibilidade deste
projecto, seria muito importante que, a 27 de Abril de 2019, fosse
possível inaugurar núcleos significativos do novo Museu.
Lisboa,
2 de Outubro de 2018
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Poema. escrito em 1960 em
Peniche, enviado à sessão
por António Borges Coelho
Na gávea da velha Fortaleza
Peniche, enviado à sessão
por António Borges Coelho
Na gávea da velha Fortaleza
Está lá baixo o mar oceano
No bojo de águas frias
lapida o Sol milhões de pedrarias
O largo longo ondear
que só do alto o céu pode abarcar
matiza-se de verde anil cobalto
a desdobrar-se em cor desde o mar alto
Os meus olhos são asas de gaivota
roçando a flor das águas afagando-as
em cada círculo ou rota
ou pousadas balouçando
seguindo o movimento
deste mar tão brando
e logo tão violento
Ei-lo além como salpica
a linha do litoral
a laivos brancos
a face de Portugal
fica
com colarinho
no fato azul marinho
**
Não estás às vezes todo à flor tranquilo
e vem de baixo um sussurar de rouco estilo
com ruído que sobe lá do fundo
como se arrastasses toda a dor do mundo
Que a nossa vida passe no seu flanco
leve das alegrias lento pelas mágoas
fique sempre o sulco branco
qie as traineiras deixam sobre as águas
Nesta toada os olhos se me afundam
pela linha das vagas onduladas
até se perderem nas nuvens amontoadas
que o horizonte inundam
Uma traineira vem chega do largo
os pensamentos quebrada a sua rota
descem num voo planado de gaivota
estou já pousado e ainda as asas
se agitam descem
até que a emoção as deixa rasas
**
Perde sentido a vida
se não a expomos de frente
que leva as trevas de vencida
Porque serei avaro
se tudo à Humanidade devo
o lápis a emoção com que isto escrevo
Agora que o Sol morreu
donde vem a luz que as águas acendeu
é luz que vem de baixo
ou da que o Sol deixou no céu
Camaradas
sejamos vigilantes
como esta luz dos barcos e das casas
nesta noite de armas aperradas
ousados caminhantes