Durão Burroso (G.W.B. dixit)
ou o cinismo sem limites
Pior ou mais eloquente do que todos os títulos ou notícias nos jornais, foi ver ontem ao vivo nos telejornais e ao lado de um primeiro-ministro de Portugal nesta matéria calado que nem um rato (porque já têm dito e pensa o mesmo), um Durão Barroso a responsabilizar antecipadamente o Tribunal Constitucional por uma austeridade mais agravada caso chumbe normas do OE para 2014 e, logo de seguida, declarar que jamais ele ou a Comissão Europeia fizeram qualquer crítica ou pressão sobre aquele órgão, coitadinhos apenas não podem deixar de alertar para as respectivas «consequências» das decisões daquele alto tribunal.
A verdade é que, se houvesse em Durão Barroso um grama de seriedade nem que fosse caída por acaso na lapela do casaco, ele, mesmo mantendo as suas opiniões favoráveis à desgraçada política que tem desabado sobre os portugueses e o país, o que deveria ter dito, respeitando a verdadeira sequência dos factos, é que o Governo, ao incluir no OE 2014 medidas claramente passíveis de declaração de inconstitucionalidade estaria a provocar uma «consequência» chamada «mais austeridade».
Como se vê não há pois nesta gente limites para a falta de vergonha e o para o vezo trafulha: de um passo, inventam uma alegada «consequência» e descarregam-na para cima do TC e, 30 segundos à frente, declaram que nem por sombras estão a fazer qualquer pressão sobre o dito Tribunal. George W. Bush chamou-lhe uma vez "Burroso" mas burro, convenhamos, ele não é, é mais o extremo cinismo, a insuperável hipocrisia e a desonestidade congénita levados para os altos cumes da Comissão Europeia.