insolente e de mau gosto
No passado dia 23 de Outubro, Octávio Teixeira escreveu luminosamente no Diário Económico, referindo-se ao governo:
«(...) O objectivo será o de dar alguns meses para, mostrando o desastre que eles próprios provocaram, ludibriarem que a resolução do problema do défice passa pela substancial redução das funções do Estado. O que "justificaria" a privatização de mais empresas e maiores reduções salariais e despedimentos, mas também o desmantelamento dos serviços públicos de saúde, educação e Segurança Social, a espinha dorsal de um Estado social. Desde sempre o propósito nuclear deste Governo. (...)».
É a isto e só a isto que vem esta coreografia manhosa, insolente e de mau gosto sobre a «refundação» não sei de quê que Passos Coelho, pairando olimpicamente sobre os reais problemas e ameaças que infernizam a vida dos portugueses, tirou da cartola.
Temo que seja grande a tentação do PS de, por via do famoso «sentido de responsabilidade», aceder a este «diálogo» na esperança de que assim conquistará um pé de microfone onde, por uma vez, talvez debite que não há nada para ninguém.
Creio porém que, na dramática situação que os portugueses e o país vivem, a única atitude digna e honrosa seria deixar o governo a falar sózinho e mandá-lo dar uma volta ao bilhar grande.