Muito bem lembrado
A pergunta
«(...) Dia 27 de Fevereiro de 2015, Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública. Nessa audição,
que o PÚBLICO foi agora rever a propósito do caso dos offshores, o
deputado do PCP Paulo Sá pergunta a Núncio pela “estimativa do fluxo
anual de fundos que são desviados de Portugal para esses paraísos
fiscais”. Se o Governo garante ter reforçado o controlo das
transferências, na base desse reforço já terá feito uma estimativa,
argumenta o deputado. E de seguida reafirma o sentido da pergunta:
“Senhor secretário de Estado, concretize. Reforçou, muito bem. Então, em
termos práticos: anualmente – ano a ano, desde que este Governo tomou
posse – qual foi o fluxo anual para paraísos fiscais? Qual é o montante
global de fundos portugueses em paraísos fiscais?”.
A audição
estava na última ronda e quando chega o momento de responder, Paulo
Núncio desafia: “O senhor deputado esteve distraído: eu na minha
intervenção inicial disse que entre 2007 e 2013 estudos internacionais,
nomeadamente o FMI, demonstram que as transferências [sic] ou o capital
detido por contribuintes portugueses em offshores se reduziu em 83%,
senhor deputado”. O governante continua a responder, sem concretizar
valores, e num aparte o deputado do PCP insiste: “Então qual é o
fluxo?”. Núncio continua: “Houve um reforço muito significativo dos
rendimentos declarados oriundos de contas abertas no exterior por parte
de contribuintes portugueses na respectiva declaração de IRS. Houve um
crescimento de 110% e que o rendimento declarado nos quatro anos
ascendia a 550 milhões de euros [2010 a 2013]”.
Perante a resposta
evasiva, já a audição estava prestes a terminar, o deputado do PCP faz
uma interpelação à mesa para registar: “O senhor secretário de Estado
recusou-se a responder”. Paulo Sá dizia que já tinha questionado o
governante sobre o mesmo assunto noutras audições – algo que o PÚBLICO
não conseguiu ir verificar –, nem se o tema voltou mais tarde a ser
debatido (...)»