23 dezembro 2012

Hoje o punk rock dos

Metz




O cronista clown (sem ofensa para a profissão)

Mais uma do eremita rezingão


Na sua crónica de ontem no blico, a propósito da Constituição e das condições em que foi elaborada, entre outras «tropelias» do PREC, Vasco Pulido Valente citava «o cerco ao Parlamento» e eu estoicamente resisti à tentação de perguntar pela 224ª vez se alguém me encontra nas fotos da época algum pano ou cartaz da manifestação dos trabalhadores  da construção civil que seja relativo à elaboração da Constituição ou se alguém me mostra um recorte da época onde sejam relatadas as reivindicações que esses trabalhadores dirigiram ao Presidente da Assembleia Constituinte ou aos seus deputados.

Hoje, na sua crónica, o eremita rezingão de Benfica dedica-se à cultura e sentencia, sem apelo nem agravo que «durante trinta anos de absoluta liberdade,  não apareceram "actividades culturais" de qualidade e consequência» e que «em 2012, continua a não haver cinema, teatro, dança, ballet e tudo o resto», além do mais assim ofendendo não apenas a verdade mas insultando centenas e centenas de animadores e criadores culturais e artistas das mais diversas áreas.

É claro que VPV é mais antigo mas não sei se os leitores se lembram que há uns anos esteve na moda um economista chamado Arroja que conseguia ser lido precisamente pelo seu soberbo espectáculo de parvoíce e reaccionarismo. Pois VPV é uma espécie de Arroja para todos os assuntos. É certo que continua a ser muito lido mas, como eu, desconfio que muitos já o lêem como uma espécie de clown da crónica de imprensa.

Generoso por feição, tendo sempre a pensar que Vasco Pulido Valente é daqueles cidadãos que, desde muito cedo, criaram um personagem e depois ficaram para todo o sempre prisioneiras dele.

22 dezembro 2012

Porque hoje é sábado ( 304 )

Blouse

A sugestão musical de hoje destaca
a banda norte-americana Blouse



21 dezembro 2012

Tudo esclarecido

Relvas explica comunicação de ontem


Lusa, Lisboa, 21.12.2012, 14 hs.: - Em comunicado enviado aos órgãos de comunicação social, o ministro Adjunto Miguel Relvas explica a comunicação ao país ontem feita por Pedro Passos Coelho sobre «o fim do mundo» no dia de hoje. É o seguinte o teor integral do comunicado:

1. Obviamente sem necessidade de esperar pelo final do dia, o governo entende pedir desculpa aos portugueses pelos efeitos da comunicação ontem feita pelo primeiro-ministro e deplora profundamente o alarme e inquietação que possa ter causado na sociedade portuguesa.

2. O governo lamenta de forma especialmente sofrida a vaga de suicídios verificada, regista entre a dor e o reconhecimento que, segundo as informações disponíveis, a maioria deles foi provocada não pela ideia do fim do mundo mas sim do fim deste governo e anuncia que, em próxima reunião de Conselho de Ministros aprovará um sistema de pensões ou indemnizações extraordinárias para os familiares destes cidadãos.

3. A verdade é que o governo em conjunto e cada ministro individualmente nunca acreditaram  que o mundo acabasse hoje, até porque sabiam que, no mais mundialmente reputado ensaio histórico-antropológico sobre aquela extinta civilização, - da autoria do português Eça de Queiroz e precisamente intitulada Os Maias - não consta qualquer referência àquela previsão do fim do mundo para o dia hoje.

4. Acontece porém que o governo entendeu que, face a uma opinião pública compreensivelmente descontente e irritada com as fortes medidas de austeridade impostas por razões de salvação e regeneração nacionais, a questão do alegadamente iminente fim do mundo representava uma oportunidade de ouro para que pelo menos a maioria da população pudesse relativizar melhor as coisas, isto é, intuísse e compreendesse que afinal há cenários e perspectivas muitíssimo piores e mais dramáticos.

5. Os mais empedernidos e sectários adversários  do governo dirão natural e certamente que o mundo não acabou mas o governo continuará  a transformar a vida dos portugueses num ardente inferno. Mas agora está muito mais consolidado e ancorado no sentimento colectivo que entre uma coisa e outra vai uma abissal diferença e que a necessária austeridade é, apesar de tudo e por comparação com o fim do mundo, o mais ínfimo dos males.

Eurobarómetro 78

A opinião pública europeia
na preocupação, desconfiança e temor

Acaba de ser publicado o Eurobarómetro nº 78 com trabalhos de campo realizados em Novembro e que pode ser consultado aqui. Alguns quadros:
(
(clicar nas imagens para aumentar)
 azul - má, amarelo - na mesma, vermelho - pior

 









20 dezembro 2012

Em conferência de imprensa inesperada

Passos Coelho surpreende
Portugal, a Europa e o Mundo

Lusa, Lisboa, 20.12.2012, 14 hs. - O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, surpreendeu hoje o país, a Europa e o Mundo (a CNN fez um «Breaking News» sobre o assunto) ao declarar em conferência de imprensa (sem direito a perguntas) em que estava acompanhado por todo o governo, o seguinte :

« Portugueses e portuguesas:

Antes não o podíamos fazer mas hoje é chegado o momento de vos comunicar que todas as medidas, aliás injustamente criticadas, inscritas no Orçamento de Estado para 2013 se destinaram apenas a enganar a troika e os mercados por umas semanas pois o meu governo sempre teve a firme e sólida convicção de que o mundo acabará amanhã, dia 21 de Dezembro de 2012.

Como alguns queriam e reclamavam, vamo-nos portanto embora mas ninguém se ficará a rir por vos levamos a todos connosco.

Obrigado e até outro mundo noutro tempo.»

Contactados pela Lusa, o Presidente da República declarou estar «a ponderar atentamente a situação criada» e informou já ter pedido com fulminante urgência vários pareceres a diversos constitucionalistas; de Bruxelas, José Manuel Durão Barroso declarou que «mesmo que o mundo acabe amanhã, isso não muda o facto de o governo português estar a fazer um excelente trabalho e que Portugal continuará com grandes potencialidades na captação de investimento alienigena»; por sua vez, o líder da oposição, António José Seguro declarou estar-se perante mais uma prova da «irresponsabilidade e incompetência do governo pois este, fazendo orelhas moucas às sugestões do PS, não mandou construir uma abrigo anti-fim do mundo por forma a poder concluir o seu mandato até ao fim»; em Washington, Hilary Clinton declarou dever estar-se perante uma «precipitação» pois «mesmo que os EUA passassem a exportar maciçamente matanças de crianças e de jovens em escolas, seriam preciso muitos milhares de anos para exterminar toda a população mundial». Por fim, Abebe Selassie, do FMI, declarou secamente «a ver vamos».

19 dezembro 2012

Readaptando Clausewitz

Business as usual 


Albright com Thaçi, o então lider da UÇK
e agora primeiro-ministro do Kosovo.

Na página 28 da sua edição de hoje , o DN, titula que  «Equipa de Clinton faz negócios no Kosovo» e faz um resumo dos principais protagonistas destes negócios, 13 anos depois dos bombardeamentos americanos daquele território então reconhecido pela ONU com parte integrante da Jugoslávia.

São eles:

- Madeleine Albright : ex- secretária de Estado dos Estados Unidos durante a Administração de Bill Clinton, Albright lidera um consórcio (que inclui a Portugal Telecom) que quer comprar a empresa de comunicações kosovar PTK;

- Wesley Clark : ex-comandante supremo das forças alçidas da NATO no período entre 1997 e 2000, Clark liderou os bombardeamentos que expulsaram as forças sérvia´s do Kosovo. A sua empresa, a Endivity, quer uma concessão para para explorar carvão;

- James W. Pardew : ex-enviado especial de Bill Clinton para os Balcãs, James W. Pardew também está na corrida para a compra da PTK, sendo o maior rival no negócio do consórcio liderado pela ex-secretária Madeleine Albright.

Dizia Clausewitz que «a política é a continuação da guerra por outros meios». Talvez seja agora tempo de descobrirmos que «os negócios são a continuação da guerra por outros meios» ou vice-versa, como queiram.

18 dezembro 2012

Passos Coelho e as «reformas milionárias»

Voltando à vaca fria, 
talvez contra a corrente


Anotando de passagem que, a respeito de pensões e reformas, Passos Coelho leva hoje pró tabaco de Bagão Félix em artigo no Público, volto ao assunto para declarar para a acta :


1. Que estas referências, seja de Passos Coelho seja desta manchete do CM de hoje, às «reformas milionárias», sendo de efeito fácil e talvez de êxito garantido, são de um populismo atroz e completamente falhas de rigor; com efeito, chamar «milionárias» a reformas acima dos cinco mil euros (ou 1353, noutras versões discursivas) é, além do mais, um clamoroso atentado à semântica e à língua portuguesa; é que «milionário» não tem que ver com mil pois até num velhíssimo e amarelecido Dicionário Complementar da Língua Portuguesa que tenho aqui à mão (edição de 1948!) se explica que «milionário» quer dizer «que, ou quem tem milhões» e que a palavra deriva da palavra em latim milione (milhão).

2. Que nem a minha inserção (aqui referida) no grupo de reformados «privilegiados» nem sequer o facto de ter sido uma das muitas vítimas da quebra por parte do governo Sócrates do compromisso (lembram-se ?) de que o cálculo das reformas com base em toda a carreira contributiva só começaria em 2017 me faz alinhar neste truque de meter tudo no mesmo saco ou de alvejar uns milhares como forma de fazer esquecer as agressões praticadas contra cerca de 2 milhões de reformados.

3. Que não tenho nada, mas nada, a objectar a que haja pessoas que aufiram reformas superiores a cinco mil euros se elas corresponderem ao que lhes é devido pelas contribuições que fizeram e pela duração das respectivas carreiras contributivas. E aproveito para lembrar que não foi certamente por amor à segurança social pública que várias governos muito ensaiaram o empurrar obrigatoriamente  estes contribuintes para sistemas privados; o problema chave e a gritante imoralidade estão sim em todos aqueles casos de pessoas que, graças a sistemas especiais e diferenciados de reforma, conseguiram obter o que a generalidade dos portugueses obviamente não conseguiu nem conseguirá: ou seja, ter duas ou três reformas com duas ou três diferentes origens e, entre estes se inclui o caso ainda mais escandaloso dos Mira Amarais e outros que ficaram com reformas vultuosas só por terem estado uns anitos na CGD ou no Banco de Portugal.

4.Que foi com base nestes príncipios agora reexpostos que, ao contrário de tanta gente de esquerda, tive a coragem de oportunamente sustentar duas coisas a respeito de Cavaco Silva: a primeira é que  nesse caso a questão não está em ter optado pelas reformas em vez do vencimento de PR mas sim no facto de ele ser um dos abençoados que conseguiram somar três reformas; e a segunda é que não me chocaria nada que acumulasse uma reforma normal (isto é, de um única fonte) com o vencimento de PR, dado que não vejo nem qualquer justiça nem nada de glorioso em que Portugal tenha um Presidente da República que trabalha pro bono.

17 dezembro 2012

Manobra de diversão

Pronto, já estou
convencido  e mais descansado


Como Passos Coelho agora tirou da cartola a ideia de que a grande guerra do seu governo é com os que têm pensões acima dos 5 mil euros (907 pessoas), eu vou fazer de conta de que nunca li nada sobre os cortes nas pensões e reformas por diversas vias  e até ao dia 1 de Janeiro, a favor do abençoado Natal, vou mergulhar na ilusão de que pertenço ao grupo dos 155.943 felizardos que têm reformas entre 500 e 1000 euros (ou seja, de acordo com as parvoíces circulantes, classe média concerteza, ora essa).

National Rifle Association ou...

... os que continuam
a dormir que nem anjos




Nada tira o sono ou atormenta a consciência dos dirigentes da americana National Rifle Association,  o poderosíssimo lobby pró-armas (incluindo de assalto!) dos EUA:  Sandy Hook Elementary School (14/12/2012),Oikos University, Cardon High School, Virginia Politechinic Institute,  West Nickel Mines, School, Red Lake High School, Campbell County CHS, Santana High School, Columbine High School, Thurston High School (só neste conjunto de matanças, 128 mortos !).

E o estuporado, cínico e repugnante argumento é sempre o mesmo:coitadinhas das armas (e do seu comércio) que não disparam sózinhas !.