27 janeiro 2016

Espírito de classe, é o que é !

Uma «cientista política" a
precisar de ir ao oftalmologista


No Público de hoje, a  senhora Elisabete Azevedo -Harman que é apresentada como «cientista política, Chatham House» resolveu enveredar por uma extensa lista de graçolas sobre Jerónimo de Sousa.

Ficam aqui algumas só para se perceber como o preconceito pode levar uma «cientista política» aos cumes da cegueira e da aldrabice:

(clicar para aumentar)

E, pronto, agora, embora julgue que não seria necessário, só quero testemunhar que nunca vi Jerónimo de Sousa de pullover vermelho às costas ou com camisas axadrezadas, que não lhe descortino nenhuma «popinha» e que estou farto de o ver ameno, sorridente e bem-disposto e sem ameaçar ninguém.

A pobre desta Elisabete não o sabe mas estas suas graçolas são filhas do mesmo espírito de classe que inspirava o que os media disseram sobre Jerónimo de Sousa no mês que precedeu a sua primeira eleição como o Secretário-geral do PCP, sendo que depois, passados uns meses, tiveram de enfiar rapidamente a viola no saco !

26 janeiro 2016

Intervalo nas deturpações e suposições

Agora fala o PCP
com a palavra do PCP


texto aqui

Este post custou-me um euro

As artes da intoxicação em mais
uma glória do jornalismo português


Sim, por causa desta manchete, fui comprar o jornal para ver qual era o seu fundamento. Ora, fiquem então os leitores a saber que na «notícia» lá dentro não encontrei qualquer declaração ou sinal (no sentido apontado) de algum dirigente do PCP (dia 24, à noite, Jerónimo de Sousa disse precisamente o contrário)e apenas encontrei as suposições ou conjecturas de Vital Moreira (pró-PS), Pedro Adão e Silva (PS) e Daniel Oliveira. E nenhum se lembrou de dizer (o que também seria um abuso) que o resultado de Marisa Matias punha «os acordos à esquerda em risco». E porquê ? Porque é sabido que os comunistas nasceram para serem, per secula seculorum, os "maus da fita".

A fronda do costume

Ajoelho perante
inteligências tão superiores



publicado na edição impressa de ontem

Sobre este despacho, aqui ficam três observações:

1. Fico a aguardar ansiosamente que Ana Sá Lopes, em relação pelo menos aos últimos 20 anos (por causa da idade dela), exiba qualquer declaração do PCP em que, tendo perdido numas eleições, tenha vindo afirmar que tinha ganho.

2. Embora a expressão tenha hoje um uso generalizado, não posso deixar de registar que a ideia de «erro de casting» é muito ajustada para quem tem da política uma concepção de espectáculo.

3.
 É verdadeiramente extraordinária a ideia de que o PCP teria feito melhor em desistir a favor de Sampaio da Nóvoa. É que, para além dos legítimos interesses próprios do PCP, haveria de dar um belo resultado Sampaio da Nóvoa  ser apresentado nos últimos dias de campanha como tendo como único apoio partidário significativo o PCP.

4. Muitos que acusam Edgar Silva  de ter tido um discurso repetitivo e «chapa» PCP dizem-no porque o preconceito lhes tolda a vista e entope os ouvidos e, por isso, nem repararam que Edgar Silva até trouxe para a campanha um discurso com formas de dizer e construções orais marcadamente pessoais e singulares.

5. A propósito da chamada «cassete do PCP» volto a repetir um desafio : é que, se algum jornal me pagar 250 euros por cada texto e me der duas horas para escrever cada um, eu garanto que escrevo três páginas imitando o discurso típico e «repetitivo» de qualquer um dos principais candidatos presidenciais.

P.S. : Há coisas que alguns só conseguem escrever porque o resultado de Edgar Silva foi o que foi e que não escreveriam se tivesse tido 7 ou 8%. É o caso do estimado José Vítor Malheiros hoje no «Público», quando escreve  que «o demérito pode ser atribuído ao candidato [Edgar Silva]  (...) mas não pode deixar de ser atribuído ao discurso de protesto que a campanha escolheu, com o PCP a sublinhar os seus aspectos identitários e a demarcar-se de tudo e de todos (nomeadamente do do Governo do PS) [????!!!] em vez de associar à possibilidade de construção de uma política comum de esquerda». Na verdade, revejo mentalmente todos os debates e todos os extractos de discursos nos telejornais e não descubro nada disto sobre Edgar Silva assim como não vejo qual foi a substancial diferença, nos pontos mais importantes, marcada por Marisa Matias.


Uma antiga realidade sociológica e política

O mapa que os jornais não
publicaram e que mostram algo
que nem Marcelo conseguiu mudar



Debruados a vermelho os distritos em que Marcelo rebelo de Sousa não alcançou a maioria absoluta. E cinco distritos não entram nele por pequenas margens : C. Branco por 0,15 p.p.,  Coimbra por 0,20, Santarém por 1,12, Porto por 1,29 e Madeira por 1,35.

24 janeiro 2016

À primeira volta

A vitória do «entertainer» político



O título deste post é obviamente simplificador mas com ele o que pretendo significar é que, no resultado de Marcelo Rebelo de Sousa (maioria absoluta por uma margem de 90 mil votos), o que mais pesa, sobretudo em relação aos 14 pontos que terá conseguido acima da votação do PAF em 4/10) não pertence ao território da política (ou, pelo menos, como a temos concebido) mas sim ao território de uma incomparável notoriedade, de uma longuíssima exposição mediática, da simpatia pessoal e da prolongada visita dominical aos lares dos portugueses a que há que acrescentar a ajuda da construída maquilhagem e opacidade políticas do candidato durante a campanha. Antes não o poderia escrever mas agora nada obsta a que insista na ideia de que, sendo uma parte decisiva das intenções de voto em MRS pertencente a este último território da não-política, todos os justos argumentos e críticas feitas por outros candidatos a MRS pertenciam a um mundo diferente e não podiam ter um efeito significativo ou decisivo do ponto de vista da necessária erosão das intenções de voto em Marcelo. Eram territórios ou mundos diferentes praticamente impermeabilizados a efeitos de um sobre o outro.


Porque muitos eleitores infelizmente o não compreenderam  e há o perigo certo de nas redes sociais e nos media aparecerem cidadãos e comentadores a insistir num grande equívoco, quero salientar que a vitória de MRS à primeira volta nada tem que ver com a diversidade  de candidatos à sua esquerda. De um ponto de vista aritmético (atenção, é aquele que conta para haver ou segunda volta) não eram deslocações de votos entre os candidatos à esquerda de Marcelo que mudavam ou alteravam as intenções maioritárias de voto em Marcelo. Todos os votos desses candidatos não iam para Marcelo e, portanto, todos contribuiam numericamente para o forçar a uma segunda volta. Para que este objectivo fosse alcançado era indispensável sim que intenções de voto fixadas em MRS se deslocassem para outros candidatos.(ver P.S.2)



Quero sinceramente saudar Edgar Silva, porventura o mais injustiçado dos candidatos,  (e todos os que ergueram a sua combativa e corajosa campanha) e manifestar um imenso apreço pelas suas qualidades de humanismo e poderoso compromisso com os ideais de Abril manifestados numa batalha extraordináriamente díficil onde o preconceito médiático anticomunista voltou a exibir-se e cujo resultado, a meu ver,  foi muito provavelmente afectado pelo facto de um segmento do eleitorado da CDU ter preferido usar o seu voto para resolver a competição  entre Sampaio da Nóvoa e Maria de Belém.



A vida e a luta continuam, amanhã é outro dia e há muitas outras batalhas para travar. De ciência certa, lá estaremos.

P.S. 1.: apesar de este ser um post sintético, seria absurdo não referir o excelente resultado de Marisa Matias e o impressionante afundamento da candidatura de Maria de Belém.

P.S. 2 (aditado hoje): próximo deste equívoco está a ideia hoje exposta na crónica de Rui Tavares no Público de que o que fez falta foi um candidato único da «esquerda» na 1ª volta. Infelizmente, Rui Tavares não se dá ao trabalho de nos explicar quem seria esse candidato capaz de ser agregador de um campo político  com tanta diversidade de posicionamentos nem se, porventura, julga absurdamente que seria possível uma disciplina de voto à primeira volta semelhante à que, em estado de necessidade, foi possível em 1986.

P.S. 3: fantástico o espanto e hipervalorização que por aí vai com os 3,3% do «Tino de Rans». Pelos vistos, já ninguém se lembra que há cinco anos o indescritível José Manuel Coelho obteve 4,5% dos votos.

23 janeiro 2016

Sem falta !

Um voto que ajuda sempre
a derrotar o apoiante do PSD e CDS
(que agora retribuem) e que melhor 
afirma os valores de esquerda

não tem nada que enganar ou hesitar:
 no boletim,
é o quarto a contar de cima


e nunca se esqueça de ouvir e ver o
 que este disse. a três semanas das
últimas legislativas, aos 4.13 minutos :