17 junho 2013

Não sei explicar porquê...

... mas gosto desta
imagem do Le Monde



Porque não há «vacas sagradas»...

A memória de Delors e a minha



Não me custa nada saudar a vitalidade intelectual de Jacques Delors a quem a respeitável idade não impede de um súbito reaparecimento na ribalta do debate das questões europeias. Mas, ao mesmo tempo, quero ser fiel ao princípio de que a melhor maneira de respeitar uma respeitável idade é, apesar disso, não se deixar de dizer sobre a pessoa o que se entende ser justo dizer.

Acontece que nestes dias vi na televisão Delors a queixar-se amargamente de que, por volta de 1990-1992, «os que nos governaram» só pensaram na moeda única e nada na economia. Acontece que a Wikipedia me confirma que nesse período (mais: entre 1985 e 1995), Jacques Delors era o poderoso e influente Presidente da Comissão Europeia e não me lembro de então ter formulado tais queixumes.

E também não me esqueço desta peça, por demais esclarecedora embora com um título viciado, publicada em Setembro de 2011 pelo insuspeito Le Nouvel Observateur sobre um tema - a liberalização dos movimentos de capitais - que, esse sim, viria a ser determinante em toda a evolução da União Europeia (e não só) até hoje:



(...)"A la fin de la décennie 80, écrit Abdelal,  les dispositions de l’Union Européenne et de l’OCDE, qui avaient ralenti le processus de mondialisation des marchés financiers, sont réécrites pour épouser une forme libérale. Grâce à ce changement, qui concernait  70 à 80 % des transactions de capitaux dans le monde, la mondialisation financière va progresser à grands pas dans le cadre de règles libérales (…) Cette évolution n’a pu se faire que grâce à l’intervention de trois personnages : Jacques Delors, en tant que président de la Commission européenne, Henri Chavranski,  président des mouvements de capitaux à l’OCDE de 1982 à 1994, et Michel Camdessus, président du FMI de 1987 à 2000 ( …) Sans eux, un consensus en faveur de la codification de la norme de la mobilité des capitaux aurait été inconcevable. Ces trois hommes ont beaucoup de points communs, mais il en est un qui saute aux yeux : ils sont Français. Voilà qui est tout à fait curieux car pendant plus de 30 ans la France, plus que tout autre pays, avait multiplié les obstacles à toute modification des textes en faveur de la mobilité des capitaux."
Faisant remarquer que c’est François Mitterrand qui a nommé Camdessus gouverneur de la Banque de France, Abdelal parle de "paradoxe français d’autant  plus fort que Delors était une importante figure socialiste et que (…) les français n’y ont pas été forcés par les Etats Unis, au contraire". Il poursuit : "c’est le 'consensus de Paris' et non celui de Washington, qui est avant tout responsable de l’organisation financière mondiale telle que nous la connaissons aujourd’hui, c'est-à-dire centrée sur des économies donc les codes libéraux constituent le socle institutionnel de la mobilité des capitaux".(…)
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Vale tudo até tirar olhos

Como eles mentem !


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15 junho 2013

A manifestação de hoje

Viste e ouviste, Crato ?


Contra as leituras por metade, aqui se recapitulam os objectivos da luta dos professores:



Momento Assis,
para mais tarde recordar:

Em boa hora

Carta de solidariedade pelo
povo grego,pela democracia e
contra o apagão do serviço
público de rádio e televisão na Grécia

(dirigida à Embaixada da Grécia)



A Grécia acordou no dia 12 de Junho sem televisão e radio públicas. No dia anterior, 11 de Junho, o governo impôs, com escassas horas de pré-aviso, o "apagão "da ERT (serviço de rádio e televisão grego), tornando-se a Grécia o único estado-membro da União Europeia a suspender o  serviço público de comunicação social, num claro atropelo da democracia. Semelhante decisão constitui uma inequívoca manifestação de autoritarismo, abrindo um estado de exceção que colide com princípios e normas europeias e ataca direitos fundamentais.
O serviço de televisão público é essencial para o povo grego, para a democracia na Grécia, para a democracia na Europa. Considerar aceitável esta situação é aceitar a premissa e a ameaça da chantagem antidemocrática sobre os meios de comunicação social e a liberdade de imprensa.

Os e as assinantes enviam por isso esta carta de repúdio pela decisão do governo grego e exigem o respeito pelos valores democráticos sustentados pelo serviço público de televisão e rádio. Só a democracia pode defender os povos europeus contra a austeridade e o autoritarismo.
Os/as abaixo-assinado
Alexandre Quintanilha (professor);Alberto Arons de Carvalho (professor universitário);
Alberto Costa (deputado);Alberto Martins (deputado);Alfredo Maia (jornalista, presidente do Sindicato dos Jornalistas);Ana Goulart (jornalista);Ana Maria Pessoa (professora);António Almeida Calheiros (assessor/docente universitário);António Pedro Vasconcelos (realizador);Boaventura de Sousa Santos (professor universitário);Carla Baptista (professora universitária);Camilo Azevedo (comissão de trabalhadores da RTP)

Catarina Martins (deputada);Cecília Honório (deputada);Conceição Matos Abrantes (reformada);Daniel Oliveira (jornalista);Diana Andringa (jornalista);Domingos Abrantes (reformado);Eduardo Ferro Rodrigues (deputado);Estrela Serrano, investigadora);Fernando Correia (jornalista, professor universitário, membro do Conselho de Opinião da RTP);Fernando Valdez (jornalista);Francisco Louçã (professor Universitário);Hélder Costa (dramaturgo e encenador, diretor do grupo de teatro A BARRACA);Helena Sousa Freitas (jornalista / bolseira de doutoramento);Inês de Medeiros (deputada e realizadora);Inês Quintanilha (licenciada em História);Jacinto Lucas Pires (escritor);Joana Lopes (doutorada em Filosofia);João Bau (investigador-coordenador);João Villalobos Filipe (militar de Abril);João Salaviza (realizador);Jorge Lacão (deputado);Jorge Sampaio (advogado);José Azeredo Lopes (professor universitário);José Barahona (Cineasta);José Rebelo (professor universitário);José Ribeiro e Castro (deputado);José Luiz Fernandes (jornalista);José Manuel Pureza (professor universitário);José Maneira (investigador);José Mário Branco (músico);José Maria Castro Caldas (economista);José Vera Jardim (jurista);José Vítor Malheiros (consultor e colunista);Lídia Fernandes (bolseira de investigação);Luís Fazenda (deputado);Luís Humberto Teixeira (tradutor);Luísa Teotónio Pereira (técnica de desenvolvimento);Manuel Carvalho da Silva (investigador);Manuel Macaísta Malheiros (jurista);Manuel Maria Carrilho (professor universitário);Manuel Mozos (realizador);Margarida Maria Martins da Graça (professora);Maria Augusta Babo (professora universitária);Maria de Lurdes Afonso Lopes (médica);Maria Susete Abreu (gestora);Mário Pimenta (professor universitário);Mário Tomé (militar de Abril);Miguel Cardina (historiador);Natal Vaz (jornalista);Nuno Ramos de Almeida (jornalista);Orlando César (jornalista e presidente do Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas);
Oscar Mascarenhas (jornalista);Pedro Delgado Alves (professor Universitário);Pedro Diniz de Sousa (investigador);Pedro Rodrigues (produtor cultural);Pedro Sousa Pereira (membro da comissão de trabalhadores da Agência Lusa);Ramiro António Soares Rodrigues (militar reformado);Ricardo Alves (professor);Rita Veloso (assistente na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa);Ruben de Carvalho (jornalista);
Rui Nunes (membro da comissão de trabalhadores da Agência Lusa);Sandra Monteiro (jornalista);Sérgio Sousa Pinto (deputado);Sofia Andringa (investigadora);Tiago Ivo Cruz

Vasco Lourenço (militar de Abril);Vítor Dias (reformado)

Bastam uns retoques de âmbito e de nome ...

... e a "linha vermelha"
passa logo a "via verde"


CM de hoje

Portas no seu melhor

Rodriguinhos,
salamaleques e coreografias


Não há dúvida de que é espantoso o relevo que certas coisas podem ter na imprensa por mais artificiais e patéticas que sejam. É o caso deste título no Expresso online. De facto, está-se mesmo a ver que o CDS que, em legislativas não se tem coligado com o PSD e nem sequer tem feito campanha anunciando claramente que é com o PSD que se dispõe a governar, iria agora, em eleições para o Parlamento Europeu, coligar-se com o PSD, chamando a si equitativamente o descontentamento com a política governamental e como se não soubessem uns e outros  melhor do que eu de que, nestas circunstâncias políticas e sociais, as coligações PSD-CDS, em vez de ampliarem, reduzem a votação. São mesmo a espuma dos dias e os pequenos truques de Portas no seu melhor.