21 novembro 2015

Manuel Loff no «Publico» de hoje

Um grande artigo !



«(...) Muitos dirão que já não vale a pena discutir como aqui chegámos. Pelo contrário: nesta acumulação de ressentimento sem fim de árabes contra ocidentais, é cada dia mais importante perceber os 120 anos de ocupação colonial francesa (Argélia, Marrocos, Tunísia, Síria, Líbano), britânica (Egito, Jordânia, Palestina, Iraque, Arábia) e italiana (Líbia) que só cessou anos depois da II Guerra Mundial. A partir desse momento, um território sob o qual se estende o mais vasto lençol de petróleo do planeta tornou-se pasto de uma interminável guerra de colonização judaica na Palestina, acompanhada de uma estratégia incendiária por parte das antigas potências coloniais e do seu aliado norte-americano. Foram eles que, como recorda o veterano Robert Fisk, “impuseram reis aos árabes, cozinharam referendos (...), e depois lhes deram generais e ditadores. Para os árabes, a 'democracia' não significou liberdade de expressão e de escolha dos seus líderes; ela referia-se às nações 'democráticas' do Ocidente que continuaram a apoiar ditadores cruéis que os oprimiam” (Independent, 19.11.2015). Aliados contra os movimentos emancipalistas laicos, como os de Nasser, no Egito, ou de Arafat na Palestina, ou da FLN argelina na guerra contra a França, aos ocidentais pouco importava (e pouco importa hoje ainda) que todos eles fossem ultra-religiosos e se opusessem ao socialismo árabe em nome de Alá. Desde a guerra do Afeganistão, contra os soviéticos, e a da Bósnia, que os ocidentais têm vindo a armar em cada fase os mesmos jihadistas (Al-Qaeda, EI) contra os quais têm de lutar na fase seguinte. Quinze anos depois do 11 de Setembro, os sauditas e os emiratos petrolíferos do Golfo, ditaduras terríveis que se sustentam sobre um misto de modernidade ultracapitalista e de violência e opressão em nome dos mesmos valores religiosos do Estado Islâmico, continuam a ser aliados de Washington, primeiro na luta contra Saddam, hoje contra Assad e o Irão. Sauditas eram Bin-Laden e os suicidas do 11 de Setembro; sauditas e qataris pagam aos jihadistas sírios as armas que estes compram aos EUA ou à França. As mesmas que chegaram às mãos do EI, que permitiram que ele se consolidasse. (...)

Setenta e cinco anos depois

Igreja Católica de Espanha
sempre fiel ao seu passado 





aqui um debate em torno dos
40 anos sobre a morte de Franco

20 novembro 2015

Momento José António Saraiva

Rectificando um futuro Prémio
Nobel da Literatura português


Por puro acaso (já expliquei muitas vezes que o Sol me faz mal à cabeça), descobri este naco de prosa desse suprasumo da intelligenzia nacional que se dá pelo nome de José António Saraiva.

Acontece apenas que JAS fala da «esquerda » mas não sabe ou não quer saber que jamais o PCP fundamentou a necessidade de não empossar Santana Lopes por falta de «legitimidade eleitoral», ou seja, por não ter ido a eleições legislativas como líder do PSD.

Na época, esse argumento foi de facto usado pelo PS e até pelo BE mas o PCP nunca alinhou nisso, e antes fundamentou a sua oposição à posse de Santana Lopes e a sua defesa de eleições antecipadas na desgraçada política  da direita.

Além do mais, todos aqueles que  andaram décadas a vender a treta das «eleições para primeiro-ministro» e de todos os primeiros-ministros se terem antes de se sujeitar a eleições em que fossem supostos candidatos a tal cargo, nunca perceberam a extraordinária perversidade e entorse política que isso projectava sobre a própria vida democrática desses partidos. 

É que, como é bom de ver, esse critério conduzia na prática a que qualquer partido, sob pena de perder o governo, ficasse impedido de ter intercalarmente um Congresso que elegesse um novo líder. Mas isto é manifestamente areia de mais para certas camionetas.

Um documentário sobre os «Chicago Boys»



Sinopsis

En plena Guerra Fría la Universidad de Chicago becó a un grupo de estudiantes chilenos para ir a estudiar economía bajo las enseñanzas de Milton Friedman. Veinte años después, en plena dictadura, cambiaron el destino de Chile y lo convirtieron en el bastión del neoliberalismo en el mundo. Esta es la historia de los Chicago Boys contada por ellos mismos: ¿Qué estuvieron dispuestos a hacer con tal de lograr sus objetivos? ¿Cómo nació el modelo que hoy está en jaque? ¿Cómo explican los resultados en el largo plazo?

Em Nuremberga, há 70 anos

O nazismo no banco dos réus


Vasco P. V. Correia Guedes ou ...

... a traição das palavras



Na sua crónica de hoje no Público, Vasco Pulido Valente Correia Guedes começa por escrever que «foi compreensivel, necessária, a condenação [pelo PS D e CDS], a condenação da táctica eleitoral de António Costa, como o «acordo» com o PC e o Bloco que ele fabricou perante o espanto de Portugal inteiro. Foi também compreensíel que Passos Coelho e Paulo Portas protestassem mesmo com violência, contra este abuso de confiança do eleitorado e, em geral, do país».

Depois, em vários parágrafos, distancia-se e critica o posterior comportamento e discurso da coligação e conclui magistralmente assim : «O espectáculo que a direita está a dar é o caminho mais curto para uma nova derrota».

Ora bem, se as palavras ainda valem alguma coisa, aqui está um caso em que as duas palavras finais destroem todo o arranque da crónica (acima citado).

É tão simples como isto: se a direita está assim a caminho de «uma nova derrota» então é porque a anterior foi em 4 de Outubro. E, portanto...

19 novembro 2015

Não é um(a) nem dois (duas)

Os que, na hora 
da verdade, se cortam 


Vejo e ouço numa das televisões, à saída de audiência em Belém, Bagão Félix a dizer cobras e lagartos do acordos do PS com o PCP, o BE e os Verdes.

Para o caso de muitos leitores já não se lembrarem e do PR já ter esquecido, venho aqui lembrar que Bagão Félix foi uma das 74 personalidades que assinaram o Manifesto pela Reestruturação da dívida ( e até se propunham levar a petição ao Parlamento) que, segundo a zoada de direita e cavacal dominante nos media, representava um claro desrespeito pelos «compromissos internacionais» de Portugal.

Pois é, atrás de tempo, tempo vem.

O outro lado da luta de classes

Como a crise da dívida 
e do défice serviu de pretexto


Ora, para além de o ter repetido muitas vezes neste blogue, sobre isto escrevi na Seara Nova do Inverno de 2011:
«(...) A terceira falsidade consiste em fazer crer que todo o brutal e desumano conjunto de ataques, agressões, medidas de austeridade e retrocessos que já estava desenhado no memorando de entendimento entre a troika estrangeira - UE, BCE e FMI - e a troika nacional - Governo do PS, PSD e CDS - e tem vindo a ser alargado pelo actual governo PSD-CDS são uma mera decorrência da necessidade de conter o défice ou enfrentar o problema da dívida.
Ora, mesmo deixando generosa e benevolentemente de lado a minha (e a de muitos outros) convicção profunda que o conjunto das medidas adoptadas não resolverá nenhum dos problemas mais invocados, antes os agravará deixando um rasto de empobrecimento e destruição, a verdade é que há toda uma série de medidas adoptadas, impostas ou propostas pelo governo que não tem a mais pequena relação com o défice, com a competitividade ou com o pagamento dos encargos com a dívida, bastando para o efeito citar, a título de curto exemplo, a acrescida meia hora de trabalho diário, o corte de feriados, a baixa da TSU para as empresas, etc., etc.
Verdadeiramente o que está a acontecer é que, para a direita portuguesa e europeia e para os interesses de classe que representa, a crise, o défice e a dívida constituem uma oportunidade de ouro e um incomparável pretexto e cobertura para um desde sempre desejado e ansiado ajuste de contas com os avanços sociais, económicos e políticos filhos da Revolução de Abril, para estabelecer um ainda maior desequilíbrio nas relações entre o capital e o trabalho (veja-se como o princípio democrático básico da contratação colectiva é agora quase semanalmente espezinhado por decretos ou leis governamentais) e, la crème de la crème, e promover uma brutal, devastadora e mafiosa transferência de recursos financeiros e património da esfera pública para o grande capital.

A lição que há que tirar

É tudo uma questão
de critérios e valores


Como farão o favor de calcular, a mim não me passa pela cabeça menosprezar a importância da segurança que lida com protecção de vidas humanas ou ter qualquer reserva a que, por isso, não seja respeitado o «Pacto de Estabilidade».

Mas esta  tão compreensiva resposta de Juncker à unilateral decisão da França vem mostrar que não há semelhante compreensão quando se trata de milhões de cidadãos europeus que, entre tantos outros dramas e sofrimentos,  perderam os empregos e se afundam na pobreza e no desespero ou que perderam as suas habitações.


Prontos para o euro ?

Porque será ?

Pergunta: na sua opinião, está o seu 
país pronto para introduzir o euro ?

clicar para aumentar