07 julho 2016

Uma enésima confirmação

Os media não têm memória


editorial do Público de hoje

13 anos depois, talvez esta seja uma prosa interessante. Só é pena que o Público não nos ofereça alguns dos editoriais que publicou na época da invasão do Iraque pelos EUA.

E, em 20 de Março de 2003, este vosso criado
 escrevia no Avante !:




  • Vítor Dias
    Membro da Comissão Política



Três evidências

Embora tudo isso possa ser muito pouco importante se, no momento em que estas linhas conhecerem a luz do dia, já milhares de toneladas de bombas semearem a morte e a destruição no Iraque, compreenda-se que insistamos em algumas evidências - porventura acessórias mas com significado - que se desvendaram nos últimos meses em torno da preparação desta agressão.
A primeira evidência é, desde logo, a de que se, por acaso ou bambúrrio, a Administração norte-americana, em vez de apontar baterias políticas e militares contra o Iraque, tivesse definido um qualquer outro alvo prioritário ou tivesse dado outra definição do «eixo do mal», todos os prosélitos em Portugal e no mundo da cruzada contra o Iraque não teriam escrito nem dito uma palavra nos últimos meses sobre os «perigos» que o Iraque representava, como não disseram nos anos que precederam imediatamente o 11 de Setembro de 2001.
De facto, ninguém acredita que se a Administração Bush tivesse escolhido outro «mau» para a fita, no que toca a Portugal, de Vasco Graça Moura a Luís Delgado, de Vasco Rato a José Manuel Fernandes [então director do Público], do pessoal quase todo do «Independente» a Henrique Monteiro, andassem todos a falar dos vastíssimos arsenais de armas químicas e biológicas de que o Iraque supostamente dispõe (mas que centenas de inspectores em centenas de visitas não descobrem) ou das supostas ligações do Iraque ao terrorismo internacional (que nenhuns generosos milhões de dólares ainda ajudaram a «provar»).
E, assim sendo, tem-se necessariamente de concluir que, aqui e lá fora, a maior parte dos defensores, em termos de opinião publicada, da bondade, legitimidade e carácter imperioso da agressão norte-americana ao Iraque o fazem não por um juízo soberano e livre sobre o estado do mundo e os seus perigos mas porque há que seguir a agenda, as opções, os interesses e as ordens do inquilino da Casa Branca e do sistema que protagoniza.
A segunda evidência, obviamente tributária da primeira, é o peculiar entendimento que os defensores da guerra, ao longo dos últimos meses, demonstraram ter seja do direito internacional (quase tratado como velharia sem préstimo) seja das organizações internacionais e designadamente da natureza e papel da ONU.
Para já não falar daqueles que repetidas vezes falsificaram o verdadeiro texto da Resolução 1441, basta dizer que, sem corarem de vergonha, não foram poucos os que, sempre como os EUA sustentavam, se esfalfaram a proclamar que aquela Resolução contemplava a «automaticidade do recurso à força» (com dispensa de qualquer nova apreciação ou Resolução do Conselho de Segurança).
E isto apesar de ser evidente que o texto não autorizava tal concepção e de se saber, pelos próprios documentos oficiais da ONU, que essa concepção foi «rejeitada pela maior parte das delegações» no debate que o Conselho de Segurança realizou em 16 e 17 de Outubro de 2002, a pedido da África da Sul que, em nome do Movimento dos Não-Alinhados, tinha manifestado o temor de que uma nova Resolução impusesse «deliberadamente ao Iraque modalidades de cooperação impossíveis de aceitar ou de satisfazer» e tivesse em vista «caucionar, de facto, o recurso à força».
E foi também por deliberada submissão a estas doentias concepções que foi possível ver, semana após semana, tantos comentadores alinhados pela guerra a sentenciarem, sem se desmancharem, que a referência da Resolução 1441 às «graves consequências» a que o Iraque se exporia em caso de incumprimento daquela Resolução significava, sem margem para dúvidas, a atribuição aos EUA de um mandato para desencadearem a guerra contra o Iraque.
A terceira evidência é que os EUA nunca agiram de boa-fé nas Nações Unidas e sempre a olharam como o útil e conveniente tabelião para dizer amen à sua estratégia e às suas opções e que os EUA se arrogam o direito de se armarem em exclusivos juizes e intérpretes autênticos das Resoluções da ONU e do seu cumprimento, e que os EUA estavam tão empenhados nas inspecções pelo lado das fabulosas possibilidades de recolha de informações e de espionagem quanto dispostos a desprezar de forma acintosa todos os testemunhos, relatórios e opiniões dos inspectores que não coincidissem com os seus pontos de vista.

06 julho 2016

Eu bem sabia que ...

... há cogumelos venenosos


Achem-lhe graça e esqueçam-se da natureza do escorpião e depois vão ver...

05 julho 2016

Santa paciência

Outra vez o «bunker»
da Soeiro Pereira Gomes


Na penúltima Visão, numa longa peça dedicada a Jerónimo de Sousa, a dado passo, podia-se ler : «Por agora, mergulhemos nas paredes de vidro do bunker da sede do PCP, na Soeiro Pereira Gomes, nome que, pela segunda vez, surge nesta prosa, desta feita, por ser placa toponímica.»

Por isso, embora sem qualquer esperança de matar este e outros mitos longamente enraizados no jornalismo português, limito-e a transcrever o que aqui escrevi aqui em 9.11.2013:

04 julho 2016

Venha um módico de espírito crítico

Estamos todos a
cair no diz que diz ?



Eu sei que Reuters não é um nome qualquer mas também não creio que seja o Oráculo de Delfos nem que as suas fontes não identificadas mereçam um confiança cega. E, depois, acontece que nem todos temos obrigação de ser licenciados em Finanças Públicas e é mais que certo que, compreensivelmente, 99,99% dos portugueses não fazem a mais pequena ideia de como é que em Julho de 2016 é possível «corrigir» o défice há muito apurado para o ano de 2015.

03 julho 2016

Para o seu domingo

Voltando sempre 
a Sílvia Perez Cruz



Estamos sempre a aprender

E viva o amiguismo político !


Do alto da sua cátedra em Georgetown e da sua qualidade de palestrante a 75.000 dólares, Durão Barroso já havia cometido a proeza de declarar que a aplicação a Portugal de sanções pelo défice de 2015 (governo de Passos e Maria Luís) dependia do que o actual governo dissesse ou fizesse. Agora vem Maria Luís diz isto, ou seja, que os números não mudariam mas que, como a ministra, o governo e a política seria o mesmo, o Eurogrupo e Comissão Europeia já fechariam os olhos.. Obrigado, srª drª, por classificar as instituições europeias como uma pandilha de amigos políticos.

02 julho 2016

Porque hoje é sábado ( )

Lorena Del Mar



A sugestão musical deste sábado vai para
a cantora espanhola de jazz 
Lorena Del Mar

30 junho 2016

Cada cavadela, minhoca

E depois queixam-se !



«L'avis des parlements nationaux ? Jean-Claude Juncker n'en a cure. Le président de la Commission européenne a en effet décidé ce mercredi 29 juin de passer outre la consultation des représentations nationales pour conclure le traité de libre échange entre l'Union européenne et le Canda, le Comprehensive Economic Trade Agreement.
Cousin du fameux Tafta (l'accord UE-Etats-Unis en cours de pourparlers), ce "Ceta" est en négociation depuis septembre 2014. Mais pour que les Etats membres aient leur mot à dire dans sa conclusion, il aurait fallu que ce dernier soit considéré comme "mixte". La Commission européenne et le Conseil avaient jusqu'au 5 juillet pour se prononcer sur son statut. Or, on Bruxelles cherchait le moyen d'en finir le plus vite possible. Finalement, Jean-Claude Juncker a décidé de trancher dès ce mercredi, lors d'une conférence de presse : 
"J'ai dit clairement hier que la Commission est arrivée à la conclusion, en raison d'une analyse juridique, que ce n'est pas un accord mixte."
En considérant ainsi que le Ceta est un accord non-mixte, c'est la compétence exclusive de l'Union européenne qui joue. L'institution peut donc se passer de l'avis des parlements nationaux et même de l'unanimité des Etats membres au Conseil !

Entretenir ce qui a provoqué le Brexit

Une décision qui, dans une UE déjà éprouvée par le Brexit, sonne comme un défi aux nations européennes. Le 13 mai dernier, les 28 Etat membres de l'UE avaient en effet insisté pour que ce traité entre en vigueur seulement après un feu vert des parlements nationaux. "L'accord que nous avons conclu avec le Canada est le meilleur accord commercial que l'UE ait jamais conclu", argue le cavalier seul. Et ce, malgré la défiance montrée par les parlements de Wallonie, du Pays-Bas et du Luxembourg,  demandant à leur gouvernement de ne pas adopter le Ceta.
L'objectif, pour la Commission, est de signer cet accord fin octobre lors d'un sommet à Bruxelles avec le Premier ministre canadien, Justin Trudeau, pour une entrée en vigueur prévue en 2017.  Et le Brexit ne semble vraiment pas avoir douché l'ardeur du tout-puissant Juncker, qui a par ailleurs annoncé cette semaine avoir prévu de , par une amende et une suspension temporaire des fonds structurels européens, pour non-respect du Pacte de stabilité.»
Aqui em Marianne