11 março 2016

Elísio Estanque (*) no «Público»

Tudo o que raposões
e raposinhos jamais entenderão


«Estamos em 1960 (ou talvez 1962), no Verão tórrido de um Alentejo desprezado pelo poder salazarista. Abril estava ainda fora daquele horizonte, aberto e amplo mas a vários títulos asfixiante. Uma calma que apenas estremecia à passagem esporádica de um ou outro automóvel com os pneus a guinchar na curva apertada após uma longa reta. Os sons das cigarras rompiam o silêncio e a monotonia daquele território árido, onde o amarelado da paisagem, o restolho seco, era apenas rasgado pelo tapete negro de alcatrão cintilante quase a derreter-se ao Sol abrasador. Mas na berma da estrada começava a vislumbrar-se, ao longe, uma poeira anormal em redor de duas silhuetas que se erguiam lado a lado com alguma coisa por trás. No início poderiam confundir-se com miragens em pleno “deserto” alentejano. Mas não. Eram bem reais. No seu movimento compassado percebi pouco depois que eram cavalos, trazendo atrás de si um homem acorrentado. Cavalos montados por aquela guarda, de farda cinzenta e botas altas, que aterrorizava crianças e ainda mais os adultos, pelo menos os mais conscientes das razões da sua miséria e do sufoco da sua liberdade. Do alto dos seus cavalos brancos estas figuras altivas eram a personificação do poder, em absoluto contraste com o ser miserável, com as mãos acorrentadas, curvado e maltrapilho, a desfalecer de sede. Deram-lhe água, mas só depois de saciar os cavalos no fontanário à beira da estrada. (...)

Aqui


(*) Como será sabido, não poucas vezes tenho discordado de opiniões do sociólogo Elísio Estanque. Mas hoje assinaria opor baixo o seu texto.

10 março 2016

Ora bem

A questão dos aplausos fica
para os unanimistas, eu dou
mais importância a isto




08 março 2016

Há 10 anos, no «Público»

Como "saudei" a chegada
de Cavaco Silva à Presidência
da República 




« (...)E é por isso que queremos escrever preto no branco e claro como a água que não nos sentimos nada felizes nem reconfortados, bem pelo contrário, por ver chegar à Presidência da República uma personalidade como Aníbal Cavaco Silva.

Porque, contra a corrente da amnésia e do relativismo político e para além de cruciais razões de futuro, não nos esquecemos de que, há 21 anos, a sua ascensão a líder do PSD e depois a Primeiro-Ministro se alicerçou no truque de fazer crer que um “novo PSD” tinha começado com ele e que para trás não havia nem história nem responsabilidades do seu partido e na suprema mistificação de ainda haver ministros do PSD no Governo do Bloco Central e, em simultâneo, conseguir fazer uma campanha eleitoral de crítica devastadora à acção desse governo mesmo quando os ministros em exercício do PSD estavam a seu lado nos palcos dos comícios.

Porque não nos esquecemos que gastou uma década inteira a fazer invariavelmente uma perversa campanha contra “os políticos” e “a política” sempre protegido pela insistente rábula de que, na chefia do governo, era apenas um submisso escravo do interesse nacional e um economista e professor universitário que só o destino, o acaso ou o amor ao país tinham empurrado para a vida política.

Porque não nos esquecemos que, debaixo dessa pose de não-político, não houve campanha eleitoral em que participasse, entre 1985 e 1995, que não fosse marcada por alguns dos vícios mais politiqueiros, desde o frenesim das inaugurações eleitoralistas às distribuições de cheques do Estado por caciques e candidatos do PSD, passando pelas tremendas catástrofes que sempre anunciava caso perdesse, como aconteceu, por exemplo em 1991, quando chegou ao requinte de proclamar que a vitória dos seus adversários teria como uma das muitas nefastas consequências que os portugueses já não poderiam comprar frigoríficos.

Porque não nos esquecemos que, sendo pessoalmente incorruptível, beneficiou vastas e gulosas clientelas, favoreceu o enriquecimento ilegítimo de muitos fiéis e apoiantes, deu um impulso decisivo à reconstituição dos grandes grupos económicos. designadamente através das famosas OPV (contra as quais o insuspeito Francisco Sousa Tavares escreveu em “A Capital” um texto de extraordinária violência) e dos subsequentes avanços das privatizações.

Porque não nos esquecemos que foi com Cavaco Silva no cargo de Primeiro-Ministro que os compradores do Totta em apenas três anos tiveram os lucros suficientes para compensar o que tinham pago pela aquisição daquele banco nacionalizado e também não esquecemos o caso do “acordo secreto” com António Champalimaud em que esteve especialmente envolvido o Secretário de Estado Elias da Costa.

Porque não nos esquecemos que, por volta de 1991, foi Cavaco Silva quem proclamou que “com mais alguns anos de estabilidade governativa” (nesse tempo já era um valor em si mesma) seria possível “agarrar o pelotão da frente” dos países mais avançados da Comunidade Europeia, embora como economista não pudesse deixar de saber que estar no “pelotão da frente” do cumprimento dos critérios de Maastricht era uma coisa e outra bem diferente seria estar no “pelotão da frente” em padrões de desenvolvimento e bem-estar, tarefa esta, segundo abalizadas opiniões, para 40 ou 60 anos, consoante os cenários.

Porque não nos esquecemos que, na década em que governou o país, se aplicaram centenas de milhões de contos oriundos de fundos comunitários em formação profissional e hoje ainda se continua a identificar como um sério problema a qualificação da mão-de-obra nacional.

Porque, entre outras coisas miúdas e muitas mais graúdas, não nos esquecemos nem da despudorada instrumentalização em tempos de antena do PSD da vitória dos juniores portugueses num Mundial de futebol, nem da atitude de Cavaco Silva e do seu Governo face aos incidentes na Ponte 25 de Abril, nem das suas ridículas pretensões de forjar um “novo português”, nem do facto de uma RTP telecomandada por Marques Mendes ter chegado ao ponto de mudar o nome de uma telenovela brasileira (de “O salvador da pátria” para um ensosso “Sassá Mutema”) com medo das incómodas associações de ideias que poderia gerar, em época já de ocaso político de Cavaco Silva. (...)»

Aqui em 17 de Março de 2006

Um achado !

O jornal que hoje
mudou de nome



Não adianta calar

Mais cenas da solidariedade
entre os socialistas europeus



Pierre Moscovici (París16 de septiembre de 1957) es un político francés miembro del Partido Socialista y actual Comisario europeo de Asuntos Económicos y FinancierosFiscalidad y Aduanas en la Comisión Juncker.
Pierre Moscovici es hijo de un psicólogo social, Serge Moscovici y de la psicoanalista Marie-Moscovici Bromberg. Tiene un título de graduado en Economía, un postgrado en Filosofía y otro en el Instituto de Estudios Políticos de París (Sciences Po) y la Escuela Nacional de Administración (promoción de Louise Michel), donde Dominique Strauss-Kahn fue su profesor y mentor. Durante esa etapa fue presidente de la asociación À gauche en Europe, fundada por Strauss-Kahn y Michel Rocard.
Inicialmente militante de la Liga Comunista Revolucionaria, ingresó en el PS en 1984. En 1994 resultó elegido diputado del Parlamento Europeo, cargo que ejerció hasta 1997, cuando salió elegido diputado de la Asamblea Nacional francesa por el Departamento de Doubs. Entre 1997 y 2002 fue Ministro de Asuntos Europeos en el gobierno de Lionel Jospin. Ese año fue elegido como uno de los 14 vicepresidentes del Parlamento Europeo. En 2007 fue reelegido diputado de la Asamblea Nacional.
Tras la victoria de la izquierda francesa en las presidenciales de 2012, el presidente François Hollande premió su lealtad nombrándole ministro de Economía y Finanzas. No en vano, Moscovici dirigió la campaña electoral de Hollande tras retirarse de la carrera presidencial antes de las primarias socialistas celebradas en 2011, que ganó Hollande.(Wikipedia)

Dia Internacional da Mulher

É preciso acelerar o passo





Now there was a time

When they used to say

That behind every great man

There had to be a great woman



But in these times of change

You know that it's no longer true

So we're comin' out of the kitchen

'Cause there's somethin' we forgot to say to you, we say



Sisters are doin' it for themselves

Standin' on their own two feet

And ringin' on their own bells, we say

Sisters are doin' it for themselves



Now this is a song

To celebrate

The conscious liberation

Of the female state



Mothers, daughters

And their daughters too

Woman to woman

We're singin' with you


The inferior sex

Got a new exterior

We got doctors

Lawyers, politicians too

Everybody take a look around

Can you see, can you see

Can you see there's a woman

Right next to you, we say

Sisters are doin' it for themselves

Standin' on their own two feet

And ringin' on their own bells

Sisters are doin' it for themselves



Now we ain't makin' stories

Oh, we ain't layin' plans

Don't you know that a man still loves a woman

And a woman still loves a man



Just the same way

Sisters are doin' it for themselves
There was a time

When they used to say



That behind every great man

There had to be a great woman

But in these times of change

You know that it's no longer true

So we're comin' out of the kitchen

'Cause there's somethin' we forgot to say to you, we say

Sisters are doin' it for themselves

Standin' on their own two feet

And ringin' on their own bells

Sisters are doin' it for themselves

Sisters are doin' it for themselves

Sisters are doin' it, doin' it, doin' it



Doin' it, doin' it, doin' it

Sisters are doin' it for themselves, yeah

Sisters are doin' it for themselves, yeah

Sisters are doin' it for themselves



I said, " Hey, hey, sisters are doin' it for themselves"

Sisters are doin' it for themselves

Sisters are doin' it for themselves


Songwriters

DAVE STEWART, ANNIE LENNOX




07 março 2016

É costume mas não me conformo !

Para a edição impressa do
Público, 
o comício dos 95 anos
do PCP não existiu !



Não terá sido a primeira vez nem será certamente a última mas já dizia o poeta francês Guillevic que «é mau hábito a gente habituar-se».

Muito gostam eles deste viciado dilema

Eu diria mesmo mais:
mais vale passar fome
do que estar morto


Reparem também no desenho

Uma capa que diz muito