... palavras que
fazem a diferença
Não estou nada esquecido de muitas coisas detestáveis que Joaquim Vieira tem escrito mas não me importa de registar este seu sobressalto de bom-senso.
«(...) E perpetuar o statu quo significa dar predominância aos dois partidos que têm assegurado a alternância:entrão). PSD e PS (o centrão ). A prova é que as televisões (e de certo modo também as rádios) entenderam, do alto da sua potestade, que apenas os líderes desses partidos tinham direito a debate em canais generalistas, os únicos a que toda a população tem acesso, ficando o resto, a existir, para o cabo, visto sobretudo pela classe média, mas só entre partidos com assento na legislatura cessante, sem inclusão sequer daqueles que as sondagens - tão acarinhadas pelos media - anunciam que entram no próximo parlamento.
Dizem que o critério é «jornalístico», porque só um daqueles líderes pode vir a chefiar o governo.Ora isso é uma perversão do acto eleitoral e da própria democracia. Do acto eleitoral porque as eleições não são para primeiro-ministro, mas sim para deputados. Da democracia, porque se deve considerar que, em qualquer eleição democrática,, à partida está tudo em aberto. A prova ? O actual primeiro-ministro dinamarquês não é o líder de um dos dois partidos mais votados nas eleições de Junho, mas sim do que ficou em terceiro lugar. Pelo critério dos media portugueses, ele não teria participado em nenhum debate pré-eleitoral para toda a audiência».
Joaquim Vieira é jornalista
e Presidente do Observatório da Imprensa