José Pacheco Pereira,
olha que não, olha que não !
É claro que não seria justo desmerecer de mais um inteligente e acutilante artigo de Pacheco Pereira no Público por causa de uma curta frase nela incluída. Mas também não vem mal ao mundo proceder a uma rectificação, não tanto por causa de JPP mas por causa de alguns que têm tendência para se julgar o umbigo de Portugal.
É assim : a dado passo, JPP observa lucidamente o seguinte : « Aliás, perante a indiferença geral dos partidários do «economês», Stiglitz veio dizer a Lisboa que era preciso cobrar mais impostos para investir e que a desigualdade era uma opção política. A desigualdade, por exemplo, não tem qualquer papel no discurso do «economês» e da política que o sustenta. . Não importa, não interessa e é inevitável. Os governos, sejam conservadores, sejam socialistas, sejam o que forem, estão condenados a seguir a mesmo política económica e social, e é essa política que define o «arco da governação», o clube dos partidos em que o voto dos eleitores serve para governar. O resto é um voto de segunda, tribunício e ineficaz, quase lúdico».
O problema está em que, de imediato, JPP remata: «Durante quatro anos em Portugal, só um punhado de pessoas que se contavam pelos dedos de uma mão é que resistiu a esta «inevitabilidade».
Ora, creio eu que só os dirigentes e deputados do PCP, do BE e do PEV são muítissimos mais do que «um punhado de pessoas que se contavam pelos dedos de uma mão».
E, se não me engano nas contas, também creio que os 996.872 portugueses que votaram no BE e na CDU em 4 de Outubro são cosmicamente superiores ao tal «punhado de pessoas que se contavam pelos dedos de uma mão».
Resumindo: convém não confundir a vida política real com as colunas de opinião nos jornais.