20 novembro 2015

Momento José António Saraiva

Rectificando um futuro Prémio
Nobel da Literatura português


Por puro acaso (já expliquei muitas vezes que o Sol me faz mal à cabeça), descobri este naco de prosa desse suprasumo da intelligenzia nacional que se dá pelo nome de José António Saraiva.

Acontece apenas que JAS fala da «esquerda » mas não sabe ou não quer saber que jamais o PCP fundamentou a necessidade de não empossar Santana Lopes por falta de «legitimidade eleitoral», ou seja, por não ter ido a eleições legislativas como líder do PSD.

Na época, esse argumento foi de facto usado pelo PS e até pelo BE mas o PCP nunca alinhou nisso, e antes fundamentou a sua oposição à posse de Santana Lopes e a sua defesa de eleições antecipadas na desgraçada política  da direita.

Além do mais, todos aqueles que  andaram décadas a vender a treta das «eleições para primeiro-ministro» e de todos os primeiros-ministros se terem antes de se sujeitar a eleições em que fossem supostos candidatos a tal cargo, nunca perceberam a extraordinária perversidade e entorse política que isso projectava sobre a própria vida democrática desses partidos. 

É que, como é bom de ver, esse critério conduzia na prática a que qualquer partido, sob pena de perder o governo, ficasse impedido de ter intercalarmente um Congresso que elegesse um novo líder. Mas isto é manifestamente areia de mais para certas camionetas.

Um documentário sobre os «Chicago Boys»



Sinopsis

En plena Guerra Fría la Universidad de Chicago becó a un grupo de estudiantes chilenos para ir a estudiar economía bajo las enseñanzas de Milton Friedman. Veinte años después, en plena dictadura, cambiaron el destino de Chile y lo convirtieron en el bastión del neoliberalismo en el mundo. Esta es la historia de los Chicago Boys contada por ellos mismos: ¿Qué estuvieron dispuestos a hacer con tal de lograr sus objetivos? ¿Cómo nació el modelo que hoy está en jaque? ¿Cómo explican los resultados en el largo plazo?

Em Nuremberga, há 70 anos

O nazismo no banco dos réus


Vasco P. V. Correia Guedes ou ...

... a traição das palavras



Na sua crónica de hoje no Público, Vasco Pulido Valente Correia Guedes começa por escrever que «foi compreensivel, necessária, a condenação [pelo PS D e CDS], a condenação da táctica eleitoral de António Costa, como o «acordo» com o PC e o Bloco que ele fabricou perante o espanto de Portugal inteiro. Foi também compreensíel que Passos Coelho e Paulo Portas protestassem mesmo com violência, contra este abuso de confiança do eleitorado e, em geral, do país».

Depois, em vários parágrafos, distancia-se e critica o posterior comportamento e discurso da coligação e conclui magistralmente assim : «O espectáculo que a direita está a dar é o caminho mais curto para uma nova derrota».

Ora bem, se as palavras ainda valem alguma coisa, aqui está um caso em que as duas palavras finais destroem todo o arranque da crónica (acima citado).

É tão simples como isto: se a direita está assim a caminho de «uma nova derrota» então é porque a anterior foi em 4 de Outubro. E, portanto...

19 novembro 2015

Não é um(a) nem dois (duas)

Os que, na hora 
da verdade, se cortam 


Vejo e ouço numa das televisões, à saída de audiência em Belém, Bagão Félix a dizer cobras e lagartos do acordos do PS com o PCP, o BE e os Verdes.

Para o caso de muitos leitores já não se lembrarem e do PR já ter esquecido, venho aqui lembrar que Bagão Félix foi uma das 74 personalidades que assinaram o Manifesto pela Reestruturação da dívida ( e até se propunham levar a petição ao Parlamento) que, segundo a zoada de direita e cavacal dominante nos media, representava um claro desrespeito pelos «compromissos internacionais» de Portugal.

Pois é, atrás de tempo, tempo vem.

O outro lado da luta de classes

Como a crise da dívida 
e do défice serviu de pretexto


Ora, para além de o ter repetido muitas vezes neste blogue, sobre isto escrevi na Seara Nova do Inverno de 2011:
«(...) A terceira falsidade consiste em fazer crer que todo o brutal e desumano conjunto de ataques, agressões, medidas de austeridade e retrocessos que já estava desenhado no memorando de entendimento entre a troika estrangeira - UE, BCE e FMI - e a troika nacional - Governo do PS, PSD e CDS - e tem vindo a ser alargado pelo actual governo PSD-CDS são uma mera decorrência da necessidade de conter o défice ou enfrentar o problema da dívida.
Ora, mesmo deixando generosa e benevolentemente de lado a minha (e a de muitos outros) convicção profunda que o conjunto das medidas adoptadas não resolverá nenhum dos problemas mais invocados, antes os agravará deixando um rasto de empobrecimento e destruição, a verdade é que há toda uma série de medidas adoptadas, impostas ou propostas pelo governo que não tem a mais pequena relação com o défice, com a competitividade ou com o pagamento dos encargos com a dívida, bastando para o efeito citar, a título de curto exemplo, a acrescida meia hora de trabalho diário, o corte de feriados, a baixa da TSU para as empresas, etc., etc.
Verdadeiramente o que está a acontecer é que, para a direita portuguesa e europeia e para os interesses de classe que representa, a crise, o défice e a dívida constituem uma oportunidade de ouro e um incomparável pretexto e cobertura para um desde sempre desejado e ansiado ajuste de contas com os avanços sociais, económicos e políticos filhos da Revolução de Abril, para estabelecer um ainda maior desequilíbrio nas relações entre o capital e o trabalho (veja-se como o princípio democrático básico da contratação colectiva é agora quase semanalmente espezinhado por decretos ou leis governamentais) e, la crème de la crème, e promover uma brutal, devastadora e mafiosa transferência de recursos financeiros e património da esfera pública para o grande capital.

A lição que há que tirar

É tudo uma questão
de critérios e valores


Como farão o favor de calcular, a mim não me passa pela cabeça menosprezar a importância da segurança que lida com protecção de vidas humanas ou ter qualquer reserva a que, por isso, não seja respeitado o «Pacto de Estabilidade».

Mas esta  tão compreensiva resposta de Juncker à unilateral decisão da França vem mostrar que não há semelhante compreensão quando se trata de milhões de cidadãos europeus que, entre tantos outros dramas e sofrimentos,  perderam os empregos e se afundam na pobreza e no desespero ou que perderam as suas habitações.


Prontos para o euro ?

Porque será ?

Pergunta: na sua opinião, está o seu 
país pronto para introduzir o euro ?

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18 novembro 2015