18 julho 2013

Uma grande intervenção

Muitíssimo bem, Bernardino,
salvo talvez se alguém vergonhosamente

lhe der a mão ou mesmo meia mão


Já agora

Olha, querida "elite", porque
não fazes um manifesto contra
o que causa isto ?


                                   

Mais um manifesto na hora H

Os do costume apoiam 
a aliança dos do costume


E nem me me proponho gastar muita cera com este pessoal. Apenas quero lembrar aos distraídos ou aos que há 23 anos paparam como boa a ideia de que tinham terminado as classes e os seus interesses que  aqui está uma das muitas comprovações do contrário. Como, em geral, têm uma peculiar ideia do interesse macional, é mais que certo que também têm uma muitíssimo peculiar ideia do que seja a «salvação nacional».

17 julho 2013

A propósito de uma crónica de Rui Tavares

Cinco sóbrios esclarecimentos 
 


Esclarecendo que, ao contrário do que ele pensará, não há da minha parte nenhuma embirração mas apenas a consequência natural de ele escrever na última página do Público, registo que na sua crónica de hoje, explicitamente motivada pela iniciativa do BE de propor encontros ao PS e PCP para a elaboração de um «programa para um governo de esquerda» ( a mim pareceu-me uma coisa quase tão instantânea como o pudim flan), Rui Tavares reporta-se na sua crónica de hoje a uma sua anterior crónica de Setembro de 2012 em que havia recomendado aos partidos da oposição, entre outras medidas, a de  concordarem «em  encontrar-se e falar, sem precondições».

Rui Tavares assinala depois (sublinhados meu) que «Ontem, aconteceu. Pela primeira vez, ouvi um líder de um partido da oposição - João Semedo, do Bloco de Esquerda apelar à realização de reuniões urgentes e «sem condições prévias» entre os partidos de esquerda.  Poucas horas depois, o PS aceitou».  E mais à frente, Rui Tavares sublinha que «o ineditismo do passo pode fazer escola, e isso é importante. Ainda assim a pergunta que se impõe é a seguinte: custava muito ?.

Ora, face  a isto, entendo observar sobriamente:

1. O «ineditismo» da coisa é tão grande que, para não ir mais atrás, ainda ontem aqui lembrei que que em 5 e 6 de Junho, ou seja há 40 dias, o PS teve encontros com todos os partidos, incluindo com o PCP e com o BE.

2. Não só desconheço em quase 40 anos de democracia que o termo «condições prévias» alguma vez tenha entrado no léxico de partidos a respeito de encontros entre si, como juro, com especial conhecimento de causa, que ele      é completamente estranho às formulações do PCP. E, como Rui Tavares é muito novo para o saber, até informo que, nos longuíssimos anos em que o PS esteve de relações cortadas com o PCP, este com Álvaro Cunhal como Secretário-geral insistia sempre sem êxito  (até à chegada de Jorge Sampaio à liderança do PS) na realização de encontros com o PS sem agenda nem condições prévias.

3. Embora saiba que isso não abala um milímetro as sentenças de alguns, insisto em que o «diálogo» entre os partidos não é coisa que se possa limitar aos seus encontros (que até podem ser meras coreografias ou operações de imagem),  antes também se trava na AR e na praça pública pela exposição e confronto das suas diferentes propostas e pela forma como cada um se posiciona  ou vota as propostas de outros.

4. Lamento dizê-lo mas confundir a legítima consideração de um partido que, numa determinada situação ou conjuntura, um encontro com outro não é oportuno ou não acrescenta nada com o estabelecimento de  condições prévias ou precondições é, na mais benévola das hipóteses,  o puro território da ligeireza e da superficialidade.

5. Por fim, de forma propositadamente elíptica, quero lembrar que em 12 de Setembro de 2012 escrevi isto neste blogue :



P.S.: É sempre uma coisa tristíssima e quase de fazer chorar as pedras da calçada ver Daniel Oliveira a dar corda à milonga  de que há alguém que empurra o PS para os braços da direita como se mais de três décadas não mostrassem que sempre para lá caminhou pelo seu próprio pé e consciente vontade.

E a chuchadeira prossegue

O meu mais
ardente desejo é que...


... nas restantes matérias se entendam tão perfeitamente como nesta !

Conversa para sexagenários ou...

... neste aspecto fez-se a
vontade ao António Mourão



16 julho 2013

Voltando à carne da política

Mais notícias 
sem picante nem frisson





Para o caso de alguém se ter esquecido

Estas notícias não são
de amanhã mas de início de Junho





Ópera dedicada a Luís Azevedo

A não perder




«A LAUGH TO CRY é um grito de resistência e de alerta e é dedicada à memória do meu pai, o Luís de Azevedo. Sei que se ele ainda estivesse conosco partilharia comigo este mesmo grito de liberdade, justiça e solidariedade.
Com efeito o libreto é constituído por textos que escrevi propositadamente para esta ópera, em português e francês (as minhas duas línguas "maternas") e também em inglês. São textos poéticos que escrevi sobre a condição humana, em particular a sua condição presente neste cenário de crise que, mais do que económico, é essencialmente filosófico e civilizacional. A LAUGH TO CRY explora algumas das preocupações essenciais do ser humano, transportadas para o nosso tempo no contexto de um mundo globalizado, formalizando-se numa reflexão sobre o poder hegemónico que hoje tende a destruir a Memória, a devastar o planeta Terra e quem sabe a extinguir até a própria Humanidade!
São questões que afligem o espaço-tempo contemporâneo, que me afligem, que nos afligem; num percurso do ser inexoravelmente temporal.
Conforme escrevi e referi aquando da "Sessão Evocativa de Luís de Azevedo e Gilberto Lindim Ramos" na Casa do Alentejo organizada pela ID no ano passado, para mim poder estar com aqueles que conheceram o meu pai e que foram seus amigos é também estar um pouco com ele. Quando estou com os seus amigos é a sua presença que se aviva na minha memória. Um pouco dele está em cada um dos seus amigos e esta ópera que dedico à sua memória transporta também os ideais que nortearam a sua vida.».

 

15 julho 2013

Desculpem o relambório mas...

... é preciso que as coreografias
não façam esquecer a realidade


Não se interessa agora saber se era ou não fatal como o destino mas talvez interesse registar objectivamente que a centralidade dada pelos media às coreografias  resultantes da comunicação do Presidente da República  pode redundar  em que, por uns tempos, as  malfeitorias do governo e a dramática situação na carne sofrida pela maioria dos portugueses passem a segundo plano. Adianto mesmo sem temor que não me admiraria que haja cidadãos que ainda onteontem espumavam de raiva contra as medidas do governo e agora estejam embalados  na cantinela do «como era bom que PSD, PS e CDS se entendessem». A pensar nisso, e contra a evacuação da realidade, proponho de seguida um cansativo desfile por uma ainda assim insignificante antologia de imagens de posts recentes neste blogue. Tenham lá paciência.