«Os signatários, todos cidadãos com uma apreciável e por vezes longa intervenção na vida pública designadamente na defesa da economia de mercado e em oposição a intervenções do Estado que lesem o direito fundamental à propriedade privada, não podem deixar de manifestar a sua incredulidade e até indignação com os recentes desenvolvimentos verificados a propósito da situação do BES.
Com efeito, entre outras estranhas coisas, acabam de descobrir que o Banco de Portugal, obviamente espaldado na opinião do governo, pode impôr um Presidente para um banco, afastar gestores sem conclusão de qualquer inquériito ou processo legal, criar um novo banco e transferir para outro já existente alegados activos tóxicos, e tudo isto sem que tenha reunido qualquer Assembleia-Geral de accionistas que, à face da lei, são os legítimos e insubstituiveis titulares de direitos de propriedade sobre o BES.
Os signatários entendem recordar a este propósito que até o nefando e horrível gonçalvismo se deu ao cuidado de primeiro nacionalizar a banca e só depois adoptar as regras e procedimentos que, à época, entendeu convenientes.
Os signatários expressam por fim a sua firme convicção de que há nas decisões do Banco de Portugal e do governo matéria susceptível de eficaz impugnação jurídica com vista ao restabelecimento de principios essenciais do Estado de Direito e da confiança na economia de mercado. »