mas isto não é sério
"Caso a proposta venha a ser aceite,
o futuro boletim de voto teria um aspecto semelhante a este»
o futuro boletim de voto teria um aspecto semelhante a este»
É isto que se pode ver e ler num texto hoje publicado pelo Público onde se dá conta que os politólogos Marina Costa Lobo e José Santana Pereira estão preparar para apresentação aos partidos de um modelo do chamado «voto preferencial».
Deixando agora de parte outras questões que o «voto preferencial» levanta e que já abordei neste blogue, por hoje só quero chamar a atenção, do ângulo dos problemas de literacia eleitoral, para que a imagem formecida pelos politólogos ao Público está interesseiramente simplificada.
Com efeito, considero não ser objectivamente sério adiantar uma imagem de boletim de voto assim, sem ter em conta, por exemplo:
- que, nas últimas legislativas, concorreram não 4 partidos,como a imagem exemplifica, mas 17 o que implicaria uma largura do boletim pelo menos quatro vezes maior !;
- que, como não é crivel que se tivesse a audácia de identificar um candidato só por António A. daí também viria mais uma nova e nada discipienda contribuição para a largura do boletim de voto;
- que, como o círculo de Lisboa tem 48 candidatos, neste caso a altura do boletim de voto teria de ser pelo menos 6 vezes maior do que a que nos é apresentado.
- que, como não é crivel que se tivesse a audácia de identificar um candidato só por António A. daí também viria mais uma nova e nada discipienda contribuição para a largura do boletim de voto;
- que, como o círculo de Lisboa tem 48 candidatos, neste caso a altura do boletim de voto teria de ser pelo menos 6 vezes maior do que a que nos é apresentado.
Por fim, ainda uma observação que me perece relevar do simples bom-senso e espírito democrático. Segundo o jornal, sustentam os autores do estudo que «parte dos deputados de cada círculo seriam eleitos de acordo com as preferências dos dos eleitores, os outros deputados de acordo com a lista ordenada pelo partido". Mas «nesta lista os deputados mais escolhidos pelos eleitores passam à frente e são os primeiros a ganhar mandato». E que «na contagem dos votos» se siga o exemplo holandês de utilização da quota de Hare. E explicam que «assim, todos os candidatos que ultrapassem 25% da quota de Hare considerar-se-iam eleitos, e os restantes entrariam pela ordem da lista.»
E eu, que não sou politólogo mas me prezo de alguma cultura democrática, limito-me a perguntar: mas porque raio é que candidatos que receberam a preferência de 25% dos eleitores (ou da quota de Hare) hão-de passar à frente da concordância dada por 75% dos eleitores à ordenação proposta pelo partido ?