Na sua crónica de hoje no «Público», João Miguel Tavares, depois de defender à outrance o direito de Passos Coelho a ser o primeiro indigitado para formar governo sem que entretanto formule para tanto quaisquer exigências, requisitos ou garantias, já quanto a uma solução alternativa à esquerda, escreve o seguinte:
«O passo nebuloso de Cavaco Silva, e onde a sua intervenção se pode revelar decisiva, é este: se o governo PSD-CDS cair no Parlamento e António Costa vier a ser convidado pelo Presidente para formar governo, deverá ele ser indigitado sem um acordo sólido nas mãos? E se a única coisa que o líder socialista conseguir sacar ao PCP e ao Bloco for uma promessa de viabilização de um governo socialista e nada mais? Deverá, mesmo assim, Cavaco arriscar a indigitação de um primeiro-ministro que se armou em Popeye mas que foi perdendo todas as latas de espinafres pelo caminho?
Neste ponto, a resposta é tudo menos óbvia. Entre ter um governo de gestão desprovido de qualquer poder ou um governo abaixo de cão desprovido de qualquer legitimidade, venha o diabo e escolha. Cavaco tem de usar o seu peso político para impedir que tal aconteça. Desde logo, explicando a António Costa, ao PCP e ao Bloco que não podem continuar a negociar como se os ponteiros do relógio estivessem parados.
Se até ao final da ronda pelos partidos não houver frente de esquerda à vista, Cavaco tem mais é que encostar Costa às cordas, aconselhá-lo a ter juízo e pedir o óbvio: a viabilização de um governo de direita (...)».
E, assim, chegamos verdadeiramente a um espantoso suco da barbatana: ou seja, João Miguel Tavares defende que deve ser exigido ao PS tudo mas tudo o que não foi exigido
a Passos Coelho e à PaF (e, de facto, não valia a pena pedir porque a coligação não tem com falar ou negociar e não pode garantir nada, nadica de nada).
a Passos Coelho e à PaF (e, de facto, não valia a pena pedir porque a coligação não tem com falar ou negociar e não pode garantir nada, nadica de nada).